Fui chamada à atenção para este evento por um gentil leitor deste blogue.
A Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira personificou, durante muito tempo, as letras clássicas portuguesas, sendo acidental o ser de Coimbra. Poucos vultos serão tão conhecidos fora do «nosso mundo dos clássicos» como ela. Antes de ir para a faculdade, ainda no ensino secundário, só ainda tinha ouvido falar de dois nomes: Rebelo Gonçalves (autor do Vocabulário de Língua Portuguesa que ainda hoje consulto) e M.H. Rocha Pereira, de quem li os Estudos de História da Cultura Clássica (de capa castanha e não rosa, como as últimas edições), livros fundamentais para a compreensão do mundo antigo. Estão muito sublinhadinhos (a lápis, a lápis) e anotados, naquele papel que a Gulbenkian usa, grosso e brilhante.
Não fui sua aluna, mas todos os que o foram dizem ter sido uma experiência inesquecível.
Cruzei-me com ela algumas vezes e, quando organizei um colóquio e a convidei, recebi uma carta sua a lamentar não poder estar presente e a desejar que corresse bem (gesto delicado e simpático que não tiveram outros catedráticos que também convidara).
Desbravou caminhos, abriu um espaço para os estudos clássicos, publicou nas mais exigentes e prestigiadas editoras estrangeiras (como a alemã Teubner).
Merecedora, sem dúvida, de muitas medalhas de ouro.
A Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira personificou, durante muito tempo, as letras clássicas portuguesas, sendo acidental o ser de Coimbra. Poucos vultos serão tão conhecidos fora do «nosso mundo dos clássicos» como ela. Antes de ir para a faculdade, ainda no ensino secundário, só ainda tinha ouvido falar de dois nomes: Rebelo Gonçalves (autor do Vocabulário de Língua Portuguesa que ainda hoje consulto) e M.H. Rocha Pereira, de quem li os Estudos de História da Cultura Clássica (de capa castanha e não rosa, como as últimas edições), livros fundamentais para a compreensão do mundo antigo. Estão muito sublinhadinhos (a lápis, a lápis) e anotados, naquele papel que a Gulbenkian usa, grosso e brilhante.
Não fui sua aluna, mas todos os que o foram dizem ter sido uma experiência inesquecível.
Cruzei-me com ela algumas vezes e, quando organizei um colóquio e a convidei, recebi uma carta sua a lamentar não poder estar presente e a desejar que corresse bem (gesto delicado e simpático que não tiveram outros catedráticos que também convidara).
Desbravou caminhos, abriu um espaço para os estudos clássicos, publicou nas mais exigentes e prestigiadas editoras estrangeiras (como a alemã Teubner).
Merecedora, sem dúvida, de muitas medalhas de ouro.
8 comentários:
Também falei disto no meu sítio, e dei com o seu ;)
Não sou classicista, entenda-se.
Mas conheço razoavelmente MHRP. Uma mulher inteligente e muitíssimo arguta, a quem a idade adoçou o trato.
Um homenagem merecidíssima, com um calor especial.
Na realidade... quase tudo entronca nos clássicos (digo eu, na minha opinião de diletante ;)
Uma pessoa com a craveira intelectual, a rectidão de carácter e a dimensão humana da Doutora Maria Helena Rocha Pereira dispensaria qualquer homenagem. Mas fica bem à Cidade de Coimbra reconhecer os grandes serviços que ela prestou à Universidade e à Cidade.
«gesto delicado e simpático que não tiveram outros catedráticos que também convidara» - por isto mesmo, cara Adriana, não é «acidental o ser de Coimbra». :)
Uma merecida homenagem a uma cidadã exemplar e distinta professora da Universidade de Coimbra que deixa obra importante.
Foi minha Prof. e a disciplina de História da Cultura Clássica foi a 1ª q fiz na fac. Gostei muito. Outro dia encontrei-a bem velhinha, toda curvada, na Baixa de Coimbra.O tempom é terrível.
A Doutora MHRP era uma pessoa com uma vasta cultura clássica e que sabia ensinar. Sendo uma professora deveras exigente não deixava de ser justa. Mas não era "fera" só com os alunos. Em provas de doutoramento vi-a "encostar à parede" muitos doutorandos ilustres...
M.M.F.
A ausencia da senhora Sócrates sente-se muito.Espero que esteja bem e em ferias . Há mais vida para lá de um blogue, mas o seu blogue é um pouco de vida a mais naqueles que o frequentam assiduamente. Vide o numero de consultas, à beira de uma comemoração. Anonimamente como sempre, aqui fica o desabafo e os votos de uma feliz ausencia.
Xantipa
Eu pertenço ao grupo dos que viveram a experiência inenarrável das aulas dela.
Lembro-me que, uma vez, apresentei um trabalho sobre o modo como se sentia a presença de Aquiles na parte da Ilíada em que ele estava ausente. Alusões, referências, comparações. Lá as tinha procurado, minuciosamente, verso a verso, para depois tecer as minhas considerações. Ela tinha na frente uma folha de papel e uma caneta. De vez em quando escrevia um breve apontamento. Quando terminei, esperei o veredicto. E ouvi,toda ufana nos meus 18 anos, que estava bem. Depois,e recordo-me como se fosse hoje, olhou-me bem de frente, sorriu com um sorriso malicioso e disse-me: "Mas faltam três referências: verso tal, verso tal e verso tal."
Ainda hoje, sempre que tenho a sorte de estar com ela, volto a ter aqueles 18 anos e a sentir-me uma coisinha insignificante.
Ivone
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