Tive o privilégio de ir a Mérida acompanhada, para além de mais 3 amigos, por dois actores e encenadores amadores: Paulo Moreira e Ana Cristina Oliveira.
No fim, todos discutimos o que tínhamos achado sobre tudo o que víramos e ouvíramos. No próximo postal falarei da nossa simpática discussão, mas para que se compreenda melhor e para dar uma ideia da informação disponível sobre o que íamos ver, deixo aqui as palavras do programa (que, confesso, apenas li à entrada do teatro romano e não aqui, de onde tirei o que se segue):
«De Aristófanes a Mediero»
por Antonio Corencia
«Aristófanes, o mais brilhante autor da antiga comédia grega, escreveu a sua obra Lisístrata no ano 411 a.C. Manuel Martínez Mediero, um dos nossos melhores dramaturgos, se não mesmo o melhor, escreveu uma versão livre deste título em 1979 que teve a honra de dirigir no prestigioso Teatro Romano de Mérida, durante o Festival de 1980. O acolhimento por parte de público e a crítica foi realmente memorável, como pode comprovar-se nas hemerotecas e o culto povo emeritense recorda ainda.
Durante o Festival de 2007, vai celebrar-se uma merecida homenagem a Manuel Martínez Mediero e, por tal motivo, encomendaram-lhe uma revisão da sua Lisístrata que, novamente, foi posta nas minhas mãos e que tratarei de servir com a admiração, a entrega e o carinho que em mim suscitam a obra e a pessoa de tão admirado autor extremenho.
É a mesma Lisístrata a de Aristófanes e a de Mediero? Sim e não. Ambos fustigam implacavelmente os vícios dos seus contemporâneos, a conversa política e filosófica e o belicismo. São ambos autores de talento extraordinário, apesar da tremenda crueldade dos seus escárnios. Em ambos existe uma profunda raiz de autêntica poesia. Ambos escrevem enamorados da paz e da justiça e há em ambos uma penetrante sabedoria vital.
A partir daí, como explicava em 1980 o respeitado crítico Teresiano Rodríguez, a diferença já é total: A Lisítrata de Aristófanes é ateniense; a de Mediero espartana; a Lisístrata de Aristófanes conduz as mulheres à tomada da sua própria cidade; a de Mediero embarca-as até Atenas e em seguida promove uma greve de sexo; a Lisístrata de Aristófanes pretende reter os homens, enquanto que a de Mediero pretende que a mulher deixe de ser um objecto. Para esta nova Lisístrata, a guerra é uma forma de opressão que é necessário abolir. A Lisístrata de Mediero não odeia os homens, mas sim pretende estabelecer entre homens e mulheres uma nova relação baseada não no poder do primeiro, mas na liberdade mútua.Do autor grego fica o título, que serve de ponto de partida: acabar com as guerras que sangram os países e deixam as mulheres na solidão e no abandono.»
Durante o Festival de 2007, vai celebrar-se uma merecida homenagem a Manuel Martínez Mediero e, por tal motivo, encomendaram-lhe uma revisão da sua Lisístrata que, novamente, foi posta nas minhas mãos e que tratarei de servir com a admiração, a entrega e o carinho que em mim suscitam a obra e a pessoa de tão admirado autor extremenho.
É a mesma Lisístrata a de Aristófanes e a de Mediero? Sim e não. Ambos fustigam implacavelmente os vícios dos seus contemporâneos, a conversa política e filosófica e o belicismo. São ambos autores de talento extraordinário, apesar da tremenda crueldade dos seus escárnios. Em ambos existe uma profunda raiz de autêntica poesia. Ambos escrevem enamorados da paz e da justiça e há em ambos uma penetrante sabedoria vital.
A partir daí, como explicava em 1980 o respeitado crítico Teresiano Rodríguez, a diferença já é total: A Lisítrata de Aristófanes é ateniense; a de Mediero espartana; a Lisístrata de Aristófanes conduz as mulheres à tomada da sua própria cidade; a de Mediero embarca-as até Atenas e em seguida promove uma greve de sexo; a Lisístrata de Aristófanes pretende reter os homens, enquanto que a de Mediero pretende que a mulher deixe de ser um objecto. Para esta nova Lisístrata, a guerra é uma forma de opressão que é necessário abolir. A Lisístrata de Mediero não odeia os homens, mas sim pretende estabelecer entre homens e mulheres uma nova relação baseada não no poder do primeiro, mas na liberdade mútua.Do autor grego fica o título, que serve de ponto de partida: acabar com as guerras que sangram os países e deixam as mulheres na solidão e no abandono.»
2 comentários:
Interessante, Xantipa!
Devia ter ido!
Beijinho
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