07 junho 2008

ser feliz: ambiguidade vocabular

De resto, se estiveres interessado em analisar ambiguidades vocabulares, verifica antes que «homem feliz» não é aquele que o vulgo entende como tal, ou seja, um homem de grandes recursos monetários;
é sim, aquele para quem todo o bem reside na própria alma, é o homem sereno, magnânimo, que pisa aos pés os interesses vulgares, que só admira no homem aquilo que faz a sua qualidade de homem, que segue as lições da natureza, se conforma com as suas leis, e vive segundo o que ela prescreve;

é o homem (...) seguro do seu pensamento, inabalável, intrépido;
é o homem a quem a força pode abalar, mas nunca desviar da sua rota; a quem a fortuna, apontando contra ele as mais duras armas com a maior violência, pode arranhar, mas nunca ferir, e mesmo assim raramente.

Séneca, Cartas a Lucílio, 45. Tradução de J.A. Segurado Campos para a Gulbenkian.

2 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Inesgotável,esta correspondência.

Mas há gente que teima em ler "O segredo"! E acham o máximo!

Obrigado.
Já tenho o seu link lá no meu quintal.

Xantipa disse...

Gosto muito de ler estas cartas de Séneca. Nem sempre concordo, mas gosto de «dialogar» com ele. E faz-me bem. Há dias em que preciso mesmo de o ler, dias em que preciso de um conselho, por exemplo, ou quando preciso que me ajudem a pensar.

Só há poucos dias percebi que havia um livro com esse novo e que era um sucesso de vendas. Vinha num jornal uma nota sobre o assunto, a propósito de uma conferência de alguém sobre o assunto. Não me atraiu nada.
:)

Também já o tenho lincado.

Um abraço