20 março 2007

Postal publicado em simultâneo aqui e em A Taberna dos Inconformados.

Esta é a minha primeira rodada n' A Taberna dos Inconformados. Devido à pouca experiência a servir à mesa, poderei tropeçar e entornar algumas coisas, mas espero a vossa compreensão... É suposto comentar uma actualidade, coisa para mim algo difícil, pois como não tenho televisão, apenas sei o que a Antena 2 ou a Antena 1 me têm para dizer quando as sintonizo no carro, entre uma deslocação e outra. E com tão breve (e ocasional) informação, não é mesmo nada fácil.
Fui ao Público para ver se me inspirava! E, juntamente com uma notícia que ouvi esta tarde*, inspirei-me (uma pequenina inspiração, confesso...)!
Li: «Listas excedentes do Ministério da Agricultura prontas até sexta-feira». Listas excedentes? Quer dizer que o Ministério faz listas de qualquer coisa de que não precisa? Sempre me fez um pouco confusão esta forma de dar notícias...
Será que a preposição «de» entre «Listas» e «excedentes» («Listas de excedentes») ocuparia assim tanto espaço no título? Pela mesma lógica, então o título poderia ser: «Listas excedentes Ministério Agricultura prontas até sexta-feira»...
Também na Antena 1 ouvi (estou a dizer de cor, mas o que está a negrito é ipsis verbis): «Maria José Nogueira Pinto diz que Paulo Portas trouxe o PREC para o PP». Depois, passou a referida senhora a dizer: «O Dr. Paulo Portas trouxe o pior da nossa memória do PREC».
Trazer as piores memórias de uma coisa não é trazer a coisa. Até porque pode haver quem tenha boas memórias do PREC e a notícia não estaria a ser perfeitamente entendida (sendo esse o objectivo da cominicação, não é verdade? Entendermo-nos).
São coisas pequeninas, eu sei, mas são maus tratos da língua portuguesa por parte de quem tem responsabilidade de a acarinhar.
...................
E sai uma rodada por conta da casa!
E sai um Xarém!
(Pois é. Também é suposto contribuir com uma receita ou uma sugestão vinho)
Segue hoje uma receita.
Não moro (ainda) em Olhão, mas é uma das terras de que mais gosto no Algarve, onde vive gente «a sério», onde o turismo não deu (ainda) cabo de tudo, onde o mercado vende (ainda) o melhor peixe da Região.


Com um prato de xarém
E uma batatinha doce



Trago, então, para fazer jus à quadra popular, um dos pratos tradicionais do Algarve:
Xarém
Ingredientes:
1 kg de amêijoas
100 g de bacon
100 g de chouriço
150 g de presunto
1 dl de vinho bramco
150 g de farinha de milho
Sal e pimenta q.b.

Lave muito bem as amêijoas, de forma a retirar-lhes todas as impurezas que possam conter. Em seguida, coloque-as de molho em água salgada (de preferência em água do mar), durante 5 a 6 horas. Corte o bacon e o presunto em tiras finas e o chouriço em rodelas e frite-os em lume brando. Coza as amêijoas num tacho coberto de água, temperada de sal e pimenta, durante cerca de 10 minutos; escorra a água da cozedura e leve-a a um passador fino. Tire o miolo das amêijoas, coloque-as num tacho, junte o caldo da cozedura, adicione vinho e leve ao lume, deixando ferver um pouco. Retire do fogo e adicione a farinha, previamente peneirada. Leve novamente ao lume e deixe cozer, mexendo de vez em quando. Junte as carnes e sirva quente. Frequentemente o xarém (termo árabe que designa "papas de milho") é acompanhado por sardinhas assadas, torresmos e carne de porco.

in Olhão para o Cidadão.
* Comecei a escrever isto ontem à noite...

7 comentários:

Anónimo disse...

"Até porque pode haver quem tenha boas memórias do PREC"

Tá bem, menina. Aceito a tua confissão.

Carneiro

Xantipa disse...

loll
Se há quem não tenha memória alguma do PREC sou eu!
;)
Beijinhos, amigo.

Fallen Angel disse...

Eu sabia que mais dia menos dia ias parar á tasca... era apenas uma questão de tempo. ;-)

Beijos.

S.M. disse...

Ora viva, Xantipa! Agora andas p'las tabernas??? Olha que não sei se o velho Socrates apreciará...
Pois, desses problemas linguistico- existenciais também eu tenho: "A setôra não se enganou nem nada? É que ontém ouvi no Telejornal que isso não tinha nada "haver"..."
... sai uma cicuta geladinha para quem de direito!
E quando quiseres companhia para o vinho tinto... com o xarém a aconpanhar...

Anónimo disse...

Uma muito boa lembrança fazeres um (espero por mais) post sobre os erros dos ditos e dos escritos dos nossos "media".

Estou de acordo com tudo o que dizes de Olhão. Uma terra linda.

Beijinhos

Anónimo disse...

Gostei da tua primeira sugestão gastronómica. Tennho ouvido dizer que há vários tipos de xarém (é óbvio). Este parece-me ser própro do pessoal que comia do melhor que o mar e a terra davam. Normalmente, na serra, o xarém não levava carne e era de berbigão. E.. para acompanhar? Um vinhinho aqui da Quinta das Cerejeiras? Ou um Sanguinhal?

carneiro disse...

Sottal. Bem fresco.