31 março 2009

Que fazer na quinta-feira?

Se estiver em Lisboa no dia 2, vá à Buchholz do Chiado, pelas 18.30, e oiça o Nuno Simões Rodrigues apresentar o livro da Ana Lúcia Curado.
A Ana Lúcia Curado é uma distinta colega da Universidade do Minho que publicou um exaustivo trabalho (tem mais de 500 páginas) sobre a mulher em Atenas nos séculos V e IV a.C., intitulado-o singelamente Mulheres em Atenas, na Sá da Costa. Lamentavelmente ainda não o tenho, mas depois de o ler aqui falarei mais sobre ele.
Um dos aspectos que me parece mais interessante é o facto da reconstrução da imagem da mulher ter sido conseguida pelo discurso forense, tendo a autora baseado o seu estudo em mais de 100 textos de oradores áticos (li isto no Correio do Minho, de 22 de Março).
O livro vai ser presentado pelo Nuno Simões Rodrigues, também meu colega no Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, professor na Universidad de Lisboa, que também escreve bastante sobe o tema da mulher na antiguidade.

Se estiver mais cá por baixo, por estes reinos dos Algarves, vá até Loulé, à Biblioteca Municipal, às 21.30, nesse mesmo dia 2, para participar na apresentação que vou fazer do último livro do António Manuel Venda (de quem sou fã confessa desde 1996), Uma Noite com o Fogo (que até tem blogue e tudo).
Não tem o livro? Passe pelo Pátio de Letras antes de ir para Loulé.

27 março 2009

... do Teatro

As Edições 70 mandaram-me um mail a relembrar que hoje é o Dia Mundial do Teatro, destacando algumas obras sobre o assunto publicadas por elas, tanto livros sobre o teatro, como


e


bem como peças de teatro, exemplificando o género com uma tragédia grega

As Bacantes, de Eurípides (de que já aqui falei)

uma comédia grega

As Rãs, de Aristófanes

e uma tragédia latina:
Fedra, de Séneca.

Elas não disseram, mas eu faço-lhes a publicidade de graça, deixando aqui a referência a um autor latino de comédias, Plauto, cujo Anfitrião foi tão glosado no teatro português. Veja-se, por exemplo, Camões e o seu Auto dos Anfitriões, António José da Silva (conhecido como O Judeu) e Anfitrião ou Júpiter e Alcmena ou o Anfitrião Outra Vez de Augusto Abelaira.

24 março 2009

Na quarta-feira, em Albufeira...

... vou fazer uma palestra na Escola Secundária, integrada numa actividade chamada «Os Dias da Cultura», para a qual foi feito um blogue, com o tema Tradição, Modernidade, Evolução.
Indo à biblioteca mais pormenores.

23 março 2009

Verdades repostas

Faz uma semana que escrevi o Verdades (6) e Mentiras (3).
A Teresa acertou em todas, claro. Ou não fôssemos amigas há quase 25 anos...
O Dário achou que era inverosímil que a sua professora fizesse uma daquelas coisas, quanto mais 6.
Excepto o Carlos, todos os outros acharam que eu não sabia nadar.
A Sara nunca erraria a 3 e a 4, pois esses campeões eram amigos comuns, mas distraiu-se na 5 (não deu atenção à decoração) e acreditou nas minhas boas intenções, no Verão passado, em não faltar à esgrima... eheheh...
A Redonda, o Nandokas e todos os outros não acreditaram na mentira da 9.

