31 março 2008

Dor d'alma (outra)

«Esta imagem simboliza uma personagem da mitologia greco-latina, pois eu li que havia uma figura que era constituída por partes de animais diferentes e que pertencia a esta mitologia»

30 março 2008

feita de terra amassada


Ordenou ao ínclito Hefestos que o mais lesto possível
amassasse terra com água, nela infundisse voz humana
e vigor e que, semelhante às deusas imortais no aspecto, modelasse
bela e encantadora figura de donzela. Em seguida, incumbiu Atena
de lhe ensinar as artes e a tecer a tela de muitos ornamentos;
a áurea Afrodite de lhe derramar a graça em torno da cabeça
e o desejo irresistível e os cuidados que devoram os membros.
De nela incutir cínica inteligência e carácter volúvel

encarregou Hermes, o mensageiro Argeifonte.
Assim falou e eles obedeceram a Zeus Crónida e senhor.


Hesíodo, Trabalhos e Dias, 60-69. Tradução de José Ribeiro Ferreira para a INCM.

29 março 2008

Parabéns do Carlos para o Fernando

(foto daqui)
Mensagem acabada de receber, no meu telemóvel, da parte do meu irmão, fã confesso de Fernando Tordo:

«A 29 de março de 1948 nasceu no Bairro da Graça em Lisboa, na rua Feio Terenas, um menino com quase 5 quilos de peso ao qual foi dado o nome de Fernando Travassos Tordo. 60 anos depois com muita música e palavras à mistura, aqui estou eu, Carlos Nogueira, para lhe desejar muitos parabéns e que venham mais 60!»

28 março 2008

a pena dos homens futuros...

«Filho de Jápeto, conhecedor dos pensamentos entre todos,
alegras-te por teres roubado o fogo e enganado o meu espírito,
mas para ti em pessoa será grande pena e para os homens futuros.
Em vez do fogo, dar-lhes-ei um mal com que todos
se vão regozijar em seu coração, ao rodear de amor o mal.»
Assim falou, e riu-se o pai dos homens e dos deuses.

Hesíodo, Trabalhos e Dias, 54-58. Tradução de José Ribeiro Ferreira para a INCM.

26 março 2008

Heraclito


Hoje estou numa de Heraclito.
Comprei recentemente a tradução de Alexandre Costa para a INCM (uma edição de Novembro de 2005 que me escapara) e tenho andado a fragmentar-me na leitura.

A conhecidíssima ideia heraclitiana de

«Não é possível entrar duas vezes no mesmo rio» (L)

aparece mais gira em

«Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos» (XLIX)

ou ainda aqui:

«O mesmo é vivo e morto, acordado e adormecido, novo e velho: pois estes, modificando-se, são aqueles e, novamente, aqueles, modificando-se, são estes.» (XLII)

25 março 2008

«tudo o que alguma vez quiseste saber sobre as (mal) chamadas lendas "urbanas", mas nunca ousaste perguntar» - Parte 2 e última

Continua a entrevista, completa, de Bruno Pires (que também também é o autor das fotos) a JJ:

Outras das lendas a circular recentemente, dá conta que há raptos de pessoas nas lojas chinesas para lhes tirarem os órgãos...
Sim, aqui há coisa de uns dois anos, correu imenso a lenda de que havia o rapto de pessoas nas lojas chinesas para tráfico de órgãos. Isso é uma lenda viva, são coisas que as pessoas contam muito. Há uma colega aqui da faculdade, uma professora, que ouviu contar a lenda à mãe (que é enfermeira), para ter cuidado com essas lojas de Loulé porque houve uma pessoa que foi raptada aí. Às vezes, há a ideia de que estas lendas são contadas por pessoas novas e muito crédulas, ou então, velhas e de pouco discernimento. Não é verdade. As lendas são contadas por gente de todas as idades e níveis de instrução e são coisas que estão verdadeiramente vivas na nossa sociedade.

