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04 dezembro 2007

Paciente, passos, paixão...

Ontem, numa reportagem do telejornal da TVI sobre o uso de palavras inglesas na nossa língua, a jornalista alargou o tema aos anglicismos. Foi nesse contexto que entrevistaram uma emérita professora da Universiadade Nova de Lisboa, com a qual tenho de discordar (coisa que detesto fazer). Mas... paciência.

A propósito de «paciente», com o sentido de «doente» (afirmando que os médicos não têm pacientes, mas doentes), disse a professora que esta palavra vinha do inglês «pacient» e que seria de evitar.
Não é verdade. Isto é, é de evitar estar doente, claro, mas não há razão para evitar o uso do vocábulo.

Como adjectivo, paciente significa «o que sabe esperar», único sentido que lhe foi atribuído naquela reportagem. Como substantivo, significa, além de «indivíduo que espera calmamente» (v. Houaiss), «aquele que está doente».

Paciente vem directamente do particípio presente do verbo depoente latino patior (que significa «sofrer»): aquele que sofre.
É seu cognato o nome paixão (passio, passionis - a paixão de Cristo, por exemplo, é a expressão do seu sofrimento) ou passos, na expressão Senhor dos Passos. Não se chama assim à imagem de Cristo que passeia ou que dá passos (pois assim seria do nome latino passus, passus), mas sim ao Cristo que sofre, dado que passus, passa, passum é o particípio passado do mesmo verbo patior.

Infelizmente, na maior parte das vezes, temos de ser pacientes quando somos pacientes de alguns médicos...