Seguem-se as respostas:

1) O meu desporto favorito é a natação. Pratico desde pequena e moro no Algarve para poder estar mais tempo por ano perto do mar e poder nadar.
Mentira. Sei nadar, mas não consigo, o que é diferente de não saber nadar. Acontece que tenho alguma dificuldade em conciliar movimento e respiração...
2) Pratiquei basquetebol em jovenzinha e até fui federada. O ser baixinha não foi impedimento. Verdade, verdadinha.
3) Pratiquei judo na juventude, mas não passei de verde por causa dos combates. Verdade. O meu mestre fazia os exames disfarçadamente, para eu não faltar. Como esses combates eu fazia, cheguei a verde. Depois, de azul em diante, era necessário ir a competições a sério e eu não quis.
4) Conheci e privei com campeões de judo, incluindo um nosso representante nuns Jogos Olímpicos. Verdade. Na fauldade fui colega da Odete, que foi campeã Europeia, e que naquela altura ainda só namorava (depois casou) com o Hugo d'Assunção, nosso judoca em Seul.
5) Fiz ballet e andei em pontas. Verdade. Sei que é difícil acreditar, mas até tenho as minhas sapatilhas de pontas a fazerem de objecto decorativo num quarto de visitas.
6) Já tive a vida em perigo numa gruta, a fazer espeleologia. Verdade. Foi das poucas vezes em que senti mesmo medo e percebi que poderia não sair dali.
7) Já estive presa num elevador com mais 4 pessoas durante 2 horas. Verdade. Foi há muitos, muitos anos, num apartamento de praia, de Inverno, num prédio praticamente sem moradores, num fim-de-semana...
8) Sofro de claustrofobia. Mentira. Se sofresse, a experiência da gruta e do elevador teriam sido mortais!
9) Raramente falto a uma aula de esgrima e, apesar da idade, o meu mestre pensa levar-me aos próximos campeonatos nacionais. Mentira. Era bom, era. Mas este ano tive (e ainda tenho) uma desculpa enorme: uma epicondilite que demorei a resolver tratar e só agora está a começar a deixar-me em paz.

22 março 2009

Página 161, 5ª frase


A Bomba Inteligente passou-me uma corrente que já tinha passado por aqui há mais de um ano. Neste momento, em que ando a ler as Medeias que encontro (e dado que a de Mário Cláudio não tem tantas páginas), aqui vai a Medeia, Vozes, de Christa Wolf:

Agora tudo está certo.

20 março 2009

Pôr as correntes em dia

Aqui vai mais uma corrente/desafio que me enviou o António Manuel Venda, não do seu Floresta ao Sul, mas do Delito de Opinião.
É suposto indicar seis características minhas... manias, talvez?

- não gosto de café;
- gosto de fazer planos (mesmo que não os cumpra...);
- estou sempre a fazer muitas (mesmo muitas) coisas ao mesmo tempo;
- sou optimista: dão-me a bosta e fico toda contente a pensar que só me falta receber o cavalo;
- gosto de acordar cedo e de me deitar tarde;
- tenho cada vez menos paciência para certas coisas para as quais nem paciência para falar delas tenho.

Mais uma vez, nao me atrevo a passar, mas continue quem quiser.

18 março 2009

(De)Valoración Docente


Por vezes tenho dificuldade em reagir com tranquilidade perante factos que me impressionam.
O que se está a passar em Portugal em diversas áreas da função pública assusta-me.
Como sou professora, o que se está a passar com o ensino e com os docentes do ensino básico e secundário (quando será que chega a nós?) é realmente assustador.
Ao ler no De Rerum Natura este «postal», lembrei-me de um vídeo que me enviara, divulgado pela Junta da Extremadura, mesmo aqui ao lado do Algarve, na Espanha. A campanha chama-se Valoración Docente e vale a pena ver.

http://www.educarex.es/documentos/anuncio/anuncio.html

16 março 2009

Verdades (6) ou mentiras (3)?

Corre um desafio pelo blogobairro em que temos de escrever 9 coisas sobre nós, das quais 3 terão de ser mentira e 6 verdade. Os visitantes terão de descobrir quais são as 3 mentiras e num futuro post (ou actualização deste) indicarei as respostas certas.
Não vou passar a outros blogues, como era suposto, pois tenho andando arredada destes espaços e arriscava-me a nomear quem já respondeu. Assim, deixo ao critério de cada um.
Ah, e quem me meteu nisto foi o Nandokas .

