31 maio 2008

E - terna saudade

Lembras-te desta foto, amiga?
Era o tempo dos pastéis de nata londrinos.

Era o tempo dos brincos com morangos.

Era o tempo em que o Trevor e o Pedro ainda estavam entre nós.

Ai que saudade!

29 maio 2008

Preço da gasolina, hoje

Algures, perto de Tavira: 1,501 euros.
Ayamonte: 1.086 euros.
Onde fui, onde fui?

Desalento: o preço da paz de espírito

A paz de espírito normalmente sai cara e, quando não temos dinheiro para a pagar, preocupamo-nos a resolver problemas que outros poderiam resolver por nós. Se lhes pagássemos, claro.
Amanhã, a minha paz de espírito vai-me custar 250 euros. A favor da Divani e Divani.
Eu conto o mais sucintamente que puder:
- Quando vim para o Algarve, comprei uma casa e pus lá dois sofás da Divani. Os gatos arranharam aquilo tudo.
- No dia em que vendi essa casa, a Divani foi buscar os sofás. Porquê? Porque lhes pedi um orçamento, escolhi o tecido e só faltavam os ditos para que o trabalho se fizesse.
- Dois anos depois, a casa nova continuava atrasada. Ligo para a Divani e dizem-me, muito simpaticamente, que não havia problema nenhum. Quando eu quisesse, era só dizer que me trariam os sofás.
- Finalmente a casa está a acabar. Passaram-se 5 anos. Estava preparada para pagar mais do que os 80 contos (400 euros) iniciais (ainda comprei os sofás em escudos, em 1998, por 250 contos). A inflação, pois claro.
- Contacto a Divani. Que iam ver como estavam as coisas.
- Telefonema: que o tecido que escolhi tinha descontinuado; que forrar aqueles sofás ia custar mais que comprar uns novos; que, se queria os sofás como estavam, tinha de pagar 250 euros pelo transportes e armazenamento.
Fiquei parva.
1º Não fizeram o trabalho contratado (o terem ido buscar os sofás foi sinal de aceitação do serviço);
2º Não me devolvem os meus sofás, se não lhes pagar o transporte (que anunciam sempre gratuito);
3º Entregam-me os sofás apenas se lhes pagar por um armazenamento que não contratei;
4º Dizem que os 250 euros são quase todos para o transporte, mas depois disseram-me que os trazem amanhã, porque é quando têm um carro que vem para o Algarve. Portanto, não é por minha causa que vêm até cá.

E pronto. A DECO diz que posso reclamar. Tentei que na Divani me dessem uma morada e o nome da dona (parece que é uma dona). Mas remetem-me sempre para o mesmo indivíduo da loja onde os comprei, que diz que a dona da Divani não cede. Chegou mesmo a cancelar a entrega.
Ou pago ou não me devolvem os meus sofás.
Estou adoentada. Estou triste. Estou cansada.
Os meus amigos advogados que me perdoem. Eu sei que as Divani deste mundo jogam com este cansaço que nos provocam.
Numa situação normal, eu iria até ao fim.
Hoje não.
São 250 euros por alguma paz de espírito.

28 maio 2008

«Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses»

Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...

José Gomes Ferreira

26 maio 2008

Existencialista...

Copiei do Combustões e deu nisto:






What philosophy do you follow? (v1.03)
created with QuizFarm.com
You scored as Existentialism

Your life is guided by the concept of Existentialism: You choose the meaning and purpose of your life.
“Man is condemned to be free; because once thrown into the world, he is responsible for everything he does.”
“It is up to you to give [life] a meaning.”

--Jean-Paul Sartre

“It is man's natural sickness to believe that he possesses the Truth.”
--Blaise Pascal

More info at Arocoun's Wikipedia User Page...


