Dizem Michel Austin e Pierre Vidal-Naquet, no livro Economia e Sociedade na Grécia Antiga (tradução portuguesa nas Edições 70, em 1986, do original francês de 1972), p.67:
A que corresponde então a invenção da moeda? Têm-se feito intervir diversas considerações (além do fenómeno geral de normalização da vida social): desenvolvimento do papel fiscal do Estado (multas, impostos), financiamento de exércitos de mercenários (…). Na história das cidades gregas, a moeda será antes de mais um emblema cívico. Cunhar moedas com as armas da cidade é proclamar orgulhosamente a sua independência.
E os banqueiros? O Oxford Companion to Classical Civilization (do maravilhoso Simon Hornblower e de Antony Spawforth), publicado pela Oxford University Press (a minha edição é de 1998) dá muita informação. Foi lá que colhi estes dados. Na entrada «banks», explica que os templos serviam alguns dos propósitos que hoje os bancos servem: guardavam o dinheiro das pessoas e emprestavam a quem precisava, com a diferença de não tocarem no que estava à sua guarda e o que disponibilizavam provinha do seu próprio tesouro (como o templo de Apolo, em Delos). Havia ainda particulares que emprestavam, sem ou com juros (por vezes, usurariamente, grandes juros sobre pequenas somas). E também eram necessários cambistas, visto que cada cidade tinha a sua moeda e era necessário trocar. Ainda hoje «banco» em grego diz-se τράπεζα e «trápeza» queria (e quer) dizer «mesa».
Para termos uma ideia da actividade, conhecem-se cerca de vinte nomes de banqueiros na Atenas do séc. IV a.C.
Alguns destes homens não eram atenienses, tal como muita da sua clientela, composta principalmente por comerciantes, visitantes, ou cidadãos que poderiam estar a precisar urgentemente de muito dinheiro. Serviam, frequentemente, de testemunhas e de fiadores.
Ah, claro, e não há dúvida de que eram muito, muito ricos…
(imagem daqui)
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