30 setembro 2006
29 setembro 2006
«Crónica de uma exclusão anunciada»
Texto de Paula Barata Dias (neste artigo faz-se ainda uma análise da situação das humanidades no ensino secundário em Portugal) in Boletim de Estudos Clássicos, nº 39 (Junho 2006), pp.117-129
Há cerca de dois anos, passavam duas telenovelas à mesma hora, nas televisões nacionais de maior audiência, os Morangos com Açúcar, na TVI, série de produção nacional ainda hoje popular entre jovens, e a Malhação, novela brasileira da Globo, na SIC. As duas concorrendo no mesmo segmento de mercado, tinham um enredo semelhante: a vida familiar, afectiva e escolar de jovens de classe média, na maioria em ambiente urbano, bem vestido e saudável. Nas duas, pela mesma altura, um apontamento de conteúdo semelhante ficou-me gravado na memória: em Morangos com Açúcar, surgia uma família a tomar uma refeição à mesa. Era uma família crise, pela diferença de personalidades dos pais. O pai, um tecnocrata com a mania da perfeição e os complexos do status, levemente antiquado, e a mãe, próxima e amistosa com os filhos, atenta à actualidade e flexível, mas infeliz e submetida à tirania do marido. O pai, com um livro na mão, declama um soneto de Camões para as suas duas filhas adolescentes “Um mover dia olhos, brando e piedoso”. As suas filhas, enfadadas mas submissas, são salvas pela intervenção da mãe que acusa o pai de estar a massacrar as meninas com coisas que não interessam nada. O pai afirma a sua autoridade, dizendo que no seu tempo todos conheciam de cor alguns poemas de Camões, e que assim devia ser hoje. A mãe permite às meninas que saiam da mesa, e que vão para os seus colégios aprender o que na verdade interessava.
O poema de Camões prestou-se à caracterização de um vilão. Ora, a popularidade das novelas promove-se pela adesão à cultura e às expectativas do receptor, e este acharia natural colar a imagem meu pai execrável e de comportamento duvidoso a um poema de Camões, também ele serôdio, emergindo de Portugal que não está na moda.
Em Malhação, um jovem morre de acidente de mota ao sair de uma festa, e seus colegas e familiares homenageiam-no com cerimónias fúnebres sentidas. Um deles recita em voz alta e silêncio absoluto dos ouvintes, o poema de Pessoa “No dia em celebravam o dia dos meus anos”. Todos, respeitosamente e comovidamente, compreendem a evocação do poema na sua toada nostálgica de uma juventude inocente que, de uma maneira natural ou abrupta, como era o caso jovem acidentado, morre. A série tinha um grande sucesso entre o público juvenil brasileiro, os milhões que o compõem, mas em Portugal não resistiu à concorrência de Morangos com Açúcar.
(…)
Estes retalhos da vida dos nossos jovens ficaram-nos na memória por mostrarem o modo deplorável como, no geral, os portugueses convivem com a sua história e com a sua cultura. Todos nos comovemos quando um não português e um não lusófono dão mostras de se interessar ou apreciar algo da nossa cultura, mas constantemente desconsideramos e remetemos o nosso património cultural, histórico e literário para um conveniente silêncio.
(…)
Passaram dois anos desde a reforma curricular do ensino secundário. Muitos de nós intuíram que a mesma poderia trazer por decreto a morte de uma área de saber, associada à cumplicidade e ao silêncio de um país que, orgulhoso dos seus centos de história e fronteiras fixas, bule ao primeiro vento, julga que avança quando apenas dá saltos, adere ao superficial e recusa viver em paz com o seu património cultural.
O poema de Camões prestou-se à caracterização de um vilão. Ora, a popularidade das novelas promove-se pela adesão à cultura e às expectativas do receptor, e este acharia natural colar a imagem meu pai execrável e de comportamento duvidoso a um poema de Camões, também ele serôdio, emergindo de Portugal que não está na moda.
Em Malhação, um jovem morre de acidente de mota ao sair de uma festa, e seus colegas e familiares homenageiam-no com cerimónias fúnebres sentidas. Um deles recita em voz alta e silêncio absoluto dos ouvintes, o poema de Pessoa “No dia em celebravam o dia dos meus anos”. Todos, respeitosamente e comovidamente, compreendem a evocação do poema na sua toada nostálgica de uma juventude inocente que, de uma maneira natural ou abrupta, como era o caso jovem acidentado, morre. A série tinha um grande sucesso entre o público juvenil brasileiro, os milhões que o compõem, mas em Portugal não resistiu à concorrência de Morangos com Açúcar.
