10 maio 2008

«Transforma-se o amador na cousa amada»

Se Hefesto, o deus da forja, perguntasse aos amantes:
«Não será a isto que vocês aspiram - a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que em vez de dois, passem a ser um só. E assim vos será dado ter uma única vida enquanto viverem, como se fossem uma só pessoa; e como uma só pessoa hão-de continuar lá no Hades, depois de morrerem, levados por uma única morte.»
Este seria o desejo dos amantes, porque
«a nossa primitiva natureza assim era e nós constituíamos então um todo. Ora, é essa aspiração ao todo, essa busca incessante, que tem o nome de amor.»

Platão, Banquete, 192e-193a. Tradução de Teresa Schiappa de Azevedo para as Edições 70. Outros excertos neste blogue em vários sítios, como aqui, aqui , aqui ou aqui.

2 comentários:

Anónimo disse...

sim........! Até que uma única morte nos leve.
bjs (hp)

Gi disse...

Em vez de dois passar a ser um só... Não me parece. A não ser que o todo seja melhor que a soma das partes, porque aquilo que amo no outro é o melhor de mim mesmo, ou mesmo o que é melhor do que eu.
De resto, com essa fusão, lá se ia a companhia...