Esta lenda é nova?
Parece uma coisa recente, mas não é. Esta ideia de que há um grupo de pessoas, normalmente estrangeiros, que rapta gente para lhes tirar os órgãos em seu
benefício está registada pelo menos desde o século XVIII. Em Lyon, França, houve uma revolta das pessoas mais pobres da cidade que invadiram a faculdade de medicina, porque se dizia que os cirurgiões raptavam crianças para as dissecarem. E, segundo outra versão, dizia-se que lá dentro vivia um príncipe a quem faltava um braço. Então, todas as noites raptavam uma criança na esperança de arranjarem um braço que servisse. Claro, que em ambas, os maus são pessoas de uma classe superior, gente tão estranha que é quase estrangeira, e da qual se pode esperar tudo, exactamente como agora no caso das versões sobre as lojas chinesas. O que é de facto impressionante é que no século XVIII era impossível fazer transplantes, mas as pessoas acreditavam. Esta lenda conta-se, por exemplo, relativamente à América do Sul. Contou-se há anos relativamente a Moçambique.


A Internet também é campo fértil para este mitos...
A transmissão da literatura oral por via escrita não é uma coisa
recente, nem pouco mais ou menos. Os impressores que publicavam as primeiras edições de livros no século XV já publicavam folhetos com textos de origem oral. Portanto, isso é velho como a imprensa.Claro que no passado, antes de uma lenda como esta do roubo de órgãos humanos chegar a outro continente, teria que passar muito tempo. Hoje basta carregar num botão. E há realmente muitas lendas a circular na Internet, enviadas por e-mail, que são apresentadas como um facto.

Porque é que estas lendas surgem?

Porque interessam às pessoas, têm a ver com as suas ideias, os seus medos. Já no império Romano se contava que os Cristãos raptavam crianças para lhes tirarem o sangue para os seus ritos. Mais tarde, na Idade Média, os Cristãos diziam o mesmo em relação ao Judeus. E isto tem claramente a ver com a lenda do roubo de órgãos. Acho que estas lendas nunca morrem. Estão cá sempre. Nalguns casos é difícil perceber porque é que estas lendas voltam a ser contadas. Noutros casos, como o roubo dos órgãos nas lojas dos chineses, tem a ver com o medo do outro, que é universal - é a reacção ao aparecimento duma vaga de lojas de que as pessoas desconfiam, por serem coisa nova, de estrangeiros, e se dizer que são más para as lojas dos portugueses.

Mas no mundo moderno, informado e globalizado de hoje é difícil acreditar que se dê credibilidade a estas coisas, ou não?
Acho que muitas das coisas que se dizem sobre a globalização são
ditas sem reflexão histórica. Hoje diz-se que as crianças só querem pizzas e hambúrgueres e videojogos americanos, e que ninguém liga às nossas tradições. Bom, já pensou que o cristianismo, algo tão ligado à tradição europeia, é uma religião oriental? Nasceu no Oriente, difundiu-se na Europa através dos Romanos e veio abafar todos os deuses que existiam nos países europeus. Essa substituição foi de tal maneira forte que nós hoje, pouco ou nada sabemos sobre a religião dos nossos antepassados Lusitanos. Sabemos o nome de um ou dois deuses, mais nada. Mais nada. Portanto esta ideia de que a globalização é uma coisa digital, dos dias de hoje, não é verdade.


Mas como é possível que as pessoas acreditem neste tipo de coisas?
Bem, essa questão que me coloca é fruto de teorias filosóficas que,
penso, não são anteriores ao século XVIII e ao Iluminismo. Era a ideia de que a instrução muda as pessoas. Ensinando as ciências, factos, as coisas positivas (que se podem experimentar), as pessoas iriam recusar tudo o que é sobrenatural. No século XVIII, acreditava-se que a Humanidade vivia um estádio intermédio em que os pouco instruídos ainda estavam muito ligados ao sobrenatural, mas que as elites instruídas, sobretudo republicanos e anticlericais, já tinham ultrapassado essa fase. E acreditavam que, no futuro, a religião desapareceria porque não faz sentido e todas as coisas se explicam pela ciência. A verdade é que isto não é assim. Aquilo que os factos provam, é que a esmagadora maioria da população ocidental não chegou a esse estado previsto pelos positivistas. Repare, hoje em dia está na moda o New Age, e tudo aquilo que tem a ver com as antigas filosofias orientais está vivíssimo. E não apenas entre o povo, mas pelo contrário nas classes médias e altas. Repare, na Rússia, ao fim de anos e anos de anti-religião, quando o regime caiu, as igrejas encheram-se de novo.


