02 novembro 2009

Dicas para boa vizinhança...

... é o título de uma rubrica da revista Dinheiro e Direitos (nº de Novembro/Dezembro 2009, p.37) que explica o que fazer
(...) «quando a árvore do terreno vizinho estende os braços para o seu lado. Primeiro, peça ao proprietário para cortá-los. Se recusar, envie uma carta registada com aviso de recepção. Passados três dias sem nada feito, pode eliminar as raízes ou ramos invasores. Devolva-os ao proprietário, junto com a despesa.»

Antes de haver cartas registadas e avisos de recepção, foi assim que Sólon determinou,

«com grande esperiência, os intervalos a deixar entre as plantações, ditando que quem plantasse alguma árvore no campo teria de guardar a distância de cinco pés em relação ao terreno do vizinho; sendo uma figueira ou oliveira, deixaria nove pés. Na verdade, estas árvores estendem mais longe as raízes e a sua vizinhança não é inócua a todas as plantas, pois roubam-lhes o alimento e lançam emanações que são prejudiciais a algumas delas.»
(Plutarco, Vida de Sólon, em tradução de Delfim Leão, para a Relógio d'Água, há 10 anos.)

Os antigos sabiam (quase) tudo.

9 comentários:

CPrice disse...

"pois roubam-lhes o alimento e lançam emanações que são prejudiciais a algumas delas" .. Quanta metáfora Santo Deus! ;)

Sabiam sim .. como diz alguém que admiro, "se a humanidade fizesse revisões dos ultimos 500 de história" .. :))


Beijinho
Once

JCA disse...

olá!

por alguma razão o nosso sistema jurídico é romano-germânico.

a nossa base civilista (essa regra de boa vizinhança vem no Código Civil, Livro dos Direitos Reais) é toda bebida, engolida e digerida do Direito Romano Clássico, o nosso CC, com as devidas alterações e adaptações de 1977 (e mais uma tonelada delas após não são pelo desenvolvimento da mentalidade como na avença que o Governo tem com as Editoras) ele entre em vigor em 1969 vindo a substituir e de 1869 (O Código de Seabra).

Resumindo, os Romanos, por muito malucos que fossem, nos dizerem dos Gauleses, no que toca a Direito Civil eles sabiam muito bem legislar, e assim é que as regras, com algumas pequenas adaptações, ainda hoje vigoram

Boa semana :-)

Anónimo disse...

Agora é que o Imperador me deixou admirada!

Vigoram?
Talvez seja eu que nada percebo de leis, que misturo todos os Direitos, desde o Civil ao Penal e Moral.
A coisa é complicada!

beijinho Adriana

Anónimo disse...

Os antigos sabiam? Isso deve ser uma nova forma de disfemismo!
"O que vos honrará para o futuro não será a origem donde vindes, mas o tempo para onde ides! A vossa vontade e o vosso passo que querem ir mais longe do que vós: cifre-se nisto a vossa nova honra!"
O melhor mesmo a fazer,é cortar os ramos, queima-los e devolver as cinzas ao vizinho.

Joaquim Moedas Duarte disse...

O que a gente aprende contigo, Adriana!

Resultado: vejo um "clássico" na livraria e não resisto.
E tu tens muita culpa.

Mas perdoo-te: é por bem!

Bejinho oestino!

António Conceição disse...

Somos anões aos ombros de gigantes. Também em matéria de Direito.

Gregório Salvaterra disse...

Então e sobre os gatos da vizinha que marcam o meu terraço com fedorento xixi, não há nada na antiguidade?
Mas a quem eu vou falar de gatos... Ainda saio daqui de gatas e condenado às galés.
Bjinhos

A OUTRA disse...

Xantipa:
Á medida que as tecnologias de informação avançam as pessoas estão menos informadas, e as que estão não querem saber das leis, e quando o que é prejudicado se queixa é o mau da fita. Tenho pena de dizer, mas sinto que cada vez há mais permissão para o não cumprimento daquilo que traria a paz a muita gente, principalmente nas grandes cidades, tendo em conta que vivemos em gaiolas com a nossa casa invadida pelos que nos rodeiam, que não querem saber de leis nem civismo.
Se nos queixarmos somos tudo o que há de pior.
Pois claro que os antigos sabiam bem de leis e cumpriam... por muitas razões.
Abraço
Maria

Anónimo disse...

Oportuna lembrança dos retrocessos civilizacionais que a sociedade de consumo produziu.