25 outubro 2009

O órgão de governo da Coisa Pública


Portanto, res publica 'Coisa Pública' é a res populi 'Coisa do Povo'.
O povo não é um qualquer ajuntamento de homens congregado de qualquer maneira, mas o ajuntamento de uma multidão associada por um consenso jurídico e por uma comunidade de interesses.
E a primeira razão para se juntarem não é tanto a fraqueza quanto uma como que tendência natural dos homens para se congregarem. É que esta espécie não vive isolada e solitária (...).

Portanto, todo o povo, que é o tal ajuntamento de uma multidão, conforme referi, toda a cidade, que é a organização de um povo, toda a Coisa Pública, que, como disse, é a Coisa do Povo, devem ser regidos por um órgão de governo para serem duradouros.
Mas esse órgão de governo deve sempre reportar-se primeiramente àquela causa que originou a cidade
.
De seguida, esse órgão de governo deve ser confiado a um só, ou a um de alguns escolhidos, ou deve ser assumido pela multidão e por todos.
(...)
E qualquer destes tipos, desde que mantenha aquele vínculo que primeiro ligou os homens entre si, na sociedade de um Estado, não é perfeito em si nem, em meu entender, o melhor, mas é tolerável, e qualquer deles pode ser superior a outro.

Cícero, Tratado da República, 1.41-42.

(Tradução de Francisco de Oliveira, publicado pela Temas e Debates/Círculo de Leitores, em 2008.)

20 outubro 2009

O Maravilhosos Mundo de Mark Weinstein

(imagem daqui)

Quando «descubro» um livro ou um autor que não conhecia, encontro sempre alguém que me diz que «há séculos» os lêem e eu... fico feliz por isso.
Fico feliz por saber que aquelas páginas dão prazer a outras pessoas.
Não sei se será o caso de Mark Weinstein, mas ficarei muito contente se o puder apresentar a alguns leitores.
Esta tira pertence a uma série intitulada The Miserable World of Prometheus e está a ser publicada, além de no blogue, no jornal Athens Plus, na Grécia, onde vive o autor.
Numa entrevista, diz que ainda não existe em livro, portanto, muito menos existe tradução, deduzo...
Que pena!
Quanto a mim, fiquei fã!

15 outubro 2009

Parabéns à Universidade de Coimbra

A Universidade de Coimbra (UC) foi considerada, pelo quarto ano consecutivo, a melhor instituição de ensino superior portuguesa no "ranking" do jornal britânico "The Times".
Segundo uma nota divulgada hoje pela UC, a instituição subiu no "ranking" relativo a 2009 e, à semelhança do que se verificou no ano passado, “continua a ser a única portuguesa entre as 400 melhores universidades mundiais”
(...)

“A melhor classificação parcial obtida pela Universidade de Coimbra é, porém, na área de Artes e Humanidades, em que surge no 143.º lugar, bastante acima da única outra instituição nacional referida, a Universidade Nova de Lisboa (268.º lugar)”, adianta.

Os critérios para a elaboração do ranking publicado pelo "The Times Higher Education Supplement", bem como a tipologia das análises recolhidas, são bastante abrangentes, permitindo traçar uma perspectiva global da realidade das instituições de ensino superior no mundo. São tidos em conta a qualidade da investigação, a empregabilidade dos graduados, a internacionalização das instituições e a qualidade pedagógica dos cursos.

A classificação é obtida através da ponderação de cinco critérios: avaliação pelos pares, avaliação por empregadores, artigos científicos citados, rácio docentes/estudantes e internacionalização, adianta a nota da UC.

Ler a notícia toda aqui.

13 outubro 2009

É no que dá a busca da perfeição

(imagem daqui)

Porque desejando um certo pintor representar a beleza suprema, mandou reunir as mulheres bonitas que havia na região e, imitando de cada uma as partes mais belas, de uma os olhos, de outra o nariz, de outra as sobrancelhas e de cada uma um aspecto (pois não era possível que todas fossem bonitas em tudo), conseguiu realizar uma figura perfeita.

Dionísio de Halicarnasso, Tratado da Imitação, Livro Segundo,VIa
Edição e tradução de R.M. Rosado Fernandes.

09 outubro 2009

Vote CBS!

Isto é um apelo ao voto.

Vote em David Mares!


Vote no CBS: Cork Block Shelter!

Veja o abrigo construído em cortiça com o qual o português (de Setúbal) David Mares conseguiu ser seleccionado como um dos 10 finalistas (em 600) do Shelter Competition, concurso internacional de Design promovido pelo Museu Guggenheim de Nova Iorque.

Gosta?
Vote!

08 outubro 2009

Mimese - Era bom que fosse assim...

Conta-se que um camponês, feio de aspecto, tinha receio de se tornar pai de filhos semelhantes a ele. O mesmo medo, porém, ensinou-lhe a arte de ter filhos bonitos. Juntou imagens belas e habituou a mulher a contemplá-las. Depois, quando a ela se uniu, conseguiu gerar a beleza das imagens.
Da mesma forma, com as imitações dos discursos se gera a similitude, sempre que alguém procura rivalizar com o que parece haver de melhor em cada um dos antigos e, como que reunindo de várias nascentes um só caudal, o canaliza para a sua mente.

Dionísio de Halicarnasso, Tratado da Imitação, Livro Segundo, VI.1.
Edição e tradução de R.M. Rosado Fernandes para o INIC, decorria o ano de 1986.

06 outubro 2009

Falar estrangeiro

No meio das memórias que as arrumações trazem, lembrando os meus professores de Literatura Latina:
«Por que razão o historiador romano Fábio Pictor escrevia em grego?»
Para ser lido pelos gregos, claro.
Fábio Pictor narrava os feitos de Roma, culpava Aníbal pela Segunda Guerra Púnica e tudo isto em grego.
O mundo civilizado era grego.
Horácio bem o disse, mais tarde:

Para quem escreveria um romano em latim, a explicar os porquês das suas invasões e desejos de domínio de tudo quanto era economia florescente e próspera?

Não seria para os outros romanos, que esses não precisavam de ouvir razões (muito menos ler, que era saber de poucos).
A história escrita em grego era uma maneira de dar explicações a quem, apesar de tudo, se respeitava ou, provavelmente, se invejava a grandeza.
Será daí que veio a nossa predisposição para falar «estrangeiro» na nossa terra?