Fui no Sábado ver uma peça de teatro a Olhão. Encenada por Paulo Moreira e interpretada por João Evaristo, é um monólogo inspirado em textos do brasileiro Alexandre Ribondi.
O cartaz do espectáculo mostra um homem nu, o que nos remete para um tipo de história que nem todos irão ver. Ou irão enganados!
Porque a nudez aqui é a da alma... dos outros.
Veronete conta a descoberta do amor entre dois homens. Trabalhando como empregada doméstica na casa de um engenheiro, vai acompanhando a descoberta do amor entre este e o seu jardineiro. Ambos muito homens, ambos muito masculinos, bonitos... uma história muito bem contada, sem cair na vulgaridade ou na afirmação de uma qualquer sexualidade. Na verdade, a sexualidade das personagens contadas nem importa muito na história...
A sexualidade da contadora... essa tem a sua graça, pois é um travesti. Veronete chamava-se Jair e é uma mulher num corpo (que mantém) de homem. Mas gosta de se vestir de mulher e sente como tal. Aliás, o texto faz referências ao corpo da mulher como só uma se lembraria de o fazer...
A interpretação de João Evaristo é genial. Na sua modéstia, disse que tudo se devia ao Paulo Moreira: «Eu sou só o boneco. Isto é tudo ideia do Paulo».
Não querendo minorar o trabalho do encenador (antes pelo contrário: excelente!), estar uma hora em cena, interpretando um monólogo, falado com pronúncia brasileira (o que dificulta a improvisação quando há uma «branca») e não se tornando ridículo, interagindo com o público, do alto de uns tacões, ... é obra de grande actor!
Estou com vontade de voltar à Sociedade Recreativa Olhanense no próximo fim-de-semana, só para ver tudo outra vez!
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