Existentialism



90%

Utilitarianism



80%

Hedonism



40%

Kantianism



35%

Justice (Fairness)



35%

Apathy



25%

Strong Egoism



5%

Nihilism



0%

Divine Command



0%


25 maio 2008

A alma boa de Sichuan


Ultimamente, sempre que as notícias falam dos sismos sucessivos em Sichuan, só me vem à lembrança a peça de Brecht, A Alma Boa de Sechuão.
Esta peça coloca, entre outras, a questão da sobrevivência da bondade num mundo hostil, isto é, se pode uma pessoa ser boa num mundo mau.
Ao ouvir dizer que um casal de velhinhos (com mais de 80 anos) sobreviveu 11 dias, ele paralítico, ela a alimentá-lo como podia, pergunto-me: terão os deuses finalmente encontrado a alma boa de Sichuan?

(O teatro completo de Brecht anda a ser editado pela Livros Cotovia, em oito volumes, mas vai apenas no 4º, não estando esta peça ainda disponível nesta colecção. Tenho uma edição antiga, mas não sei de que editora será, pois está - por pouco tempo - encaixotada.)

22 maio 2008

Mais um!

Hoje sinto-me assim!
E gosto do número: 42.

Obrigada a todos os matinais que, a esta hora, já me deram os parabéns.
E beijinhos especiais à minha mãe!

21 maio 2008

A ideia do livro

Conheci na Biblioteca de Albufeira, nestas minhas idas ao ciclo de conferências sobre Gonçalo M. Tavares, Luís Nunes Alberto, que me mostrou um livro especial que ali estava em exposição: um livro de vidro.
-É meu - disse-me com simplicidade. - É lindo - disse eu. Em 2005 expôs mais livros, numa exposição intitulada «A ideia do livro». entre eles uma bíblia de pedra. Veja aqui. Pedi-lhe umas fotos. Aqui estão.

18 maio 2008

Carta a mim

Lamento saber que sofres frequentemente de gripe, e daquelas febres ligeiras e irritantes que as gripes prolongadas, e já quase ininterruptas, arrastam consigo. (Ele é mais tosse, expectoração, frios e calores, dores nos gânglios...) E lamento-o tanto mais quanto eu próprio também experimentei esse tipo de doença. (É tão bom termos interlocutores compreensivos, que sabem bem aquilo por que passamos e nos mimam!)
(...) O médico há-de indicar-te até que ponto podes andar a pé ou fazer exercícios, ele te dirá que não caias na indolência (ah, pois, andar a pé... o que vale é que o meu médico não lê o meu blogue), que é o que a falta de forças tem tendência a fazer (a falta de força e a preguicite aguda); prescrever-te-á que leias em voz alta (gosto desta. Vou fazê-lo mal acabe isto), como forma de exercício para as tuas vias respiratórias bloqueadas; que andes de barco, para o balanço ginasticar os teus pulmões (esta dispenso); dir-te-á o que podes comer, quando é que deverás beber vinho (dever, é por dever) para ganhar força (é remédio) ou quando o deves evitar para não provocar ou aumentar a tosse (eu sabia que não ia ser medicamento para mim... com esta tosse que tenho, só chá quente).
O remédio que eu, por minha parte te receito é válido não apenas na doença, mas para toda tua vida: despreza a morte. (Não estou assim tão mal, mas obrigada! Faz-me bem conversar com Séneca!)

Esta carta (78) é parte desta .

17 maio 2008

menina levada

Os meu livros da 3ª e 4ª classes, imediatamente após o 25 de Abril, já tinham histórias e poemas diferentes dos da 1ª e 2ª.
Como em casa todos sabiam poemas de cor, eu também ganhei o hábito de decorar alguns. Este foi um deles. Emprestei o livro (nunca devolvido) e nem sabia quem o tinha escrito. Fiquei contente ao reencontrá-lo para poder agradecer à grande Cecília Meireles.

