24 fevereiro 2009

Emo... séc. XIX

O acaso levou-me um destes dias a contactar com o conceito de emo. Na verdade, não sei bem o que é um emo... e, por estas várias definições (e alguns dos comentários), fiquei com a impressão que nem os próprios sabem bem.
Ao reler o Coração, Cabeça e Estômago, do Camilo, lembrei-me disto tudo com Silvestre da Silva:

entendi que a desordem dos cabelos devia ser a imagem da minha alma. Comecei, pois, por dar à cabeça um ar fatal, que chamasse a atenção e aguçasse a curiosidade dum mundo já gasto em admirar cabeças tão vulgares. A anarquia dos meus cabelos custava-me dinheiro e muito trabalho. Ia, todos os os dias, ao cabeleireiro calamistrar os longos anéis, que me ondeavam nas espáduas; depois desfazia as espirais, riçava-as em caprichosas ondulação, dava à fronte o máximo espaço e sacudia a cabeça para desmanchar a torcida deletriadas da madeixa. Como quer, porém, que a testa fosse menos escampada que o preciso para significar «desordem e génio», comecei a barbear a testa, fazendo recuar o domínio do cabelo, a pouco e pouco, até que me criei uma fronte dilatada, e umas bossas frontais, como a natureza não dera a Shakespeare nem a Goethe.

18 fevereiro 2009

Em profundo silêncio, seguem por vereda íngreme, escarpada,
escura, envolta em espessa neblina. Não estavam longe
do rebordo superior da terra. Cheio de amor, com medo
de que Eurídice desfaleça e ansioso por vê-la, Orfeu volta
o olhar. Logo ela cai de novo. De braços estendidos,
lutando por que a agarrem e por ela se agarrar, a infeliz
apenas agarra a inconsistência do ar.

Ovídio, Metamorfoses, X, 53-59)
Tradução de Domingos Lucas Dias, editado pela Vega.
Prémio de Tradução da União Latina 2008

13 fevereiro 2009

Escreveu mesmo assim...

... ipsis verbis.

«Muitas pessoas não distinguem o que realmente é conhecimento, fechando os olhos à razão e deixando-se levar pela sede de conhecimento.»

07 fevereiro 2009

momento S.J.

«momento em que Jesus foi entregue pelos Jesuítas aos Romanos»

Garanto que é o que está lá escrito... pronto... admito... Jesuítas estava sem acento.

05 fevereiro 2009

Tradução de Édipo: precisa-se...

(imagem daqui)

«é arrepiante também a forma como o casamento com a mãe passou à frente deles sem que ninguém reparasse. Isso torna-se tão espectacular e emotivo para quem lê este tipo de obras, conseguir-se emocional com tanta misticidade de acontecimentos audazes».
Assim mesmo.
Outras dores d'alma edipianas aqui e aqui.

02 fevereiro 2009

Tio de Sócrates?

(Sócrates. O meu, claro. Imagem daqui)

Além de problemas com a fonética, tenho uma grande dificuldade em me habituar ao facto do primeiro-ministro se chamar Sócrates. Para mim ele é José Sócrates.
Sócrates, assim, sem mais nada, é o meu velho companheiro filósofo.
Dele sei que é filho de Sofronisco e Fenarete, a minha sogra parteira, e nós temos 3 filhos: Lâmprocles, Sofronisco e Menexeno.
Com tios e primos a aparecerem (e sobrinhos! Eu sei lá se Pátrocles, o seu meio-irmão - o que é filho de Queredemo - tem filhos!) ainda me vou meter em sarilhos. Valha-m' Héracles!
Qualquer dia ainda vão dizer que o método socrático não se baseia no diálogo e que falar do demónio de Sócrates é um insulto ao governo.
Estou feita!