31 janeiro 2007

Mudanças...

Ando em mudanças e por isso estou com muita dificuldade em actualizar o blogue.
Agradeço a compreensão de todos os amigos!
Abraços a todos os que têm procurado saber de mim!

25 janeiro 2007

Retrato incompleto

RETRATO INCOMPLETO


Há um desarranjo
naquela cabeça
de quase negros
cabelos castanhos

Há um desarranjo
naquela cabeça
de quase negros
pensamentos estranhos.


Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)

(diálogo celeste)




DIÁLOGO CELESTE


Uma alma remexe
nervosamente
nos bolsos do casaco.

- O que te falta? –
pergunta outra alma que passa.
A primeira responde
com um tom de pavor:

- Um corpo!


Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)

(Poema de Natal em Janeiro)




PEQUENO POEMA DE NATAL


Era Natal! Era Natal!
Bêbado, sem cabeça
andava aos saltos
o peru no quintal
e eu
sem paciência para o festival.


Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)

25 de Janeiro de 1967...

Faria hoje 40 anos.
Mato as saudades lendo-o, já que não lhe posso dar beijinhos nem fazer festinhas...
Nem dar-lhe mais um livro... hoje sou eu que tenho alguns dos seus livros...
Voltas tão estranhas...

24 janeiro 2007

Viva o Porto!

Estou no Porto!
Gosto do Porto, pronto!
Atravesso o país com muito prazer para vir aqui, por pouco tempo que seja!
Viva o Porto!

A coerência do meu Sócrates

(morte de Sócrates, por Jacques-Louis David (1748-1825) no Metropolitan Museum of Art em New York)

Há quem lhe possa chamar outra coisa, mas eu (e muitos mais) continuo a achar que a morte de Sócrates foi uma prova de coerência. Sócrates acreditava na democracia e foi nela que viveu, questionando sempre em busca da verdade. No final, foi confundido com aqueles que buscavam vencer as discussões, deixando a verdade para segundo plano. Quando, depois de condenado a beber cicuta, aguardava na prisão que se avistasse do cabo Sounio o barco que viria da ilha de Delos (enquanto o barco não voltasse, numa viagem sagrada, não poderia haver mortes judiciais em Atenas), para que a pena pudesse ser executada, recusou a fuga.
Antes ser vítima de uma injustiça que cometer uma injustiça. Era o seu modo. Sócrates
acreditava no sistema, foi julgado pelo sistema e aceitou a decisão do sistema. Fugir seria pôr em causa a democracia, a base da sua vida na cidade.
Foi justa a decisão dos juízes? Acreditando em Platão ou Xenofonte, acreditamos que não. Acreditando em Aristófanes... quem sabe?
Eu, sua esposa, acho que o meu Sócrates era um bom homem que quis ser coerente até na morte (se calhar também já andava farto de cá andar...).
As leis são feitas pelos homens e por isso podem sempre ser aperfeiçoadas. A democracia permite-nos essa participação. Acontece que estamos, muitas vezes, adormecidos e somos, na maior parte das vezes, ignorantes.
Ora bem, por que me lembrei disto agora?
Porque anteontem vi televisão e irritei-me com a apresentadora (eu bem sabia que havia uma razão para não ver, mas tinha-me esquecido). Falo do Prós e Contras. A apresentadora mostrou-se manipuladora e pouco hospitaleira. Quando recebemos alguém em nossa casa, não devemos agredir quem não concorda connosco. Um programa com aquele título deveria ter um/a apresentador/a um pouco mais isento e com um papel de verdadeiro/a moderador/a.
Não foi o caso.
Já não vi do princípio, mas vi o suficiente. Um juiz (bastante educado, como, aliás, os outros convidados, que até falavam com a senhora num tom paternalista, de quem tem de ter paciência para quem não entende...) tentava explicar que havia uma lei. E enquanto não houver outra, é esta que tem de ser cumprida. Não descurando o aspecto humano da questão, claro.
Um outro senhor, muito moderado e educado, tentou explicar que havia ali duas situações legais a não serem misturadas: o rapto da criança por parte do pai (ainda não) adoptivo (o sargento condenado a 6 anos de cadeia) é uma coisa. O tribunal ter decidido que esse mesmo senhor e sua esposa tinham condições para serem pais adoptivos era outra coisa.
Independentemente de se achar que o sargento deve ser libertado, há que olhar para os assuntos com alguma distância. Não se defende a falta de emoção, mas a importância de uma análise ponderada dos factos.
A senhora apresentadora parecia os meus sofistas, numa exibição de argumentos sem sentido, achando, provavelmente, que quem ali estava não estaria a usar as palavras com a devida propriedade, necessitando ela (e nós, portugueses ignorantes) de esclarecimento.
Foi um programa que só não se tornou feio pelo alto nível dos convidados presentes. A eles agradeço o modo como me esclareceram esta questão.