(…)
Estes retalhos da vida dos nossos jovens ficaram-nos na memória por mostrarem o modo deplorável como, no geral, os portugueses convivem com a sua história e com a sua cultura. Todos nos comovemos quando um não português e um não lusófono dão mostras de se interessar ou apreciar algo da nossa cultura, mas constantemente desconsideramos e remetemos o nosso património cultural, histórico e literário para um conveniente silêncio.
(…)
Passaram dois anos desde a reforma curricular do ensino secundário. Muitos de nós intuíram que a mesma poderia trazer por decreto a morte de uma área de saber, associada à cumplicidade e ao silêncio de um país que, orgulhoso dos seus centos de história e fronteiras fixas, bule ao primeiro vento, julga que avança quando apenas dá saltos, adere ao superficial e recusa viver em paz com o seu património cultural.
28 setembro 2006
Citar Platão...
Para todos quantos me perguntaram «Que números são aqueles no texto de Platão?», aqui vai a resposta.
Os textos da antiguidade clássica não se citam como os contemporâneos, indicando autor, título, editor, ano, página... em ordens variadas, consoante as «escolas»...
No séc. XVI, Henri Estienne, conhecido por Stephanus (forma latinizada do seu nome), organiza e edita a obra completa de Platão, em três volumes. Cada página estava dividida em colunas, por sua vez divididas por secções, de «a» a «e». Assim, as obras de Platão são sempre citadas tendo como referência estas páginas de Stephanus e não as páginas de uma qualquer edição numa dada língua.
Se bem que a numeração portuguesa (ou noutro idioma...) possa não corresponder exactamente à grega, as edições em que podemos «confiar» são as que a apresentam, quer lateralmente, quer no meio do texto.
Há traduções portuguesas feitas a partir, principalmente, do francês, facilmente reconhecidas por não serem citáveis: sem páginas de Stephanus não se consegue situar a referência!
Os textos da antiguidade clássica não se citam como os contemporâneos, indicando autor, título, editor, ano, página... em ordens variadas, consoante as «escolas»...
No séc. XVI, Henri Estienne, conhecido por Stephanus (forma latinizada do seu nome), organiza e edita a obra completa de Platão, em três volumes. Cada página estava dividida em colunas, por sua vez divididas por secções, de «a» a «e». Assim, as obras de Platão são sempre citadas tendo como referência estas páginas de Stephanus e não as páginas de uma qualquer edição numa dada língua.
Se bem que a numeração portuguesa (ou noutro idioma...) possa não corresponder exactamente à grega, as edições em que podemos «confiar» são as que a apresentam, quer lateralmente, quer no meio do texto.
Há traduções portuguesas feitas a partir, principalmente, do francês, facilmente reconhecidas por não serem citáveis: sem páginas de Stephanus não se consegue situar a referência!
27 setembro 2006
A Lógica da Batata
298c
«-Atenção, Eutidemo!» - continuou Ctesipo. «'Não estás a atar um fio ao fio' refere o provérbio. É que estás a dizer coisas estranhas, se o teu pai é pai de todos.»
«-Mas é» - afirmou.
«-Apenas dos homens?» - perguntou Ctesipo - «Ou também dos cavalos e de todos os outros animais?»
298 d «-De todos» - respondeu.
«-E será que a mãe também é mãe?»
«-A mãe também.»
«-Por conseguinte, a tua mãe é também mãe dos ouriços do mar.»
«-E também a tua» - disse.
«-E tu, portanto, és irmão dos vitelinhos, dos cãezinhos e dos leitõezinhos.»
«-Sim, e tu também» - disse.
«-Então tens um pai cão.»
«-E tu também.»
«-Em breve irás concordar com isto, Ctesipo, se me responderes» - disse Dionisodoro. - «Diz-me pois: tens um cão?»
«-E muito feroz» -respondeu Ctesipo.
298 e «-E sem dúvida tem cachorrinhos?»
«-Que também são outros que tais.»
«-Portanto, o cão é pai deles?»
«-De certeza. Eu próprio o vi a cobrir a cadela.»
«-Ai sim? E o cão não é teu?»
«-Absolutamente.»
«-Então, ele é teu, sendo pai, de modo que o cão passa a ser teu pai e tu irmão dos cachorrinhos?»
