30 junho 2010

Dão-se alvíssaras

Anfitrião, de Plauto.
Que posso comprar outro?
Posso, mas quero aquele, que me é muito querido.
Recebê-lo-ei, e ao seu portador, com um delicioso bolo de chocolate.

27 junho 2010

25 junho 2010

Contributos para um próximo livro de António Manuel Venda

Aquando da apresentação do seu livro, António Manuel Venda disse que sempre tinha querido escrever um livro com histórias de animais e que este era esse livro.
Caso estejas a pensar escrever outro, António, deixo-te aqui algumas ideias para títulos de contos:

A casa do Gato Pernalta

Legenda: tirei esta fotografia nas Caldas de Monchique, pouco antes da apresentação do livro.


Gata sob telhado de plástico quente

Legenda: gata Diotima à porta da casota da Natacha, abandonada por falta de uso - quem dormiria sob um telhado de plástico se pode ficar confortavelmente no sofá da sala?

23 junho 2010

Dão-se alvíssaras!


Inicio uma nova etiqueta neste blogue: livros emprestados. Pode ser que aqueles a quem emprestei vejam este post, se lembrem que têm o livros e os devolvam.
Ficarei muito agradecida e celebraremos esse acto com chá e bolinhos.
Aqui vai o primeiro:
História da Literatura Grega, de Albin Lesky, numa edição da Gulbenkian.

21 junho 2010

Dia de sorrisos

Fez no sábado uma semana que apresentei em Monchique o último livro de António Manuel Venda.
Nesta fotografia, estamos todos deleitados a ouvir o secretário da Junta de Freguesia a ler a sua introdução, num estilo vendiano.
Ora só o tempo permite que se crie um estilo. E por isso, por muito que insistam em chamar a António Manuel Venda um jovem escritor, ele não o é. É apenas um escritor jovem. E a juventude não se percebe apenas na timidez do olhar ou na inquietude das mãos que se movem com as palavras, quando fala, construindo castelos, casinhas ou outras arquitecturas, mas na escrita. Uma escrita antiga e por isso tão próxima da fantasia dos simples, que aceitam com naturalidade o que outros a civilização fez chamar diferente, estranho, estrangeiro.
Por isso o mundo visto pelos olhos - ou pela máquina fotográfica - do pequeno Tukie, ou do pai do pequeno Tukie, é um mundo em que o fantástico não existe como tal.
Por isso chamei a este livro um livro de felicidade.
Não uma felicidade que transborda ou ofusca o que está à volta, mas felicidade porque nos faz sentir que pertencemos, que não estamos sozinhos na nossa coexistência, pessoas e animais.
Felicidade, porque mesmo aquilo que pode ser mais triste ou violento (como a morte de uma garça num arame farpado) é vivido com simplicidade, sem drama.
Felicidade, porque ali não há sentimentos que ferem e magoam.
E apesar de conseguir muito bem construir o suspense, as histórias que ele nos conta acabam serenamente, com ternura e humor.
E quem me observou a ler o livro terá visto claramente os meus sorrisos nada enigmáticos.

19 junho 2010

Regras de Etiqueta para Gatos Inexperientes


Enviaram-me estas regras por e-mail e não resisti a publicar aqui (não sei quem é o autor).
As fotografias que ilustam o post não foram tiradas de propósito, pois já as tinha em casa, visto que os meus bichos são muito educadinhos e cumprem estas regras todas!


1) Se tiver que vomitar, salte rapidamente para o sofá. Se o sofá estiver longe demais, procure um bom tapete.

(eles fazem-no: sofá, tapete, secretária, mesa, papéis... mas nunca tirei fotografias do acto...)

2) Determine logo qual é a visita que detesta gatos e sente-se ao colo dela durante toda a noite. Ela não terá coragem de empurrá-lo para o chão e pode ser até que venha a dizer "Gatinho bonito!" Se você estiver com hálito a comida de gato, melhor ainda.


3) Prefira sentar-se no colo ou esfregar-se nas pernas das pessoas que trazem calças. Escolha, de preferência, aquelas com cores diferentes das suas.

