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04 outubro 2008

Teoria e jogo do duende

TEORIA E JOGO DO DUENDE

... Que estou aturdido
De gozos e fezes juntos.
S. Teresa d'Ávila

UMA HOMENAGEM

Estava sempre entre os anjos
Quando o vi
E não vi
A luz faz-nos
Saber quando é assim
Negra a aparecer
E desaparecer, aparecer
E desaparecer
Quando dançar
É ensaiar morrer

_______________
O filme escorre: há um pé enfaixado de menina chinesa,
um vento negro, um carro acidentado repetidamente.
Uma vez. Duas vezes. Três vezes... Depois perde-se a conta.
Há vastos lagos de leite fervilhante e uma atmosfera de perigo iminente.
Que dirias tu de viver ali?


(Pedro Luís Baltazar Vieira, 25/01/67- 4/10/2005

04 outubro 2007

Dois anos é muito tempo...

Lembro-me muito dele. Quase todos os dias. Falávamos sobre isto, aquilo e aqueloutro. Discutíamos leituras e sentimentos. Tínhamos vidas tão diferentes e tão iguais.
Não é por fazer hoje dois anos que deixo aqui um dos seus poemas. É porque hoje me apetece. Porque hoje ele tem ocupado mais o meu espírito do que ontem. Não sei se também amanhã...

Hinos tardios

A BODY

This is a body disse
Em tom de aviso
E eu pensei que sabia
Da fragilidade da carne
Da força de certos medos
Fiz-me entendedor
De mil injustificados cuidados
Fazendo uso pois
Dos meus mais cuidadosos dedos
E afinal achei-me
perdido
num nunca mais acabar
de casas estreitas
Ah, no bairro do amor...
Tão labiríntico.
Ah, no baile do amor...
Animais mínimos somos sempre
E foi como insectos em nocturno ardor
que em cada botão se viram presos
de perfumes primaveris embriagados
os já ditos dedos. This is a body disse
E eu pensei que sabia
E afinal o aviso era
Só por aquilo que vestia.


Mais poemas aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e mais ligações para outros poemas.

25 janeiro 2007

Retrato incompleto

RETRATO INCOMPLETO


Há um desarranjo
naquela cabeça
de quase negros
cabelos castanhos

Há um desarranjo
naquela cabeça
de quase negros
pensamentos estranhos.


Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)

(diálogo celeste)




DIÁLOGO CELESTE


Uma alma remexe
nervosamente
nos bolsos do casaco.

- O que te falta? –
pergunta outra alma que passa.
A primeira responde
com um tom de pavor:

- Um corpo!


Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)

(Poema de Natal em Janeiro)




PEQUENO POEMA DE NATAL


Era Natal! Era Natal!
Bêbado, sem cabeça
andava aos saltos
o peru no quintal
e eu
sem paciência para o festival.


Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)