E de novo Dionisodoro tomou rapidamente a palavra, para que Ctesipo não dissesse alguma coisa primeiro:
«-Dá-me ainda mais uma pequena resposta: bates nesse cão?»
Ctesipo riu-se e disse:
«-Sim, pelos deuses! Já que não posso bater em ti.»
«-Então bates no teu próprio pai?»
Platão, Eutidemo, Lisboa, INCM, 1999
«-Atenção, Eutidemo!» - continuou Ctesipo. «'Não estás a atar um fio ao fio' refere o provérbio. É que estás a dizer coisas estranhas, se o teu pai é pai de todos.»
«-Mas é» - afirmou.
«-Apenas dos homens?» - perguntou Ctesipo - «Ou também dos cavalos e de todos os outros animais?»
298 d «-De todos» - respondeu.
«-E será que a mãe também é mãe?»
«-A mãe também.»
«-Por conseguinte, a tua mãe é também mãe dos ouriços do mar.»
«-E também a tua» - disse.
«-E tu, portanto, és irmão dos vitelinhos, dos cãezinhos e dos leitõezinhos.»
«-Sim, e tu também» - disse.
«-Então tens um pai cão.»
«-E tu também.»
«-Em breve irás concordar com isto, Ctesipo, se me responderes» - disse Dionisodoro. - «Diz-me pois: tens um cão?»
«-E muito feroz» -respondeu Ctesipo.
298 e «-E sem dúvida tem cachorrinhos?»
«-Que também são outros que tais.»
«-Portanto, o cão é pai deles?»
«-De certeza. Eu próprio o vi a cobrir a cadela.»
«-Ai sim? E o cão não é teu?»
«-Absolutamente.»
«-Então, ele é teu, sendo pai, de modo que o cão passa a ser teu pai e tu irmão dos cachorrinhos?»
E de novo Dionisodoro tomou rapidamente a palavra, para que Ctesipo não dissesse alguma coisa primeiro:
«-Dá-me ainda mais uma pequena resposta: bates nesse cão?»
Ctesipo riu-se e disse:
«-Sim, pelos deuses! Já que não posso bater em ti.»
«-Então bates no teu próprio pai?»
Platão, Eutidemo, Lisboa, INCM, 1999
Feliz compleaños
O meu desejo é que a alegria habite sempre em tua casa; e fa-lo-á, se começar a habitar dentro de ti. (…)
A alegria de que estou falando e à qual me esforço por fazer-te aceder, essa é de natureza constante, e tanto mais dilatada, quanto mais íntima. (…)
Faz do verdadeiro bem o teu alvo, busca a alegria dentro de ti. Que significa «dentro de ti»? Significa que a felicidade se origina em ti mesmo, na melhor parte de ti mesmo.
Séneca, Cartas a Lucílio, 23
A alegria de que estou falando e à qual me esforço por fazer-te aceder, essa é de natureza constante, e tanto mais dilatada, quanto mais íntima. (…)
Faz do verdadeiro bem o teu alvo, busca a alegria dentro de ti. Que significa «dentro de ti»? Significa que a felicidade se origina em ti mesmo, na melhor parte de ti mesmo.
Séneca, Cartas a Lucílio, 23
26 setembro 2006
Rossio
O rapaz coloca uma moeda na máquina
De fotografar automática e
Entra e sai,
Entra e sai velozmente
do pequeno cubículo.
Depois espera que as fotografias estejam prontas
Olha-as longamente separa-as rasga-as
Guardando apenas uma que mostra em casa
Gritando muito excitado: Mãe, vê
Vê como eu não estou aqui!!!!!
Inédito de Pedro Vieira (1967-2005)
De fotografar automática e
Entra e sai,
Entra e sai velozmente
do pequeno cubículo.
Depois espera que as fotografias estejam prontas
Olha-as longamente separa-as rasga-as
Guardando apenas uma que mostra em casa
Gritando muito excitado: Mãe, vê
Vê como eu não estou aqui!!!!!
Inédito de Pedro Vieira (1967-2005)
Sem ponto
Muitas vezes escrevo e sou esse actor
O que chega sempre um pouco atrasado à sua própria fala.
Inédito de Pedro Vieira, 1967-2005
O que chega sempre um pouco atrasado à sua própria fala.
Inédito de Pedro Vieira, 1967-2005
25 setembro 2006
O meu Pedro
O Pedro faz parte da minha vida.
O Pedro faz parte da vida de muitos dos seus amigos.
O Pedro foi a vida da sua Mãe.