20 janeiro 2007

Trágôn ôdê

«O canto do bode
A meio de um noticiário ocorre-me que, se os actores gregos usavam máscaras distintas para a tragédia e para a comédia, era porque o público nem sempre conseguia distinguir uma da outra.»

Surripiado directamente do Bandeira ao Vento!

19 janeiro 2007

Sofistas sofisticados

O uso comum, em português, de sofisticado/a ou sofisticação não tem o sentido pejorativo que o seu étimo pressupõe.
A sofisticação tem como antónimos simplicidade, singeleza (v. Houaiss). Entendemos como sofisticado algo ou alguém que é requintado, elegante, fino. No entanto, a palavra também significa (sempre Houaiss):
1 enganado com sofismas
2 que foi alterado fraudulentamente; falsificado, adulterado
3 que tem subtileza ou utilidade sofística
4 que não é natural; postiço, artificial, afectado
5 falsamente intelectual ou rebuscado


Rocha Pereira diz que «a sophia designava a princípio uma forma qualquer de saber e acabou por tomar um sentido alheio a qualquer especialização».
Os sophistes eram, inicialmente, os detentores de sophia, tal como o sophos (ou o phronimos). Em Platão, esta palavra (sophistes) é usada para designar aquele que dá lições nas mais variadas matérias, mediante pagamento. Por isso, este filósofo quis distanciar-se, a si e a Sócrates, de uma identificação com os sofistas e, apesar de a palavra ser equivalente, Platão prefere o uso de philosophia ou dialéctica, para designar a sua actividade, afirmando que um sofista é «um imitador do sábio (sophos)» (Sofista, 268c).
Numa pólis em que o conhecimento era adquirido tradicionalmente através do convívio entre cidadãos da mesma classe, a possibilidade de gente de origens humildes, mas com dinheiro, aprender a artes da oratória, da gramática, etc, era um perigo para a estabilidade da sociedade.
As ideias dos sofistas da chamada «grande geração» (expressão de Popper para se referir, a Górgias, Hípias, Antifonte, entre outros): progresso, cosmopolitismo, humanismo e individualismo (como oposto de colectivismo e não sinónimo de egoísmo) e os debates em torno de questões como o fim da escravatura, a igualdade entre os homens ou a não superioridade de um nascimento nobre, agradaram a uma camada social, não oriunda da aristocracia, que terá visto no ensino dos sofistas a sua possibilidade de ascensão social. Foi dessa camada que, mais tarde, sairam os indivíduos que viriam a substituir Péricles ou instaurariam o processo contra Sócrates. Se, por um lado, as novas ideias e ensinamento dos sofistas lhes proporcionaram o acesso a cargos políticos, por outro esse ensino poderia levar a que outros, tal como eles próprios, tomassem o poder. E sabe-se que os chefes políticos que sucederam a Péricles foram sobretudo indivíduos ligados a profissões não consideradas «nobres», como comerciantes de cordoaria, de gado, de peles, de enchidos.
E assim temos descrições escarnecedoras dos sofistas, como esta de Aristófanes, n' As Nuvens, em que se afirma que o seu ensino levava um indivíduo a «aprender a safar-se duma condenação, a fazer uma citação em tribunal, ou a convencer com falinhas mansas», tudo isto por «um talento apenas» (o talento era uma moeda altíssima!), pois «eles têm lá, segundo se diz, duas teses ou raciocínios: o mais forte, ou lá o que é, e o mais fraco. Ora, um destes dois raciocínios, precisamente o mais fraco, garantem que tem cá uma lábia, que é capaz de vencer as causas mais injustas».
Quanto à aparência, riduculariza-os: «uma cor amarelenta, ombros estreitos, peito enfezado, língua comprida, cu pequeno, pixa grande».

