
O modo habitual dos romanos comuns obterem carne era através da compra de comida pré-cozinhada, de baixa qualidade e a baixo preço, a vendedores de rua ou em tascas e estalagens: artigos tais como morcela, paio ou salsichas.
Aparentemente os imperadores não apreciavam esta indústria de «refeições rápidas». Colocaram as estalagens sob vigilância e por vezes perseguiram-nas. Deram origem a medidas regulando a venda de carne cozinhada, de pastéis e inclusivamente (durante um período de luto público) de água quente.
Com que estavam os imperadores preocupados? O traço de puritanismo que vinha à superfície de tempos a tempos durante o período republicano teimava em persistir. As tascas estavam associadas aos jogos de azar, alguns dos quais eram proibidos, e à permissividade sexual, contra a qual os imperadores também legislaram. As inclinações classistas também podem ter sido um factor em jogo. Notamos igualmente que as estalagens eram o paradeiro ocasional de aristocratas renegados. Não é necessário acreditarmos que os imperadores estivessem preocupados com os riscos sanitários ocasionados pela carne contaminada.
Peter Garnsey, Alimentação e Sociedade na Antiguidade Clássica, Ed. Replicação, Sintra, 2002, pp.123-124
Peter Garnsey, Alimentação e Sociedade na Antiguidade Clássica, Ed. Replicação, Sintra, 2002, pp.123-124