1) O meu desporto favorito é a natação. Pratico desde pequena e moro no Algarve para poder estar mais tempo por ano perto do mar e poder nadar.
2) Pratiquei basquetebol em jovenzinha e até fui federada. O ser baixinha não foi impedimento.
3) Pratiquei judo na juventude, mas não passei de verde por causa dos combates.
4) Conheci e privei com campeões de judo, incluindo um nosso representante nuns Jogos Olímpicos.
5) Fiz ballet e andei em pontas.
6) Já tive a vida em perigo numa gruta, a fazer espeleologia.
7) Já estive presa num elevador com mais 4 pessoas durante 2 horas.
8) Sofro de claustrofobia.
9) Raramente falto a uma aula de esgrima e, apesar da idade, o meu mestre pensa levar-me aos próximos campeonatos nacionais.

11 março 2009

Um título possível: vergonha na cara. Outro título: obras públicas. Outro título: extenuada. Enfim, não sei o que hei-de chamar a isto.

O título deste post remete para o que sinto e para o texto que vos trago.

Hoje tomei-me de coragem (gosto deste uso do verbo) e voltei ao blogue. Isto da vergonha é terrível: quanto mais o tempo ia passando maior ela ia sendo e eu sem saber como pedir desculpa a todos os amigos pela falta de notícias neste espaço. A única coisa boa é que a razão da ausência é o muito trabalho. O resto está bem (não contando com as mazelas próprias da idade, claro).

Andava eu à procura de qualquer coisa para escrever dia 8 e peguei em Plutarco, n' A Coragem das Mulheres. Encontrei aí, a propósito de uma outra heroína, a referência a uma mulher discreta e sem nome que, com uma frase inteligente, levou os homens da sua terra a terem vergonha na cara e a fazerem frente a um déspota que, tendo começado por lhe agradar, acabou por humilhar o povo que o tinha eleito.

Deixo-vos com Plutarco, que conta melhor a história que eu:

o tirano Aristodemo [governou em Cumas, na Itália, à volta de 502-492], de quem alguns, devido à sua alcunha de «Brando», pensam que de facto o era, mas desconhecem a verdade. (...) Nesta campanha militar [contra os Etruscos], que durou muito tempo, ele cedeu em tudo para agradar aos cidadãos que faziam parte da expedição e, mais como demagogo do que como general, persuadiu-os a juntarem-se para atacar o Senado e expulsar os melhores e mais poderosos. A partir de então tornou-se tirano, e nas injustiças para com as mulheres e jovens livres superou-se a si mesmo em perversidade. Conta-se que impunha que os jovens usassem cabeleira comprida e ornamentos de outro e que obrigava as raparigas a rapar o cabelo e a vestir trajos masculinos e roupa interior curta. (...)
Acontecia que, por aquela altura, Aristodemo abria um fosso à volta do seu território - uma obra que não era útil nem necessária - simplesmente porque desejava esgotar e extenuar os cidadãos com trabalhos e dificuldades. Com efeito, tinha sido ordenado a cada um que retirasse um determinado número de medidas de terra.
Uma certa mulher, ao ver que Aristodemo se aproximava, desviou-se do caminho e cobriu o rosto com a túnica. Quando o tirano se foi embora, os jovens riram-se dela e perguntaram-lhe, no gozo, por que razão o seu pudor a fizera evitar apenas Aristodemo, já que não tinha tal sentimento em relação aos outros homens. Mas ela respondeu com muita seriedade e disse: «Porque Aristodemo é o único homem entre todos os de Cumas».
Esta frase, dita deste modo, tocou-os a todos, e aos nobres de espírito, por vergonha, incitou-os mesmo a lutar pela liberdade.


(tradução de Maria do Céu Fialho, Paula Barata Dias e Cláudia Cravo, todas da Universidade de Coimbra e editada pela Minerva, em 2001)