Conselho
Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que os outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
(Fernando Pessoa)
5 comentários:
Isso é quase uma Muralha da China...
Realmente, é bem grande a muralha da Adriana...;)
Mas o poema do Pessoa é ainda de uma maior grandeza.
Devo confessar que o seu blog é um oásis na net. Mts parabéns e continue sempre com esta boa disposição
Um beijinho
Ana Paula (sua ex aluna nº 17918 :) LOL)
Pessoa é inesgotável. Mas este poema tem algo de R. Reis ou de A. Caeiro. Posso saber de onde é, exactamente? É do ortónimo?
Não conhecia e gostei muito.
Desculpe a curiosidade...
Fique bem, bjnh
Amigo Carneiro, tens razão. Muro ou Muralha de Adriano...
;)
Cara Ana Paula,
Muito, muito obrigada pelas tão simpáticas palavras!
:)
Caro Méon,
É ortónimo e está no volume da Ática que se chama apenas Poesia. Não sei qual é a estrelinha (qual o número, quero dizer), porque estou já está encaixotado (mudo de casa dentro de dias). Mal saiba, digo-lhe.
Um beijinho
Olá1
Não se preocupe, o que me diz já basta.
Mudar de casa?
Aconteceu comigo há dois meses! Cerca de 70 caixotes de livros... roupas, trastes...
Desejo que não lhe falte a coragem!
Amizade e Alegria!
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