Mostrar mensagens com a etiqueta Cultura Clássica. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Cultura Clássica. Mostrar todas as mensagens

12 março 2011

Para quê ler os clássicos?

Um homem da técnica, prémio Pessoa em 2006, que percebeu o que andamos cá a fazer.
Por que será que não o entendem?
Qualquer dia escrevo aqui sobre o criador do Facebook, que sabe grego e latim, e acha que esse saber lhe foi útil.

Se nós olharmos para as melhores empresas do mundo e virmos onde é que essas pessoas estudaram , elas estudaram em universidades e em escolas onde estudaram os clássicos gregos em profundidade.
É um factor decisivo.
Eles aprenderam a pensar.
(...)
É aí que, curiosamente, reside a maior diferença entre os países que se desenvolvem e os que não se desenvolvem.
É preciso os fablabs, mas é preciso as bases e as bases são os clássicos gregos.
E estas duas componentes, a cultura clássica e a ligação à tecnologia, e o objectivo de criar rodutos para o mundo e saber fazer, penso que poderá ter um enorme impacto nesta bomba social que nós temos em Portugal.
E é só, obrigado.

Obrigada, digo eu!
(e ao Luís Salema pelo link!)


08 junho 2010

A culpa...

(imagem daqui)

Quando um determinado indivíduo, no pentatlo, atingiu involuntariamente com um dardo Epítimo de Farsália e o matou, [Péricles] passou o dia inteiro a discutir com Protágoras se, segundo o juízo mais correcto, se deviam considerar como culpados do funesto acontecimento o dardo, o lançador do dardo ou os organizadores dos jogos.

Plutarco, Péricles, 36 - DK80 A10
Edição de Sofistas, Testemunhos e Fragmentos, INCM, 2005.

05 junho 2010

frente e verso

A vantagem de se ir a um museu...


... é podermos ver as estátuas de vários ângulos.

Antonio Canova
As Três Graças
(Ermitage, 2010)

12 fevereiro 2010

Bancos e banqueiros na Grécia Antiga

(imagem daqui)
O post sobre políticos profissionais valeu-me a seguinte pergunta, por parte de um amigo: «o autor do texto que citaste fala em banqueiros. Pensei que só existisse essa profissão (depósitos, empréstimos) desde a Idade Média. Havia também na Grécia?»

Dizem Michel Austin e Pierre Vidal-Naquet, no livro Economia e Sociedade na Grécia Antiga (tradução portuguesa nas Edições 70, em 1986, do original francês de 1972), p.67:

A que corresponde então a invenção da moeda? Têm-se feito intervir diversas considerações (além do fenómeno geral de normalização da vida social): desenvolvimento do papel fiscal do Estado (multas, impostos), financiamento de exércitos de mercenários (…). Na história das cidades gregas, a moeda será antes de mais um emblema cívico. Cunhar moedas com as armas da cidade é proclamar orgulhosamente a sua independência.

E os banqueiros? O Oxford Companion to Classical Civilization (do maravilhoso Simon Hornblower e de Antony Spawforth), publicado pela Oxford University Press (a minha edição é de 1998) dá muita informação. Foi lá que colhi estes dados. Na entrada «banks», explica que os templos serviam alguns dos propósitos que hoje os bancos servem: guardavam o dinheiro das pessoas e emprestavam a quem precisava, com a diferença de não tocarem no que estava à sua guarda e o que disponibilizavam provinha do seu próprio tesouro (como o templo de Apolo, em Delos). Havia ainda particulares que emprestavam, sem ou com juros (por vezes, usurariamente, grandes juros sobre pequenas somas). E também eram necessários cambistas, visto que cada cidade tinha a sua moeda e era necessário trocar. Ainda hoje «banco» em grego diz-se τράπεζα e «trápeza» queria (e quer) dizer «mesa».

Para termos uma ideia da actividade, conhecem-se cerca de vinte nomes de banqueiros na Atenas do séc. IV a.C.

Alguns destes homens não eram atenienses, tal como muita da sua clientela, composta principalmente por comerciantes, visitantes, ou cidadãos que poderiam estar a precisar urgentemente de muito dinheiro. Serviam, frequentemente, de testemunhas e de fiadores.

Ah, claro, e não há dúvida de que eram muito, muito ricos…

(imagem daqui)

01 setembro 2009

«a ver se adiantamos alguma coisa»

(tirei a imagem daqui)

Simbolicamente, recomeço a escrever no blogue no primeiro dia de Setembro. Os professores contam os anos de um modo diferente (de Setembro a Agosto) e esta é uma data sempre importante.
Tenho andado a preparar o ano lectivo que está a começar, à roda com objectivos e competências, descritivos de unidades curriculares e preocupada em como organizar as aulas de tutoria. A adaptação ao modelo de Bolonha, para fazer sentido, tem de dar, efectivamente, mais autonomia aos alunos, mas as tutorias terão de ser algo mais do que outra aula normal ou, o que é pior, uma aula inexistente.
No início de cada ano lectivo faço votos para ter alunos que gostem de aprender e que, como diz o Sócrates de Platão (n' A República 346a), não respondam contra a sua opinião real, «a ver se adiantamos alguma coisa».