Uma Palmada Bem Dada

É a menina manhosa
Que não gosta da rosa,
Que não quer a borboleta
Porque é amarela e preta,
Que não quer maçã nem pêra
Porque tem gosto de cera,
Que não toma leite
Porque lhe parece azeite,
Que mingau não toma
Porque é mesmo goma,
Que não almoça nem janta
porque cansa a garganta,
Que tem medo do gato
E também do rato,
E também do cão
E também do ladrão,
Que não calça meia
Porque dentro tem areia
Que não toma banho frio
Porque sente arrepio,
Que não toma banho quente
Porque calor sente
Que a unha não corta
Porque fica sempre torta,
Que não escova os dentes
Porque ficam dormentes
Que não quer dormir cedo
Porque sente imenso medo,
Que também tarde não dorme
Porque sente um medo enorme,
Que não quer festa nem beijo,
Nem doce nem queijo.
Ó menina levada,
Quer uma palmada?
Uma palmada bem dada
Para quem não quer nada!

16 maio 2008

14 maio 2008

Chove

Chove...

Mas isso que importa!
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

(José Gomes Ferreira)

13 maio 2008

palavras de enamorado

Envio-te um doce perfume, presente que ofereço ao perfume, não a ti.
Porque tu podes perfumar o próprio perfume.

Anónimo

(da antologia palatina, da edição de Albano Martins citada aqui)

12 maio 2008

vita brevis

Para os afortunados, toda a vida é curta.
Para os infelizes, uma só noite é infindável.
Luciano

Do Mundo Grego Outro Sol. Antologia Palatina e Antologia de Planudes. Trad. de Albano Martins para as Edições ASA em 2002. Mais aqui e aqui.

11 maio 2008

Da minha janela

O céu visto de um dos pátios. Quando ali morar, poderei ver quadros diferentes todos os dias.

10 maio 2008

«Transforma-se o amador na cousa amada»

Se Hefesto, o deus da forja, perguntasse aos amantes:
«Não será a isto que vocês aspiram - a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que em vez de dois, passem a ser um só. E assim vos será dado ter uma única vida enquanto viverem, como se fossem uma só pessoa; e como uma só pessoa hão-de continuar lá no Hades, depois de morrerem, levados por uma única morte.»
Este seria o desejo dos amantes, porque
«a nossa primitiva natureza assim era e nós constituíamos então um todo. Ora, é essa aspiração ao todo, essa busca incessante, que tem o nome de amor.»

Platão, Banquete, 192e-193a. Tradução de Teresa Schiappa de Azevedo para as Edições 70. Outros excertos neste blogue em vários sítios, como aqui, aqui , aqui ou aqui.

09 maio 2008

Casa de Octávio César Augusto

Abriu ao público a casa de Augusto, construída no monte Palatino, em 36 a.C., portanto, antes de vir a ser o primeiro imperador de Roma. Ler a notícia completa aqui.

08 maio 2008

aproveita a juventude

Desfruta da juventude; ela escapa-se em passo ligeiro.
(...)
Liberta da amargura a tua juventude. Vamos, escolhe agora o teu rumo.
Afrouxa as rédeas. Não deixes que te escapem os melhores
dias da tua vida. (...)
a alegria fica bem ao jovem, um semblante grave a quem é velho.

(fala da Ama a tentar convencer Hipólito a abandonar a sua opção pela castidade)

Séneca, Fedra, vv.446-453, Ed.70, 2003. Trad. de Ana Alexandra Alves de Sousa

07 maio 2008

louvor da modéstia

És bela, já sabemos, e donzela, é verdade,
e rica, quem é que o pode negar?
Mas, Fabula, quando te louvas demais,
nem és rica, nem bela, nem donzela.

Marcial, Epigramas, I, 64. Tradução de José Luís Brandão para as Edições 70.

05 maio 2008

Adoptados

Os canitos da Natacha já têm adoptantes. Ficarão juntos mais uns tempinhos, mas depois irão para casas e jardins de pessoas de bem. A cadela já tem data de operação marcada no veterinário.
Agradeço a todos os que me deram indicações e conselhos.

04 maio 2008

Jazz café

Hoje, às 16h, no Jazz Café da A-dos-Ruivos, Carvalhal (Bombarral), vai ser apresentado (por mim) o livro Carvalhal e Peras.
Segue-se um concerto com Lena d'Água e John Bigfoot acompanhado à guitarra por Tahina.