Então, acha que o sobrenatural há-de acompanhar sempre a espécie humana?
Chamemos-lhe o irracional. Acho que sim. Acho que faz parte de nós. Repare, mesmo uma pessoa que não acredita em nada, se um dia for confrontada por um cancro, e depois de ir a todo o tipo de médicos sem sucesso, é capaz, em desespero de causa de ir a um curandeiro que lhe promete uma cura. A pessoa pode não acreditar positivamente naquilo, mas põe essa possibilidade. Acho que a grande maioria de nós, quando se vê numa situação de grande perigo, ou recorrerá à oração, ou recorrerá, enfim, a este tipo de coisas que o raciocínio e a razão não provam. É quase inevitável pensar na possibilidade de tentar. Em última análise, acho que é o mesmo que se passa com as lendas urbanas. Acho que as pessoas acreditam nelas porque falam daquilo que temem, dos seus medos e anseios.

24 março 2008

«tudo o que alguma vez quiseste saber sobre as (mal) chamadas lendas "urbanas", mas nunca ousaste perguntar» - Parte 1

Foi com estas palavras que o meu colega e amigo JJ introduziu o mail em que enviava uma entrevista que dera havia uns tempos a um jornal de Portimão, algo que eu já lhe andava a pedir há uns meses.
Este assunto das
lendas urbanas sempre me interessou, mas nunca o estudei a fundo. Porém, como verão na entrevista que deu ao Algarve 1,2,3 (publicado em três línguas), ele sabe muito disto e explica ainda melhor. Com a devida autorização do jornalista Bruno Filipe Pires, do suplemento Viva Algarve, desse mesmo jornal, aqui transcrevo na íntegra (inclusive partes que não chegaram a ser publicadas) a conversa que este manteve com o meu amigo JJ:

Às vezes, algures numa curva perto de Boliqueime, os noctívagos vindos de uma noite de diversão numa discoteca próxima avistam uma rapariga que pede boleia. Há quem jure que se trata de uma alma penada que desaparece misteriosamente de dentro do carro de quem pára para a levar. Outros juram que há quem acorde sem rins a esvair-se em sangue dentro de uma banheira cheia de gelo, depois de uma simples ida às compras numa cidade algarvia. Mentira? Realidade? O que é facto é que as chamadas lendas urbanas estão bem vivas e andam na boca de toda a gente. Qual a sua origem? Devemos ou não acreditar? O vivalgarve falou com Dias Marques (Lisboa, 1956), professor na Universidade do Algarve e um dos pioneiros em Portugal a estudar as chamadas “lendas urbanas”…

Lendas urbanas – realidade ou ficção?
Na sua opinião, o que é uma lenda urbana?

Isso é muito difícil de explicar. A terminologia de lenda urbana
é uma coisa que herdámos dos estudiosos de língua inglesa. Sobretudo dos estudiosos norte-americanos, que foram os primeiros a estudá-las. Inicialmente, os investigadores achavam que se tratavam de lendas recentes. E que provavelmente só existiam nas cidades. Outros autores chamam-lhes lendas modernas ou contemporâneas. No fundo, é a ideia de que são lendas diferentes das que existiam no passado.


Quando surge essa ideia?
Os primeiros artigos académicos apareceram nos Estados Unidos nos anos 1940. Os primeiros autores insistiam muito em que estas lendas eram coisas modernas. E que mostravam que a literatura oral estava viva. Ao contrário do que se pensava, a tradição oral continuava a nascer e precisava de ser estudada. Contudo, com o andamento dos estudos, determinados investigadores começaram a aperceber-se, que muitas destas lendas não são modernas. São sim a adaptação moderna de coisas muito antigas.

Dê-me um exemplo…
Por exemplo, a lenda da rapariga fantasma que pede boleia na
curva. É uma lenda que ficou conhecida como “The Vanishing Hitchhiker”. Foi uma das primeiras a ser estudadas, salvo erro em 1942. Nunca ninguém se tinha debruçado sobre aquela lenda. Na altura, as diferentes versões que os investigadores estudaram envolviam todas automóveis. Então, concluíram que aquela lenda era muito moderna e que só podia ter surgido depois da invenção do automóvel e da banalização do seu uso. Contudo, mais tarde, nos anos 80, surge um estudo que refere um manuscrito sueco de 1602, no qual está registado um subtipo desta lenda do fantasma que pede boleia. Mas admito que muitas destas lendas sejam de criação moderna…