(As citações deste texto seguem sempre a tradução de Custódio Magueijo (Pref., trad. e notas), Aristófanes, As Nuvens, Lisboa, Ed. Inquérito, 1984)

16 janeiro 2007

«Quando o presidente da república visitou Monchique por mera curiosidade»

Hoje fui à escola EB2-3 de Monchique, com a minha colega Alexandra Mariano, apresentar uma palestra intitulada Latim não há outra língua assim! Aproveitámos o título do nosso antigo colega Luís Miguel, e lá fomos nós falar do que gostamos.
Além disso, também gosto muito de ir a Monchique e a esta escola, onde orientei estágios pela Universidade do Algarve, em 1996.
Nesse ano, numa livraria em Lisboa, antes de alguma vez ter ido àquela bela terra, vejo este título: Quando o presidente da república visitou Monchique por mera curiosidade, da autoria de
António Manuel Venda (Pergaminho). Não resisti e comprei!
Que bela surpresa!
Deliciei-me com os contos fantásticos deste (então recente) escritor, que eu desconhecia. Tirando a primeira história, todas as outras se situavam em terras e terreolas que nesse ano passariam a ser minhas conhecidas, como Marmelete ou Alferce.
Não consegui encontrar a capa do livro na net e o meu exemplar está encaixotado (como metade da minha vida, aliás).
Fica aqui um bocadinho para abrir o apetite. O conto integral podem ler aqui.
Bom proveito!

A BRUXA DO BAIRRO ALTO DE S. ROQUE

O século ainda ia novo mas a vida, que às idades não parecia ligar muito, já andava outra vez agitada por Lisboa. Ele era milagres de Santo António dia sim dia não, ele era as pessoas a falarem do anjo que alguém tinha avistado no alto da torre da igreja de Nossa Senhora da Graça, ele era ainda outras criaturas, talvez mandadas por Deus e observadas por quem jurava a pés juntos que não eram foliões mascarados. E o bispo inquisidor, enquanto tão grandes maravilhas eram relatadas, lá se ia entretendo a mandar queimar hereges e judeus, uns por coisas vistas, outros porque, bem vistas as coisas, não haveria no reino deles necessidade.
Tudo isto, que já não era pouco, ia acontecendo ao mesmo tempo que os castelhanos arranhavam por terra a toda a hora e os franceses picavam por mar de vez em quando. E para ajudar à festa, El-Rei Todo Poderoso, o quinto João com que o reino alombava, ainda se punha a morder dentro das próprias fronteiras com impostos tais que a riqueza de jóias e vestes que à corte se via nunca antes fora assim notada. Mas o povo não era tão desligado como deixava parecer a quem o observava das varandas reais, e por isso nem a desculpa do ouro de terras de Santa Cruz o convencia de que nesses altos enxovais não figurava moeda plebeia.
Os casos de admirar eram tantos que os novos logo abafavam outros já bem repisados. E conseguiam-no mais pela força que tinham do que pela falta dela nos anteriores, pois cada um que surgia deixava três ou quatro para trás em matéria de falatórios. Nunca se pensara que no reino pudessem vir a caber todos, mas eles iam cabendo, e isso era uma coisa que ninguém desmentia, tanto mais que Deus também não dava mostras de querer fazê-lo.
Foi por esses tempos que se começou a falar na Bruxa do Bairro Alto de S. Roque. Inês Duarte, que tinha sido o nome que ao baptismo lhe calhara, apareceu de repente aos olhos de todos como uma criatura destinada a tornar ainda mais notável aquele ano de mil setecentos e seis. Deu-se isso de forma tão espantosa que o bispo inquisidor se encarregou de a levar assim que o caso lhe chegou aos ouvidos. E decerto que não iria tardar muito a mandar queimá-la no Rossio, de bruxas e feiticeiros acompanhada, numa fogueira bem grande, que assim era ao gosto do povo, assim D. João aprovava, assim Deus não se opunha, tão-pouco o Diabo, que esse toda a gente dizia ser das chamas apreciador certo.
A bruxa saiu à rua só com a pele do corpo, despida de cima a baixo, ou de baixo acima. Ao povo tanto fazia a subir como a descer, que os olhos viam o mesmo e a nudez não mudava vista de uma maneira ou de outra. E na frente de todos a criatura fartou-se de com as mãos dar prazer ao corpo, enquanto perguntava bem alto se por perto havia alguns homens em jeito de a comerem. E houve muitos, pois a tarde já ia adiantada e andavam muitas almas na rua, como era preceito a uma hora assim na cidade toda. Contaram-se por sete os homens que se lhe atiraram e por muito mais do que essa conta os que com grande pena lugar não conseguiram, e o mulherio gritou impropérios tais à tão diferente Inês que mais diferente a fez ainda. E houve sangue da perda da virgindade, e houve quem dissesse que um bicho assim não podia ser virgem, e houve ainda opiniões de que sendo sete os machos não havia mulher que resistisse por mais de má vida que fosse.
Ao sangue não ligou o bispo inquisidor, pois esse só queria a bruxa, sangrada ou por sangrar... (ler o fim aqui)

