19 setembro 2008

o que torna o homem livre

Compreendes por que razão se lhes chama «estudos liberais»: porque são dignos de um homem livre. No entanto, o único estudo verdadeiramente liberal é o que torna o homem livre; e esse é o estudo - elevado, enérgico, magnânimo - da sabedoria; os outros são brincadeiras de crianças!
(...)
A divisão das sílabas, a observação dos significados, o conhecimento dos temas mitológicos, as leis e variações de versos - em que é que isto contribui para nos livrar do medo, nos libertar do desejo, nos refrear as paixões? Passemos à geometria e à música: nelas nada encontrarás que nos impeça de sentir receios ou desejos. E quem não adquirir estes conhecimentos essenciais não ganha nada em adquirir outros!

Séneca, Cartas a Lucílio, 88, 3-4. Tradução de J. A. Segurado Campos. mais por este blogue.

4 comentários:

Anónimo disse...

O conhecimento torna-nos livres. Livres para pensar, livres para falar e livres para agir.
Gostei mt deste post
Bjs
Ana Paula

CPrice disse...

"E quem não adquirir estes conhecimentos essenciais não ganha nada em adquirir outros!"

:) verdade daquelas absolutas.
Sem contradição lógica possível.

Bom fim de semana *

Rui Diniz Monteiro disse...

Adriana,
Eu sinceramente quero acreditar nisto, a fim de que a realidade possa ter algum sentido.
Mas a verdade é que começo por não conseguir deixar de pensar que o nazismo nasceu e floresceu no país talvez mais culto do mundo na altura: filosofia, música, literatura, psicologia, que bem fracas defesas se revelaram face à barbárie... vinda de dentro!
Admito, claro, que cultura não é o mesmo que sabedoria. É verdade, mas a cultura ensina-se e a sabedoria não. Portanto, que podemos fazer senão ensinar a todos a cultura e esperar que eles, por sua vez, adquiram sabedoria?... Mas, no meio de multidões de tv's, de mp3's e de computadores ligados horas e horas seguidas, é uma fraca esperança esta, não acha?
(Desculpe o pessimismo)

Xantipa disse...

Querida Ana Paula,
Obrigada pela leitura sempre dedicada.
Beijinhos
:)

Cara Once,

Às vezes só apetece citar e mais nada!
Bom fim-de-semana para si também.
:)

Caro Rui,

George Steiner fala disso num dos seus livros, i.e., que a cultura até pode refinar a barbárie.
Mas, então, estamos de acordo com Séneca que diz que esses conhecimentos (essenciais, nas suas palavras) não valem nada se não houver uma busca do saber, da sabedoria, que, essa sim, nos faria libertar das paixões e dos medos. Não nos esqueçamos que Séneca é um estóico.
:)
Mas, sabe, nem sempre concordo com Séneca e até penso que a música, por exemplo, nos pode aproximar do saber e nela pode ser encontrada sabedoria que «nos impeça de sentir receios ou desejos».
:)
Um beijinho