Qual a diferença entre lendas e contos?
As lendas são narrativas, em prosa tal como os contos. Mas falam de uma coisa que o informante (a pessoa que conta) acredita que é verdade. Ou pelo menos, uma coisa sobre a qual o informante põe o problema da verdade. Por exemplo, quando alguém diz “vou-te contar uma coisa, para que quando passares pela curva da Kadoc não te aconteça nenhum problema. Se passares por lá e te aparecer uma rapariga a pedir boleia, não pares. É um fantasma”, e conta-o como se fosse um facto. Um primeiro grupo de pessoas acha que é uma coisa verdadeira. Um segundo grupo acha que eventualmente pode ser uma coisa verdadeira. E mesmo aqueles que não acreditam que há uma rapariga morta que pede boleia, ao não acreditarem, já colocam a questão da verdade. Nos contos, ninguém coloca a hipótese de o que se conta ser verdade. Por exemplo, ninguém diz “não acredito que tenha havido a Gata Borralheira” (“Cinderella”).

No Algarve, conta-se muito essa história da rapariga fantasma que pede boleia. É sempre associada a uma curva perto de uma discoteca em Boliqueime. Porquê?
Bem, as lendas são vistas pelos informadores como coisas
verdadeiras. Uma das estratégias para mostrar que são verdadeiras é ligá-las a um determinado lugar conhecido. Ao contrário dos contos, que se passam num lugar e num tempo indeterminado, as lendas associam-se a lugares, situações e contextos próximos das pessoas para criar verosimilhança. Esta lenda da curva da discoteca Kadoc conta-se em vários lugares de Portugal. Conta-se por exemplo, sobre um cemitério do Cairo. Conta-se, por exemplo, sobre uma localidade da Mongólia. Conta-se sobre vários cemitérios do Brasil…

Fale-me dessas versões.
Há versões que dizem que há um rapaz
que conhece uma rapariga num baile. No final, ele acompanha-a a casa. Está frio e ele empresta-lhe um casaco. No dia seguinte, o rapaz regressa à casa da rapariga onde a acompanhou para recuperar o casaco. Os familiares abrem-lhe a porta e dizem que ela morreu há muitos anos. O rapaz não acredita, e a família, para lhe provar, leva-o ao cemitério onde ela está enterrada. Em cima da campa, está o casaco. Este subtipo de “The Vanishing Hitchhiker” parece uma coisa muito diferente. Mas, no fundo, o fulcro é sempre o mesmo – existe um outro mundo. E existe comunicação desse outro mundo com este nosso. E daí, o encontro de um ser vivo com um ser morto, que é julgado pelo ser vivo como estando vivo. É uma ideia comum a ambos os subtipos desta lenda. Há sempre uma prova que o ser vivo esteve a falar com um fantasma: ou a rapariga desaparece de dentro do carro em andamento, ou há o casaco que ele lhe emprestou aparece sobre a campa.


(Estão a gostar? Ainda bem. Continua aqui. Os links no texto são da minha responsabilidade)

22 março 2008

Se eu fosse...

A sem-se-ver, que me crava a torto e a direito, mas é uma querida, levou-me a aceitar este desafio. Não passo a ninguém, porque dá uma trabalheira! Se alguém o quiser fazer, não deixa de ser um exercício giro. A maior parte dos «porque» que aqui apresento são desnecessários, pois Freud explicaria muito melhor que eu.

Se eu fosse um mês, seria… Maio. Por puro narcisismo, provavelmente, porque é o mês em que nasci.

Se eu fosse um dia da semana, seria... quarta-feira, porque gosto do equilíbrio que o meio da semana me traz.

Se eu fosse um número, seria… dois, aliás, vinte e dois. Parece pateta, eu sei, mas gosto dos dois patinhos... ah, claro, e por puro narcisismo, pois claro. Junte-se a Maio.

Se eu fosse uma flor, seria… um jarro. Porque é bonito, forte, cresce vertical e é resistente.

Se eu fosse uma direcção, seria… sempre em frente. Não há que enganar. What you see is what you get. Sempre em frente, não tem nada que enganar.

Se eu fosse um móvel, seria… um psiché. Porque me faz lembrar alma (psychê, em grego). Porque me lembro de ver a minha mãe reflectida no espelho enquanto me penteava em frente ao psiché do seu quarto.