4) Acompanhe sempre as visitas que vão à casa de banho. Não é necessário fazer nada. Basta sentar-se e ficar a olhar.

5) Trate das visitas que digam "Adoro gatos!" com total desprezo e esteja pronto a passar as unhas pelas suas meias ou, eventualmente, a morder os seus calcanhares.

6) Não permita portas fechadas. Para abrir uma porta, apoie-se nas patas traseiras e bata nela com toda força que tiver nas dianteiras. Quando a porta for finalmente aberta, não é necessário usá-la; você pode mudar de ideia tranquilamente. Para ordenar a abertura de uma porta que dê para fora, pare exactamente no meio do caminho, entre a porta e a rua, e aproveita para pensar sobre diversas coisas. Isso é particularmente importante em noites muito frias e em épocas de mosquitos.

7) Se uma pessoa estiver ocupada e outra sem fazer nada, escolha a ocupada. Se alguém estiver a ler, chegue-se muito perto e coloque o seu focinho entre o livro e a cara da pessoa. No caso de leitores que abrem livros ou jornais em cima da mesa, basta deitar-se em cima do que estiver a ser lido.


8) Se algum dia encontrar uma senhora tricotando, suba no colo dela e deite-se.
De repente, estique a pata e, como quem não quer nada, dê uma boa patada nas agulhas. Observe os acontecimentos: isso se chama perder o fio da meada. A senhora tentará atrair sua atenção para outras partes da casa. Ignore-a.

(infelizmente, nesta casa não se faz malha...)

9) Quando encontrar alguém a fazer o trabalho de casa, sente-se na folha de papel que estiver a ser estudada. Depois de ter sido removido de lá pela terceira vez, vá para outro canto da mesa e empurre tudo que se mexa: lápis, cola, tesoura e o que mais houver.


10) Durma bem durante o dia para estar bem fresco e pronto para brincadeiras entre 2 e 4 horas da manhã. Se seu humano trabalhar durante a noite, modifique seus hábitos de sono para poder estar com a corda toda entre as 10h e o meio-dia.


Gatos nestas fotos: Tamino, Mimi e Diotima.
Participação especial da cadela Natacha.
Ah, sim, de alguns humanos, sem os quais a vida não teria tanta graça.

18 junho 2010

A carta cor de violeta...

Hoje a carta chegou.

Então ela, a morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor violeta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deixar, sobre o piano, metida entre as cordas do violoncelo, ou então no próprio quarto, debaixo da almofada em que a cabeça do homem descansava. Não o fez. Saiu para a cozinha, acendeu um fósforo, um fósforo humilde, ela que poderia desfazer o papel com o olhar, reduzi-lo a uma impalpável poeira, ela que poderia pegar-lhe fogo só com o contacto dos dedos, e era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias, que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte podia destruir. Não ficaram cinzas. A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu.

(As Intermitências da Morte, p. 214)

15 junho 2010

Colóquio Justiça na Antiguidade

Ainda não tive tempo para comentar as duas últimas actividades em que estive envolvida: a Opera in Fieri e a apresentação do livro do António Manuel Venda.

E ainda não é desta, pois amanhã e depois estarei no Colóquio «Justiça na Antiguidade».

Durante dois dias, na sala Multiusos 2 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, um pequeno grupo irá debater este assunto, dias 16 e 17.
A organização é do Centro de História da Cultura, através do grupo de Estudos da Antiguidade.

Do programa constam estas palestras:

José das Candeias Sales (CHUL/Univ. Aberta): O caso Paneb. Entre a frustração e o senso de justiça.

Francisco Caramelo (CHAM/FCSH/UNL): “Conselho a um príncipe”: o poder real e o paradigma da justiça na Mesopotâmia.

Augusto Ramos (CHUL/FLUL): Universos da justiça, no horizonte bíblico.

Armindo Vaz (Universidade Católica): A justiça na Bíblia hebraica.

Delfim Leão (CECHUC/FLUC): Fontes para o estudo do Direito ático.

Adriana Nogueira (CECHUC/Univ. do Algarve): Justiça, Lei e Poder na História da Guerra do Peloponeso.

