Em época de mudanças, procuro não me esquecer das palavras de Konstandinos Kavafis (na tradução de Nikos Pratsinis e Joaquim Manuel de Magalhães, para a Relógio d'Água, em 2005).
A cidade
Disseste: «Vou partir para outra terra, vou partir para outro mar.
Uma outra cidade melhor do que esta encontrar-se-á.
Cada esforço meu um malogro escrito está;
e é - como morto - enterrado o meu coração.
A minha mente até quando irá ficar nesta estagnação.
Para onde quer que eu olhe, para onde quer que fite por aí
ruínas negras da minha vida vejo aqui,
onde tantos anos passei e dizimei e dei em estragar.»
Lugares novos não vais encontrar, não encontrarás outros mares.
A cidade seguir-te-á. De volta pelos caminhos errarás
os mesmos. E nos bairros os mesmos envelhecerás;
e dentro dessas mesmas casas cobrir-te-ás de cãs.
Sempre a esta cidade chegarás. Para os noutra parte - esperanças vãs -
não há barco para ti, não há partida.
Assim como dizimaste aqui a tua vida
neste pequeno recanto, em toda a terra a vi estragares.
2 comentários:
és como o teu senhor...
Uma cidadã do mundo. Nunca o esqueças, Tatipa. *
Irás ver as ruínas negras por muito tempo, porque são sempre inesquecíveis.
Quando tudo estiver a correr bem, parecendo já esquecido, um gesto, uma palavra fazer-te-á relembrar tudo, como se tivesses guardado bem guardadinho atrás da porta.
Terás de ter cuidado para não tirar conclusões apressadas, para não pensares que tudo se está a repetir.
Beijinho muito grande.
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