Se eu fosse um líquido, seria… vinho tinto. Encorpado. Aveludado. Macio. Bom para acompanhar queijos fortes.

Se eu fosse um pecado, seria… a gula. Para mal dos meus pecados.

Se eu fosse uma pedra, seria… bruta, pronta para ser trabalhada.

Se eu fosse um metal, seria… titânio. Porque sim. Porque não percebo nada destas coisas e nos filmes é sempre um metal muito importante e potencialmente perigoso. E porque resiste à corrosão (entre as gentes, seria uma espécie de resistência à corrupção), mas não deixa de ser dúctil e fácil de trabalhar (uma espécie de bom feitio e conciliador).

Se eu fosse uma árvore, seria… um cedro (admitam que achavam que ia dizer nogueira)
. Porque é a árvore da minha infância. Um braço grosso aguentou o baloiço durante gerações. Um braço fino serviu de barra para a ginástica, o troco grosso (só abraçado por 3 pessoas) foi o coito no jogo das escondidas, foi o refúgio da apanhada. Hoje está velho, muito velho. Mas, como é árvore, morrerá de pé.

Se eu fosse uma fruta, seria… maçã. Porque vem desde o início dos tempos, porque comê-la traz conhecimento (é bíblico!), porque há muitas variedades (algumas até se chamam pêros), porque entra em histórias (como a Branca de Neve), mitos (o da Discórdia, no casamento de Tétis e Peleu), enfim, porque cheira bem e é bonita.

Se eu fosse um clima, seria… frio. Porque gosto de neve, porque é romântico (lareira, etc, etc), porque nos obriga a aconchegar a roupa. Ah, claro, e porque vivo no Algarve.

Se eu fosse um instrumento musical, seria... um
violoncelo. Porque devo isso à minha paciente professora, que teima em querer continuar a ensinar-me.

Se eu fosse um elemento, seria… ar.
Porque não se vê, mas sente-se, e não se aguenta mais que uns minutos sem ele.

Se eu fosse uma cor, seria… verde. Porque gosto muito. Porque me sinto bem vestida de verde. Porque faz ton sur ton com os olhos.

Se eu fosse um animal, seria... gato. Porque foi o primeiro animal de estimação que tive (e já tinha 30 anos feitos), porque são inteligentes, elegantes, ágeis, independentes e fofos, fofos, fofos.

Se eu fosse um som, seria… uma gargalhada.

Se eu fosse uma canção, seria… Quand on a que l'amour
, na voz do Brel, que tanto me emociona. Porque tem um verso que sigo como lema: «forcer le destin a chaque carrefour».

Se eu fosse um perfume, seria… Dior. Ou sabão amarelo. Estou na dúvida.

Se eu fosse um sentimento, seria… ternura.


Se eu fosse um livro, seria... uma biblioteca, porque não consigo escolher.

Se eu fosse uma comida, seria… queijo chèvre ligeiramente derretido, em cima de folhas de rúcula e decorado com fios de mel, nozes e tomates cereja.

Se eu fosse um cheiro, seria… café moído. Não gosto de café, mas adoro o cheirinho dos grãos acabados de moer.

Se eu fosse uma palavra, seria... livro.

Se eu fosse um verbo, seria… aprender, porque é o que mais gosto de fazer.

Se eu fosse um objecto, seria... um sofá muito confortável.

Se eu fosse uma peça de roupa, seria… um lenço de pescoço. Ou um cachecol. Tenho a garganta muito sensível. Numa noite do verão passado estive a conversar sem o lenço ao pescoço. Resultado: fiquei afónica durante uma semana.

Se eu fosse uma parte do corpo, seria… olhos. Porquê? Ora, porque é o que dizem que tenho de mais bonito (aliás, é o que dizem às pessoas que não têm mais nada que se possa elogiar, ou pensam que não sei? Eheheh)

Se eu fosse uma expressão, seria… «tenho uma teoria...»

Se eu fosse um desenho (animado ou por animar), seria… uma personagem de qualquer livro de José Carlos Fernandes, para poder dizer aquelas coisas que ele sabe e poder filosofar à vontade.

Se eu fosse um filme, seria… Tous les matins Du Monde, de Alain Corneau, porque foi decisivo na minha decisão estudar violoncelo (eu sei que no filme é viola da gamba, mas faz-se o que se pode).

Se eu fosse uma forma, seria… um círculo.