15 janeiro 2007

ainda o gerúndio...

Ela: como é que o gerúndio é um nome? Explica-me.
Eu: Porque substitui um nome.
Ela: Qual? Como assim?
Eu: Substitui o infinitivo substantivado nos casos que este não tem. Substantivo= nome.
Ela: Exemplo?
Eu: «Errar é humano». Em Latim, «Errare humanum est», sendo aqui «Errare» um nome.
Ela: Ok. Percebi!
Eu: E o adjectivo «humanum» está na forma neutra, porque «Errare» é um nome neutro, e os adjectivos concordam em género, número e caso com os nomes.
Ela: ok...
Eu: tal como o gerúndio.
Ela: se clarificares isto talvez fique mais explicito porque dizes que o gerúndio é um nome, e o gerúndio que aparece é um verbo no infinitivo, isto é, em português.

14 janeiro 2007

Um caso de amor gramatical

Não tenho aqui comigo um livro que li há muitos, muitos anos: Gaspar, Belchior e Baltazar, de Michel Tournier. Lembro-me de haver uma parte em que ele dizia que o Menino Jesus se tornara negro para melhor amar o rei negro.
Isto veio a propósito de uma regra latina de que gosto muito, e que confunde os alunos. Costumo explicá-la como um caso de amor gramatical.
Falo de uma mudança de categoria gramatical que se dá do gerúndio para o gerundivo.
O gerúndio é uma forma nominal de um verbo que serve para substituir o infinitivo nos casos que este não tem.
Podendo o infinitivo ser substantivado, quando é um nome, é um nome neutro. Nessas circunstâncias poderá assumir os casos nominativo, vocativo e acusativo (sem preposição). Assim sendo, o gerúndio pode estar nos casos acusativo (com preposição), genitivo, dativo e ablativo.
Perante uma frase como esta (e uso o exemplo que está na gramática):
«desejoso de ver a cidade»
esperaríamos:
cupidus (desejoso) uidendi (de ver) urbem (a cidade)
sendo uidendi o gerúndio (no caso genitivo)
e urbem o seu complemento directo (no caso acusativo).
Ora o que temos é:
cupidus uidendae urbis
Que aconteceu?
Uma bela relação de amor entre o gerúndio e o seu complemento directo.
O complemento directo mudou para se poder colocar no caso do gerúndio. Aqui, passou de acusativo para genitivo.
Como o gerúndio é um nome, só pode concordar em caso. Ora o seu complemento directo já se tinha disponibilizado para concordar em caso...
Que faz ele então, para também mudar alguma coisa, para mostrar o seu amor?
Muda de categoria gramatical!
De gerúndio (nome) passa a gerundivo (adjectivo) e assim pode concordar com o seu amado também em género e número (o caso já era o mesmo!).
Assim, em cupidus uidendade urbis, temos «urbis» em genitivo, a concordar com o pressuposto «uidendi» (masculino), e «uidendae», forma feminina, a concordar com o género de urbs, urbis.
Linda história de amor gramatical!
Sei que alguns leitores não vão perceber tudo, que se venham queixar, mas diponham, que eu explico.

12 janeiro 2007

O canil dos horrores...

(cães salvos no Sri Lanka... 3º mundo, dizem...)

Há uns dias fui «sujeita» a ouvir histórias de terror passadas num canil...