Há três dias que tenho vindo a publicar aqui poemas do Pedro.
Vou continuar a fazê-lo.
Escreveu-me ele um dia (sobre o envio de originais para editoras):
«Tudo junto faz 150 páginas, mais ou menos. Acho que chega como obra poética... Rimbaud morreu aos 38. E não penso que tenha desistido da poesia.»
Ao Pedro Luís Baltazar Vieira
Ao meu Pedro
1967-2005
O Pedro faz parte da vida de muitos dos seus amigos.
O Pedro foi a vida da sua Mãe.
Há três dias que tenho vindo a publicar aqui poemas do Pedro.
Vou continuar a fazê-lo.
Escreveu-me ele um dia (sobre o envio de originais para editoras):
«Tudo junto faz 150 páginas, mais ou menos. Acho que chega como obra poética... Rimbaud morreu aos 38. E não penso que tenha desistido da poesia.»
Ao Pedro Luís Baltazar Vieira
Ao meu Pedro
1967-2005
24 setembro 2006
Quase Apócrifo
Eu sou apenas Pedro
Um pobre pescador
Não sei o que viu em mim aquele rapaz
Com os cabelos tão longos
E a barba tão por fazer
Foi talvez uma ilusão que lhe deu
O entardecer a fazer-se em escombros
E a minha rede, de trazer luz aos ombros.
Inédito de Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)
Um pobre pescador
Não sei o que viu em mim aquele rapaz
Com os cabelos tão longos
E a barba tão por fazer
Foi talvez uma ilusão que lhe deu
O entardecer a fazer-se em escombros
E a minha rede, de trazer luz aos ombros.
Inédito de Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)
23 setembro 2006
(foi ontem, eu sei...)
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!... (Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos, 15-10-1929
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!... (Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos, 15-10-1929
S. Sebastião
A sand storm surging across the street
a rainbow at night
Mishima
a rainbow at night
Mishima
A minha morte anda cega
A minha dor é tão surda
- nem a si mesma se ouve -
mas se me trespassasses
eu seria
Até uma loja de pássaros
Ou qualquer coisa assim absurda.
Inédito de Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)
22 setembro 2006
Este
Este queria ser um verso à janela
Entre folhas para ler muito depressa
Com um olho na poesia e outro em quem passa.
Inédito de Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)
18 setembro 2006
Soluções dos enigmas e oráculos
Eis as esperadas respostas!
a) o homem. Tem duas pernas, gatinha em bebé e usa bengala na velhice. Foi este o enigma apresentado a Édipo pela Esfinge.
b) o fumo.
c) o sonho
d) o clister. Sobre os dois últimos versos, Albano Martins explica que «a cabeça do clister era de pele de cabra; a cânula, de marfim».
a) o homem. Tem duas pernas, gatinha em bebé e usa bengala na velhice. Foi este o enigma apresentado a Édipo pela Esfinge.
b) o fumo.
c) o sonho
d) o clister. Sobre os dois últimos versos, Albano Martins explica que «a cabeça do clister era de pele de cabra; a cânula, de marfim».
17 setembro 2006
Enigmas e oráculos
É sabido que os gregos gostavam de enigmas e, em situações muito concretas, foram eles a origem de grandes males. No oráculo de Delfos, a Pitonisa (ou Pítia) expressava-se de um modo ambíguo, de maneira a que raramente falhasse. Creso, rei da Lídia, terá perguntado o que aconteceria se atacasse a Pérsia. A resposta foi que um império seria destruído. Creso avançou, perdeu, e o seu império foi destruído.
Proponho aqui alguns enigmas da Antologia Palatina. A tradução é de Albano Martins.
a) - (O enigma mais famoso...)
Há no mundo um ser com dois, quatro, três pés
e que tem sempre a mesma voz. Ele é o único, de quantos
se arrastam na terra, sobem no ar e mergulham
no abismo, cuja postura muda.
b)
Sou filho branco dum pai preto. Pássaro
sem asas, voo até às nuvens do céu.
Aos bonitos olhos que encontro faço brotar lágrimas,
sem dor. Uma vez nascido, dissipo-me no ar.
c)
Quem me vê não me vê e, não me vendo, contempla-me.
Não falando, faço falar; não correndo, faço correr.
Não passo duma mentira, e digo sempre a verdade.
d) - (para nós, os dois últimos versos podem servir para distrair, mas as outras pistas ainda são válidas hoje me dia!)
Só a mim é permitido o amor com as mulheres
às claras, e a pedido dos maridos.