Leonor Santa Bárbara e Luís Manuel Bernardo (CHC/FCSH/UNL): A justiça na doutrina epicurista.

Maria do Rosário Laureano Santos (CHC/FCSH/UNL): Aspectos culturais da concepção de justiça na Roma antiga.

António Moniz (CHC/FCSH/UNL): A Justiça ciceroniana.

Nuno Simões Rodrigues (CECHUC/CHUL/FLUL): Fabulæ et iustitia. Mitologia e justiça na arena romana.

P.S. - Ah, sim, mudei o aspecto do blogue. O senhor Blogger perguntou-me se eu queria experimentar os novos modelos e eu aceitei, escolhendo este. Sempre se varia...

11 junho 2010

Amanhã: o sorriso enigmático do javali...

Sábado, às 16.30, no Longevity Wellness Resort Monchique, nas Caldas de Monchique, vou apresentar o último livro do António Manuel Venda, O Sorriso Enigmático do Javali.
aqui disse que sou fã deste escritor e aceitei o convite que me faz como uma honra.
Quem estiver disponível, apareça, que o autor dará autógrafos. Quanto à minha apresentação, será bem menos interessante do que os momentos de prazer que a leitura vos trará, mas é sempre agradável ver uma sala cheia.
Até amanhã!

10 junho 2010

Opera in fieri - Universidade de Coimbra

(Imagem de Tucídides, filho de Oloro, tirada daqui)

Hoje vou para Coimbra para amanhã poder participar nesta actividade.

Depois de Tucídides ser acusado de revisionista e da sua imagem ter sido desfeita, revelando «the almost perverse fascination of scholars with fallen idols», como diz M. T. Clark, na sua tese de doutoramento de 1991, o renovado interesse em Tucídides anda à volta de tentar «to comprehend just what it was that Thucydides was doing if he was not writing history - at least history as we know it», afirma o mesmo autor.
Acho que sim.
«História e ficção em Paul Ricoeur e em Tucídides», de Martinho Soares, vai ser, sem dúvida, interessante.

08 junho 2010

A culpa...

(imagem daqui)

Quando um determinado indivíduo, no pentatlo, atingiu involuntariamente com um dardo Epítimo de Farsália e o matou, [Péricles] passou o dia inteiro a discutir com Protágoras se, segundo o juízo mais correcto, se deviam considerar como culpados do funesto acontecimento o dardo, o lançador do dardo ou os organizadores dos jogos.

Plutarco, Péricles, 36 - DK80 A10
Edição de Sofistas, Testemunhos e Fragmentos, INCM, 2005.

05 junho 2010

03 junho 2010

The Master of Petersburg: o que é ser leitor


(imagem daqui)

A ida a S. Petersburgo levou-me a comprar este livro do J.M. Coetzee, para que me acompanhasse na viagem. Deambular pela cidade deu-me um pouco a sensação de conhecer melhor as personagens, já que percorríamos as mesmas ruas.


Há um passo em que Dostoievski discute com Maximov, o responsável pela investigação policial, acerca do seu entendimento do que é ser leitor e o que é a leitura. Como não tenho o livro em português, deixo na versão original:

Diz Dostoievski:


«All the time you were reading my son's story - let me say this - I noticed how you were holding yourself at a distance, erecting a barrier of ridicule, as though the words might leap out from the page and strangle you.»

Something has began to take fire within him while he has been speaking, and he welcomes it. He leans forward, gripping the arms of the chair.

«What is it that frightens you, Councillor Maximov? When you read about Karamazin or Karamazov or whatever his name is, when Karamazin's skull is cracked open like an egg, what is the truth: do you suffer with him, or do you secretly exult behind the arm that swings the axe? You don't answer?
Let me tell you then: reading is being the arm and being the axe and being the skull; reading is giving yourself up, not holding yourself at a distance and jeering.»


(desta edição, pp. 46-47)

01 junho 2010

KAL. IVN.

Sendo hoje 1 de Junho e celebrando-se nas Calendas de Junho o Dia Internacional da Criança, aqui fica um mosaico romano comemorativo deste mês, do séc. III d.C.
Agradeço a quem me quiser traduzir a placa do Ermitage: