30 dezembro 2016

Cabelos e cabeleiras

Esta cabeleira, em pedra, de 1600-1500 a.C., devia emoldurar a cabeça de uma escultura em madeira, provavelmente de uma esfinge (informação fornecida pelo museu de Heráclion, Creta)
Em data semelhante, mas d.C. (portanto, uns 3000 anos depois), os homens também gostavam de usar cabeleiras do género.



 





11 setembro 2016

Modernices milenares

Afinal as solas ditas «plataforma» não são invenção recente...

)


(Museu de Micenas: estatueta articulada proveniente de um altar da Casa do Oeste, do período do Heládico Médio - 2000/1900-1550 a.C.)

Notinha: Este blogue faz hoje 10 anos, mas não merece parabéns, pois por aqui publica-se pouco.

19 junho 2016

Em Cnossos, com Sophia

Fui a Creta pela primeira vez no passado mês de maio.
Fui à Grécia 6 vezes, vivi em Atenas 4 meses, no já longínquo ano de 1998, para poder acompanhar os seminários de Jeffrey Rusten, professor em Cornell (EUA), na American School of Classical Studies at Athens (ASCSA), mas nunca tinha ido a Creta (como, aliás, não fui a muitos outros sítios naquele maravilhoso país).
Da primeira vez, em 1985, levei o Ulisses, de James Joyce, que só me serviu para pesar na mochila, pois que foi e veio fechadinho (levá-lo foi um romantismo de adolescente).
Desta vez, fui mais sensata e levei a poesia de Sophia, que li por onde passei.
:)

«Ressurgiremos»
Ressurgiremos ainda sob os muros de Cnossos
E em Delphos centro do mundo 
Ressurgiremos ainda na dura luz de Creta
Ressurgiremos ali onde as palavras
São o nome das coisas
E onde são claros e vivos os contornos
Na aguda luz de Creta
Ressurgiremos ali onde pedra estrela e tempo
São o reino do homem
Ressurgiremos para olhar para a terra de frente
Na luz limpa de Creta
Pois convém tornar claro o coração do homem
E erguer a negra exactidão da cruz
Na luz branca de Creta.






















11 junho 2016


Às vezes, vejo semelhanças entre objectos da antiguidade e realidades nossas conhecidas (mesmo que sejam de ficção).
Quando deparei com esta cabeça de menina romana, penteada segundo a moda da época, só me lembrava daqueles seres estranhos da ficção científica.
Ao procurar uma imagem desse género, encontrei esta do Alan Rickman, ficando assim também uma homenagem a este actor, recentemente falecido (a 14 de janeiro deste ano).
:)


Foto de Adriana Freire Nogueira.
Cabeça de menina romana (Museu de Heráclion, Creta)
Foto de Adriana Freire Nogueira.
Alan Rickman (em Galaxy Quest)

19 março 2016

Vai chamar pai a outro!

  Porque hoje é o dia do pai, relembro um passo do diálogo de Platão, Eutidemo (traduzido por mim e publicado na INCM, em 1999), em que os sofistas Eutidemo e Dionisodoro «provam» que Sócrates não teve pai...

e    «-Respondo então que Iolau era sobrinho de Héracles e, pelo que me parece, não era nada a mim, pois o meu irmão Pátrocles não era pai dele, mas sim Íficles, um nome parecido, que era o irmão de Héracles.»  
          «-E Pátrocles é teu irmão?»    
         «-Claro.» - disse eu - «Nascido da mesma mãe, mas não do mesmo pai.»     
         «-Então é teu irmão e não é teu irmão.»     
     «-Não nasceu do mesmo pai, meu caro,» - esclareci - «pois o dele era Queredemo e o meu Sofronisco.»    
        «-E Sofronisco era pai e Queredemo também?» - perguntou.      
        «-Sem dúvida» - respondi. - «Um era meu, outro era dele.»
298a  «-Portanto, Queredemo era diferente de pai?» - continuou.      
         «-Do meu, sim.»      
        «-Mas então sendo pai era diferente de pai? Ou tu és o mesmo que esta pedra?»    
        «- Eu? Receio que aos teus olhos pareça o mesmo, mas no entanto não é essa a minha opinião.»
        «-És então diferente desta pedra?»     
       «- Naturalmente que sou.»     
       «- Por conseguinte, sendo diferente de uma pedra, não és pedra? E sendo diferente de ouro não és ouro?»     
      «-É isso mesmo.»    
      «-Então também Queredemo sendo diferente de pai, não é pai.»     
      «-Parece não ser pai» - disse eu.
b   «- Pois, sem dúvida,» - disse Eutidemo, tomando a palavra - «se Queredemo é pai, Sofronisco, pelo contrário, sendo diferente de pai, não é pai. De modo que tu, Sócrates, não tiveste pai.»

                                          
(Foto da senhora Sócrates com o seu digníssimo marido, o tal filho de Sofronisco, no British Museum)

27 fevereiro 2016

Qual é o caminho mais rápido para o Hades?

Diógenes Laércio, biógrafo de filósofos ilustres - muitos deles remontando a mais de 700 anos antes da sua época, já que viveu no séc. III d.C. -, é a fonte de muitas das anedotas (no sentido de historietas curiosas) que sobre aqueles se contam.
Como ando a traduzi-lo, vou deixando aqui algumas dessas pérolas.


A um indivíduo que estava zangado porque iria morrer no estrangeiro, [Anaxágoras] respondeu: «De onde quer que se esteja, a descida para o Hades é a mesma. 
(D.L. 2, 11)


(imagem do mundo inferior - tirada  daqui)

05 janeiro 2016

Pilatos? Quem é? Ah, sim, o do anel no dedo mindinho!

Intitulei «Dores d' Alma» uma etiqueta em que reunia algumas respostas «fascinantes» que recebia em Matrizes Culturais Europeias.
Os alunos estão mais aplicados e já não escrevem tantas barbaridades (pode ser que o receio de fazer parte da etiqueta os tenha refreado), mas tive, recentemente, uma engraçada:

Justifique o nome da imagem: «Pilatos»


(«Pilate washing hands», de Shane Lucas Onchan)

Resposta recebida: 
«A imagem tem o nome de Pilatos pois vemos as mãos sobre a pia e o anel no dedo mindinho».

Na aula tinha mostrado (entre outras imagens, claro, mais sérias) esta vinheta:


Eu acho giro isto de reconhecer imagens das culturas antigas.
Felizmente, a maioria dos alunos teve excelentes resultados nesta parte.
Estou contente.