Só eu possuo os rapazes, os homens, os velhos,
as raparigas, diante dos parentes aflitos.
Detesto o impudor. A mão do médico
gosta que eu execute um dos trabalhos de Hércules.
Sempre pronto a salvar aqueles a quem me uno,
lutaria até com Plutão, pelos meus amantes.
Associando à cabra o elefante, o engenho dos homens
produziu um filho de couro de dente branco.
A resposta virá amanhã...
Para quem estiver com muita pressa, pode ir a antologia de Albano Martins, do mundo grego outro sol, Lisboa, Edições Asa, 2002.
16 setembro 2006
Birthday wishes
O que eu te desejo é o domínio sobre ti mesmo, é que o teu espírito, atormentado por pensamentos inconstantes, acabe por se afirmar e ganhar convicções sólidas, e se sinta contente de si mesmo; (...) O homem que consegue realizar a sua vida está, de uma vez por todas, acima de todas as contingências, está desmobilizado, é um homem livre!
Séneca, Cartas a Lucílio, 32.5.
Séneca, Cartas a Lucílio, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
Tradução de José António Segurado e Campos
15 setembro 2006
Lisístratas colombianas
Notícia da Agência Reuters:
The ‘crossed legs’ strike
Wives of Colombia gang members call sex strike against crime
BOGOTA, Colombia - They are calling it the “crossed legs” strike.
Fretting over crime and violence, girlfriends and wives of gang members in the Colombian city of Pereira have called a ban on sex to persuade their menfolk to give up the gun.
After meeting with the mayor’s office to discuss a disarmament program, a group of women decided to deny their partners their conjugal rights and recorded a song for local radio to urge others to follow their example.
“We met with the wives and girlfriends of gang members and they were worried some were not handing over their guns and that is where they came up with the idea of a vigil or a sex strike,” mayor’s office representative Julio Cesar Gomez said.
“The message they are giving them is disarm or if not then they will decide how, when, where and at what time,” he told Reuters by telephone.
(Leia aqui o resto da notícia)
The ‘crossed legs’ strike
Wives of Colombia gang members call sex strike against crime
BOGOTA, Colombia - They are calling it the “crossed legs” strike.
Fretting over crime and violence, girlfriends and wives of gang members in the Colombian city of Pereira have called a ban on sex to persuade their menfolk to give up the gun.
After meeting with the mayor’s office to discuss a disarmament program, a group of women decided to deny their partners their conjugal rights and recorded a song for local radio to urge others to follow their example.
“We met with the wives and girlfriends of gang members and they were worried some were not handing over their guns and that is where they came up with the idea of a vigil or a sex strike,” mayor’s office representative Julio Cesar Gomez said.
“The message they are giving them is disarm or if not then they will decide how, when, where and at what time,” he told Reuters by telephone.
(Leia aqui o resto da notícia)
14 setembro 2006
As primeiras críticas
Já recebi as primeiras críticas
Com «mas...»:
- Gosto, mas... devias pôr mais coisas tuas.
- Gosto, mas... está muito sério. Não se nota a tua irreverência.
- Gosto, mas... a foto não te favorece.
Sem «mas...»:
- Gosto. Está coerente.
- Gosto de blogues temáticos.
- Gosto. Fazia falta uma coisa de clássicas.
- Não percebo nada desses assuntos. Não escreves sobre outras coisas?
E agora? Mantenho um blogue temático? Ou um mais disperso, vagueante, assim mais... como eu?
Já se está mesmo a ver o que vou fazer...
... aquilo que me apetecer no momento.
Este blogue estará em permanente edição...
Foi esta liberdade que percebi na blogosfera e dela quero usufruir.
Agradeço a todos o incentivo e... fiquem por aqui!
Com «mas...»:
- Gosto, mas... devias pôr mais coisas tuas.
- Gosto, mas... está muito sério. Não se nota a tua irreverência.
- Gosto, mas... a foto não te favorece.
Sem «mas...»:
- Gosto. Está coerente.
- Gosto de blogues temáticos.
- Gosto. Fazia falta uma coisa de clássicas.
- Não percebo nada desses assuntos. Não escreves sobre outras coisas?
E agora? Mantenho um blogue temático? Ou um mais disperso, vagueante, assim mais... como eu?
Já se está mesmo a ver o que vou fazer...
... aquilo que me apetecer no momento.
Este blogue estará em permanente edição...
Foi esta liberdade que percebi na blogosfera e dela quero usufruir.
