ORESTES:
Sou livre, Electra; a liberdade abateu-se sobre mim como um raio.
(...)
Pratiquei o meu acto, Electra, e este acto era bom. Levá-lo-ei aos ombros; como um barqueiro leva os viandantes, fá-lo-ei passar para a outra margem e prestarei contas dele. E quanto mais difícil for de levar, mais contente ficarei, pois é ele a minha liberdade.
Ainda ontem eu andava ao acaso sobre a terra, com milhares de caminhos a fugirem-me sob os passos por pertencerem a outros. Todos eles palmilhei, tanto o dos sirgadores, ao longo dos rios, como o atalho do almocreve e a estrada calcetada dos condutores de carros; nenhum porém me pertencia.
Mas hoje já não há senão um, que é o meu caminho.
(Jean-Paul Sartre, As Moscas, Ed. Presença, 2ª ed, 1965, p. 134-135).
1 comentário:
Li As Moscas há tantos anos... e adorei.
Mas visto de outra perspectiva, este Orestes parece um psicopata a reclamar os seus quinze minutos de fama, percebes o que quero dizer?
Bj.
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