12 agosto 2008

outra carta de amor (das muito, muito antigas)


Caio Plínio saúda a sua Calpúrnia


É incrível o desejo que tenho de estar contigo.
Primeiro, porque te amo, depois, porque não estamos acostumados a estar separados. Daí que passe acordado grande parte das noites a pensar em ti; daí que, durante o dia, naquelas horas em que costumava visitar-te, os meus pés - como se costuma, na verdade, dizer - me conduzam para o teu quarto. Por fim, doente e triste, semelhante a um abandonado, afasto-me do quarto vazio.
O único tempo em que estou livre destes tormentos é quando sou absorvido pelos processos e pelos amigos no fórum.
Avalia como é a minha vida, na qual o descanso está no trabalho e a distracção está na infelicidade e nas preocupações.
Adeus

6 comentários:

Anónimo disse...

Bem, vou imprimir e oferecer escrito num postal ao meu marido, assim...tipo...dica LOL...
Est´muito bonito
Bjs
Ana Paula

Joaquim Moedas Duarte disse...

Como nós entendemos tão bem estas pessoas cujo coração deixou de bater há tantos anos!

Amor eterno!

Jinhos

Anónimo disse...

"Cartas de amor, quem as não tem?", pois é, julgo que quase toda a gente já escreveu uma carta de amor, se não escreveu é favor pegar em papel e caneta e começar a escrever. :-)

As cartas sempre tiveram um papel importante na minha vida, não só as de amor. Foram uma forma de expressão, de existir.

Tenho pena que se tenha perdido o hábito de escrever cartas. Não há sensação que se compare ao abrir de uma carta, ler as palavras que nos dedicaram, sentir a textura do papel entre os dedos, o perfume da tinta da esferográfica ou até mesmo o perfume de quem a nos escreveu.

Um abraço

carneiro disse...

minha querida, o percurso de la vuelta ainda não está definido. Amanhã Arraiolos e segunda Fª a junção aos outros dois, sucessivamente em Divor e algures entre Montemor e Ferreira do A. Depois, não sei em que direcção. Se calhar a do vento. Como aquele alentejano que na estrada pedia boleia a quem passava num sentido ou no outro. "Oh 'migo, afinal você quer ir para Estremoz ou para Elvas ?"
"Tanto faz, eu quero é sair daqui..."

Mas se houver oportunidade...

Oldpeyote disse...

Recomendo-te vivamente a leitura de Catulo.Aqui segue um pequeno trecho traduzido pelo saudoso Agostinho da Silva:

"Perguntas-me, Lésbia, quantos beijos me serão
suficientes e mais que suficientes.
Quantos os grãos inúmeros de areia líbica
que estão em Cirene produtora de lasarpício,
entre o oráculo ardente de Júpiter
e o sagrado sepulcro do velho Bato,
quantas as estrelas que, na noite silenciosa,
contemplam os amores furtivos dos homens
- tantos os beijos teus suficientes ao louco Catulo;
em tão grande número que os não possam contar os curiosos,
nem fazer-lhes feitiço os maldizentes."

Xantipa disse...

Oldpeyote,

Leio Catulo, sim. Já aqui coloquei alguns poemas, incluindo este, mas noutra tradução.
:)
Obrigada pela colaboração!