Se eu fosse uma estação, seria… de comboios. Porque gosto de viajar, de partir e de chegar. E porque gosto de comboios (ainda hesitei e pensei dizer «Primavera» ou «Inverno», mas os comboios levam-me para mais sítios).

Se eu fosse uma frase, seria…«quando é que isto acaba?»

21 março 2008

Pôr a Escrita em Noite


O Davi Reis, do Caderno de Corda vai lançar o seu livro de poesia «Pôr a Escrita em Noite», em Lisboa, no dia 29.
Não vou poder lá estar, mas, quem sabe, não virá ele fazer uma apresentação nos reinos do sul?

20 março 2008

Está quase!

Nos meus desejos para 2008 estava a mudança para a minha casa e era assim que ela estava em Dezembro.
Agora está quase pronta.
Daqui a pouco mais de uma hora faço a escritura de (mais um) empréstimo para a acabar.
Sete anos.
Não dizem que é número cabalístico?
Sete anos de peripécias que impediram a minha mudança.
Mas está para breve.
Estou muito contente e vim aqui partilhar convosco esta alegria.
Até logo!

17 março 2008

Fantástico!


No sábado, dia 8 de Março, a Universidade do Algarve recebeu vários convidados no segundo colóquio de psicanálise organizado pelo Departamento de Psicologia da FCHS e dirigido, tal como o anterior, pela Catarina Rebelo Neves, psicanalista.
Estiveram presentes e proporcionaram interessantes debates os psicanalistas Eduardo Sá, Frederico Pereira, Manuel de Matos e Nuno Torres.
Eduardo Sá, comunicador mediático, proporcionou alguns dos momentos mais hilariantes do encontro. Com muita graça, fez um apanhado da história da psicanálise e contou como, entre as muitas teses de doutoramento do séc. XIX que versaram a masturbação, uma delas enumerava os sintomas que faziam reconhecer essa actividade, nomeadamente as mãos suadas e outros sintomas do mesmo género. Ora esse investigador propunha uma cura: flocos de cereais ao pequeno-almoço. Chamava-se o dito senhor... Kellogs!

14 março 2008

Amor grego e homofobia


Na segunda-feira, dia 3, fui à Escola Secundária de Pinheiro e Rosa fazer uma palestra para os alunos de 12º ano, que organizaram, no âmbito da área projecto, actividades em torno da temática «Stop Homofobia».
«Amor Grego», chamou-se.
O objectivo não era defender nem atacar a prática da homossexualidade, mas apresentar um contexto histórico sobre o assunto.
Foi interessante mostrar que a relação entre eromenos (o amado) e erastes (o amante) nem sempre era de natureza sexual e que este tipo de relacionamento tinha regras específicas, primando pela contenção. Nada de grandes e ricos presentes, para que não se confundisse com pagamentos próprios da prostituição.
Interessante também a referência ao Batalhão Sagrado de Tebas, corpo de militares famoso, pois que era composto por pares de amantes: um sucesso de coragem e camaradagem.
Homofobia? Sempre houve. Como sempre houve outras fobias em relação ao que é difente.

12 março 2008

"netodepressão"

Peço desculpa a todos os amigos e leitores, mas tenho andado "netodeprimida"...
Não me tem apetecido ler o correio, muito menos responder e, por consequência (espero que se perceba a lógica da coisa), actualizar o blogue.
Mas isso já passou.
:)
Obrigada pelos mails de preocupação.
Beijinhos a todos!
Até já!

02 março 2008

parole, parole, parole

A Rosário do Divas e Contrabaixos acorrentou-me com palavras bonitas.

Aqui vão algumas palavras de que gosto:

amora - hummm... deve ser porque gosto de amoras silvestres... e porque é quase, quase amor.
Anfilófia e Genoveva - nomes pelos quais o meu pai me chamava para me fazer rir e que ainda me divertem.

bolota - porque é uma palavra redonda. Gosto de palavras redondas.
flor de murta - nome por que a uma senhora amiga me chamava em criança. Convencida, eu achava que devia ser uma flor muito bonita.



lamparina - é uma palavra divertida. Deve ser do «i».

patusco/patusca - porque é um adjectivo que acho muito... patusco.

plúmbeo - porque é mais escuro que o cinzento e é assim que vejo a cor do céu quando está carregadinho, carregadinho.