Agradeço a todos o incentivo e... fiquem por aqui!
13 setembro 2006
Os «antigos-ricos»
Quaisquer semelhanças com a realidade não são pura coincidência
«Os empréstimos assentavam na hipoteca da liberdade pessoal - como já foi dito - e a terra encontrava-se nas mãos de uma minoria.
5. Uma vez que a constituição tinha esta estrutura e a maioria das pessoas era escrava de um pequeno número, o povo sublevou-se contra os poderosos. 2. A luta foi acesa e as duas facções mantiveram-se frente a frente durante muito tempo, até que, de comum acordo, escolheram Sólon como árbitro e arconte, confiando-lhe a direcção da cidade;
(...)
6. Depois de se haver tornado senhor da situação, Sólon libertou o povo tanto no presente como para o futuro, ao proibir os empréstimos sob garantia pessoal. Além disso, promulgou leis e procedeu a um cancelamento das dívidas, fossem privadas ou públicas, medida que os Atenienses designam por seisachtheia, porque vieram a desfazer-se de um fardo.
5. Uma vez que a constituição tinha esta estrutura e a maioria das pessoas era escrava de um pequeno número, o povo sublevou-se contra os poderosos. 2. A luta foi acesa e as duas facções mantiveram-se frente a frente durante muito tempo, até que, de comum acordo, escolheram Sólon como árbitro e arconte, confiando-lhe a direcção da cidade;
(...)
6. Depois de se haver tornado senhor da situação, Sólon libertou o povo tanto no presente como para o futuro, ao proibir os empréstimos sob garantia pessoal. Além disso, promulgou leis e procedeu a um cancelamento das dívidas, fossem privadas ou públicas, medida que os Atenienses designam por seisachtheia, porque vieram a desfazer-se de um fardo.
(Aproveitadores e espertalhaços... houve sempre!)
2. Servindo-se destes factos, alguns procuram denegrir-lhe a imagem: na verdade, aconteceu que Sólon, quando se preparava para implementar a seisachtheia, referiu previamente essa intenção a alguns notáveis. Em consequência, pelo que afirmam os democratas, foi vítima de uma manobra preparada pelos amigos; segundo os que o querem caluniar, também ele tomou parte na fraude. Essas pessoas teriam contraído empréstimos a fim de adquirirem grandes extensões de terra, pelo que, pouco depois, quando se procedeu ao cancelamento das dívidas, haviam enriquecido. Segundo se diz, é daí que provêm os que, mais tarde, ficaram conhecidos por «antigos-ricos».
Aristóteles, A Constituição dos Atenienses, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. Tradução de Delfim Ferreira Leão, que ganhou, com este trabalho, o Prémio de Tradução da União Latina 2004
«O retorno aos clássicos»
Ler o texto completo em A Grande Loja do Queijo Limiano.
É um post com quase dois meses, mas gostei de ver que nós, os dos estudos clássicos, que andamos escondidos (como aqui se diz) e espalhados por faculdades que ultrapassam as portas das mencionadas (como aqui não se diz), temos público, apesar da guerra que nos é feita pelas reformas do ensino...
«classicistas de Coimbra e deLisboa, mas também do Porto, Aveiro e Braga traduziram nos últimos 25 anos Ésquilo e Sófocles, quase todo o Eurípides, muito Aristófanes, todo o Terêncio, quase toda a obra plautina, muito Cìcero, quase todos os diálogos platónicos, Aristóteles, Plutarco (é verdade faltam as obras maiores), Heródoto (está bem, falta Tucídides), Homero, Virgílio, os líricos gregos, Horácio, Marcial, Petrónio, etc., etc.. Mas essa elite- sim é uma elite e por isso os beócios querem acabar com ela -, fez mais, muito mais. Estudou a historiografia, o teatro, a filosofia moral, a poética e a retórica, a épica grega e latina; revelou muitas obras da nossa Idade Média Latina; deu a conhecer a riquíssima literatura novilatina do Portugal de Quinhentos. Foram classicistas que trouxeram de novo à luz obras de Cataldo, André de Resende, AntónioPinheiro, Damião de Góis, Aquiles Estaço, Jerónimo Osório, Inácio deMorais, Luís da Cruz, Miguel Venegas, Aires Barbosa, Diogo Pires, LopoSerrão, etc., etc. A esses classicistas se deve a história do humanismo em Portugal feita a partir dos textos e não de conjecturas mais oumenos preconceituosas.”