Desde o director a fazer negócio com cães valiosos, através de adopções fictícias, cujos papéis nunca aparecem, enviando os bichos para o estrangeiro, até um veterinário sanguinário, que, se o contrariam, decide, de uma forma completamente arbitrária, liquidar os animais de quem os que se lhe opuseram mais gostam...
Ah, e passando por uma «mãe» adoptiva que, por não achar graça às necessidades do cão que levou, o queria devolver. Como tal não é possível, fez chantagem com os funcionários/ voluntários, ameaçando fazer queixa deles à direcção (mortinhos que estão para os pôr fora). Ou lhe pagam as despesas que teve, ou a carta segue...
Os voluntários solidarizaram-se e arranjaram o dinheiro para pagar à chantagista...
E estas foram as histórias suaves, que as outras não fui capaz de ouvir...
E este canil ainda aceita voluntários (considerados espiões!). Outros há que nem isso, para poderem cometer as suas atrocidades à vontade...
As Câmaras Municipais acomodam-se aos directores que vão «herdando» e não estão para perder tempo com esses assunto...
E como se resolvem estas situações??
Deixo aqui um abraço a esses voluntários, para que sejam mesmo espiões e consigam provas para pôr essas pessoas nas «boxes»!

10 janeiro 2007

Pérolas da minha mãe


A minha mãe é uma pérola!
Estou de visita e passamos tardes a conversar.
Ontem, contou-me a história de uma senhora que terá feito mal a um seu irmão que morreu há cerca de 55 anos. Entre outras coisas (bem piores) que aqui não digo, a PIDE andou atrás dele, o que levou o meu tio a andar fugido. E parece que ela dizia que punha na prisão quem queria.
Ora essa senhora é um nome conhecido da minha infância. Sempre ouvi falar dela com carinho. Toda a história me surpreendeu.
«Depois do que ela fez a mãe diz que era amiga?»
«Sim. Ninguém tem culpa de ser mau. É a índole.»
«Mas ela continuou visita da casa!»
«Coitada. Não tinha ninguém no fim da vida e fomos nós que a apoiámos, eu e a avó.»
«Depois de tudo o que ela fez?»
«Pagámos o mal com o bem. Temos de ser assim e perdoar.»
A minha mãe, que não é católica nem vai à missa (o que tanto entristecia o meu pai) é uma verdadeira pérola.
Quando for grande quero ser como ela!

06 janeiro 2007

«Quando eu for grande»...

... foi o desafio que me fez a querida Marta. Que eu dissesse o queria ter sido quando fosse grande. Quando eu for grande quero ser maior, foi a minha resposta durante muito tempo.
Na verdade, não tem história. Acho que quis ser professora e sou professora.
Bem...
Também quis ser santa. Mas isso não é profissão...
De qualquer modo, como era muito difícil ser santa, quis ser missionária. Missionária Comboniana. Lia na revista Audácia as aventuras do Padre Adriano e do Bongo e queria ir para África.
Depois, como também era muito difícil ser missionária religiosa, pensei ser missionária leiga... dar uns anos às missões, e em seguida voltar.
Depois, como era muito difícil (quer deixar a vida burguesa para partir, quer regressar caso tivesse tido a coragem de ter ido), passei a assumir que ajudaria instituições, mas envergonhadamente à distância...
Cheguei a desejar outras profissões: psiquiatra, estilista, arqueóloga, detective...
Mas nada disso tem importância agora.
Quando eu for grande... quero ser melhor...

«Se há vida em ti a latejar»


Deram-me, há uns tempos, um CD dos Humanos que eu tenho ouvido, com muita atenção. Muita atenção.
A todos os meus amigos que me procuraram e não me encontraram, aqui fica um abraço do tamanho da amizade que nos une.
Obrigada por aceitarem o meu silêncio.

Muda de vida

01 janeiro 2007

Homossexualidade - Banquete (7)

(continuação)
Por outro lado, todas as mulheres do corte de um ser feminino não ligam praticamente aos homens e voltam-se de preferência para as mulheres: e aí estão as «comadrinhas» a ilustrar a descendência do género... Finalmente, todos os que resultam do corte de um ser masculino só andam atrás de homens, e mesmo de pequenos, como pequenas postas que são de um ser viril, revelam o seu fraco por homens e comprazem-se em estarem deitados a seu lado, abraçados a eles...
(191e)