De imediato modelou com terra o ilustre Argeifonte
uma imagem de virgem casta, como vontade do Crónida.
Cinge-lhe a cintura e embeleza-a a deusa Atena de olhos garços.
As divinas Graças e a veneranda Persuasão
envolveram-lhe o colo com colares de ouro e em sua volta
as Horas de formosa cabeleira coroaram-na de flores primaveris.
Todo o tipo de adornos a seu corpo ajustou Palas Atena.
E em seu peito incutiu o mensageiro Argeifonte
mentiras, palavras sedutoras e carácter volúvel,
por vontade de Zeus tonitruante. Insuflou-lhe voz
o arauto dos deuses e deu a esta mulher o nome
de Pandora, porque todos os habitantes das mansões do Olimpo
doaram a dádiva, ruína para os homens comedores de pão.
Hesíodo, Trabalhos e Dias, 70-82. Tradução de José Ribeiro Ferreira para a INCM.
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