Lendo o Satyricon, de Petrónio (em tradução de Delfim Leão, para a Cotovia, editada já no longínquo 2005), sou levada pelo narrador:
Cheguei a uma pinacoteca impressionante, repleta de todo o tipo de quadros (...). Aqui, uma águia arrebatava para as alturas do céu o pastor do Ida;
Ainda há pouco tempo referi Ganimedes. Pois é ele o pastor do monte Ida de quem aqui se fala. Diz-nos Ovídio (Metamorfoses X, 155-161, na edição do costume):
Um dia, o rei dos deuses inflamou-se de amores pelo frígio
Ganimedes, e foi encontrado aquilo que Júpiter preferiu ser
a ser aquilo que era. Não se dignou, contudo, a tornar-se uma
ave qualquer, senão aquela que pudesse transportar seu raio.
De imediato, batendo o ar com enganadoras asas, arrebata
o neto de Ilo, que agora é também copeiro e serve o néctar
a Júpiter contra a vontade de Juno.
4 comentários:
Estranha frase, foi encontrado aquilo que Júpiter preferiu ser
a ser aquilo que era.
Estranha porquê,Gi? Muitíssimo bem traduzida que o Delfim Leão não brinca em serviço.
Embora tardios, votos de um magnífico ano, Xantipa caríssima.
Ivone
Querida Gi,
O que está em latim é:
et inuentum est aliquid, quod Iuppiter esse, quam quod erat, mallet
A tradução da Cotovia (do Paulo Farmhouse) diz:
Descobriu-se então o que Júpiter preferia ser em vez daquilo que era
Nesta tradução, como se seguem dois pontos, subentende-se que Júpiter escolheu ser uma águia em vez de se mostrar ao rapaz como um deus... ou poderá querer dizer outra coisa...
:)
Beijnhos e bom ano!
Querida Ivone,
Talvez não tenha sido clara, mas a tradução do Delfim é só a de Petrónio. A de Ovídio é de Domingos Lucas Dias e recebeu o prémio de tradução da União Latina.
Beijinhos e obrigada pelos votos de bom ano, que retribuo!
Não, fui eu quem se equivocou. Mas acho que está muito bem traduzido precisamente porque, assim traduzido, permite pensar que pode querer dizer outra coisa ...
Ivone
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