Resposta do «Queijo»:
É um post com quase dois meses, mas gostei de ver que nós, os dos estudos clássicos, que andamos escondidos (como aqui se diz) e espalhados por faculdades que ultrapassam as portas das mencionadas (como aqui não se diz), temos público, apesar da guerra que nos é feita pelas reformas do ensino...
«classicistas de Coimbra e deLisboa, mas também do Porto, Aveiro e Braga traduziram nos últimos 25 anos Ésquilo e Sófocles, quase todo o Eurípides, muito Aristófanes, todo o Terêncio, quase toda a obra plautina, muito Cìcero, quase todos os diálogos platónicos, Aristóteles, Plutarco (é verdade faltam as obras maiores), Heródoto (está bem, falta Tucídides), Homero, Virgílio, os líricos gregos, Horácio, Marcial, Petrónio, etc., etc.. Mas essa elite- sim é uma elite e por isso os beócios querem acabar com ela -, fez mais, muito mais. Estudou a historiografia, o teatro, a filosofia moral, a poética e a retórica, a épica grega e latina; revelou muitas obras da nossa Idade Média Latina; deu a conhecer a riquíssima literatura novilatina do Portugal de Quinhentos. Foram classicistas que trouxeram de novo à luz obras de Cataldo, André de Resende, AntónioPinheiro, Damião de Góis, Aquiles Estaço, Jerónimo Osório, Inácio deMorais, Luís da Cruz, Miguel Venegas, Aires Barbosa, Diogo Pires, LopoSerrão, etc., etc. A esses classicistas se deve a história do humanismo em Portugal feita a partir dos textos e não de conjecturas mais oumenos preconceituosas.”
Resposta do «Queijo»:
«Ora, meu caro “mabeco” ( o privilégio deste tratamento, como saberá, é aqui da Loja e tem o copywright assegurado por Vital Moreira), folgo muito em ler tudo o que conta, mas que conta pouco, no panorama mediático português.
Por isso mesmo, as referências de Maria Helena da Rocha Pereira a um grupo de classicistas de muito valor, formados pelas escolas de Coimbra e Lisboa, foram apontadas no texto em causa, embora circunscrito a uma espécie de seitas escondidas nas faculdades.
E também por isso mesmo, é que se estranha que nos jornais apareçam diletantes a escrever crónicas avulsas, quando poderíamos certamente com muito proveito e exemplo, ler artigos e textos de quem se esmerou a estudar labirintos.
Estranha-se, mas não se entranha porque a razão para tal fenómeno, foi também apontada a seguir, no meu modesto entender: quem dirige jornais, sabe de jornalismo e pouco mais. Logo, co-opta para a escrita quem lhes parece sábio…segundo a sua própria sabedoria, feita de valores e referências idiossincráticos e de mediocridade patenteada.
Como também já disse, uma das razões do nosso atraso geral pode muito bem residir nesse nicho de mercado de que ninguém fala. Aliás, quem é que nos media, levantaria essa voz?! Só um "maluco" , pela certa. Vamos lá a ver...»
Vamos lá ver...
12 setembro 2006
Catulo (poeta latino - séc. I a.C.) Carme 109
Amor feliz, vida minha, me prometes
que este nosso será entre nós e perpétuo.
Deuses poderosos, fazei que com verdade o possa prometer
e que o afirme de forma sincera e do fundo da alma,
para que possamos prolongar por toda a vida
este pacto eterno de sagrada amizade.
Odeio e Amo, Coimbra, Edições MinervaCoimbra, 2005.
Tradução de José Ribeiro Ferreira
que este nosso será entre nós e perpétuo.
Deuses poderosos, fazei que com verdade o possa prometer
e que o afirme de forma sincera e do fundo da alma,
para que possamos prolongar por toda a vida
este pacto eterno de sagrada amizade.
Odeio e Amo, Coimbra, Edições MinervaCoimbra, 2005.
Tradução de José Ribeiro Ferreira
Lírica grega arcaica, arte helenística
Elogio do prazer (fr. 1W)
O que é a vida? O que é o prazer, sem a dourada Afrodite?
Que eu morra, quando estas coisas já não me interessarem:
o amor secreto, as suaves ofertas e a cama,
que são flores da juventude sedutoras
para homens e mulheres.
Mas quando chega a dolorosa
velhice, que faz até do homem belo um homem repulsivo,
tristes preocupações sempre lhe moem os pensamentos
e já não sente prazer em contemplar a luz do sol,
mas é odiado pelos rapazes e desonrado pelas mulheres.
Assim áspera foi a velhice que o deus impôs.
Mimnermo (Séc. VII a.C.)
Tradução de Frederico Lourenço para os livros Cotovia.
Mimnermo era de Esmirna e é também daí que, séculos mais tarde, quando os escultores já mostravam a velhice e as imperfeições, nos chega esta estátua da velha bêbada...
O que é a vida? O que é o prazer, sem a dourada Afrodite?
Que eu morra, quando estas coisas já não me interessarem:
o amor secreto, as suaves ofertas e a cama,
que são flores da juventude sedutoras
para homens e mulheres.
Mas quando chega a dolorosa
velhice, que faz até do homem belo um homem repulsivo,
tristes preocupações sempre lhe moem os pensamentos
e já não sente prazer em contemplar a luz do sol,
mas é odiado pelos rapazes e desonrado pelas mulheres.
Assim áspera foi a velhice que o deus impôs.
Mimnermo (Séc. VII a.C.)
Tradução de Frederico Lourenço para os livros Cotovia.
Mimnermo era de Esmirna e é também daí que, séculos mais tarde, quando os escultores já mostravam a velhice e as imperfeições, nos chega esta estátua da velha bêbada...
11 setembro 2006
A causa destas coisas...
A causa destas coisas... é dos caminhos por onde ando...
Más companhias, é o que é!
Más companhias, é o que é!
Estando eu à procura da Carla Quevedo (trato-a assim, não por conhecê-la pessoalmente, mas pela proximidade que se cria entre leitor e «objecto» lido), que deixara de escrever no Expresso as suas crónicas que tanto me divertiam (para além de serem um excelente material para discussão nas aulas de Matrizes Culturais Europeias), encontrei-a no blogue da Bomba Inteligente. Aí descobri que a Carla não é de clássicas, mas que anda muito bem informada. Tem um blogue muito bonito e muito inteligente. É dos poucos que visito diariamente.
Ora blogue puxa blogue e este mundo começou a abrir-se.
Não gosto de tudo o que vejo e leio, mas é inegável que se encontra por aqui muita e boa leitura. E temas que nos fazem parar e pensar um pouco mais na realidade.
Para isso estão cá esses blogues todos.
Este aqui... bem... este não será muito realista... se sair a mim, então, nem se fala!
Escolhi fazer um blogue também como suporte de informação que costuma estar em sites e fi-lo por isto ser muito mais fácil de construir e actualizar.
Por pura preguiça, pode mesmo dizer-se.
Espero que resulte.
Xantipa, a senhora Sócrates...
Xantipa foi a senhora Sócrates (469-399 a.C.), a escolhida pelo filósofo para mãe dos seus filhos.
A Antiguidade não nos dá uma boa imagem desta mulher, tendo ficado conhecida pelo seu mau feitio e irascibilidade.
No entanto, encaixa-se e faz sentido na vida do Sócrates, quando nos lembramos de que foi educado como qualquer outro cidadão de Atenas, exercendo os direitos e os deveres inerentes à cidadania.
Xantipa foi mal amada pela história, mas a verdade é que permaneceu com ele até ao fim.
A sua companheira de vida.
A Antiguidade não nos dá uma boa imagem desta mulher, tendo ficado conhecida pelo seu mau feitio e irascibilidade.
No entanto, encaixa-se e faz sentido na vida do Sócrates, quando nos lembramos de que foi educado como qualquer outro cidadão de Atenas, exercendo os direitos e os deveres inerentes à cidadania.
Xantipa foi mal amada pela história, mas a verdade é que permaneceu com ele até ao fim.
A sua companheira de vida.
Para quem quiser ver uma Xantipa envolvida numa trama policial, acompanhando (ou adiantando-se a) Sócrates, percebendo desde logo a natureza de Alcibíades, pode divertir-se com esta A Senhora Sócrates. Em português ou no original francês .
O primeiro post
Aqui vai... é desta que começo um blog...
Já me vaticinaram que vai ser consultado por colegas e alunos...
Espero que sim. E não só.
Por amigos.
Por conhecidos.
Por interessados em algumas destas coisas que por aqui vão andar a navegar...
Já me vaticinaram que vai ser consultado por colegas e alunos...
Espero que sim. E não só.
Por amigos.
Por conhecidos.
Por interessados em algumas destas coisas que por aqui vão andar a navegar...
E sendo hoje o dia que é, não posso deixar colocar uma foto, um memento...
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