04 maio 2007

Filosofia de iogurte

(surripiei a imagem daqui)
Li recentemente na tampa de um iogurte pendurada num frigorífico (não, não era colada nem tinha íman. Era mesmo pendurada! Com molas e tudo! E um dia destes ainda falo, precisamente, da filosofia de frigorífico...) uma frase assim parecida:
«É feliz aquele que se julga feliz»
Grande verdade. Ouve-se: «Não me amas. Apenas julgas que me amas». E eu pergunto: «Qual é a diferença?»
Em relação a muitas coisas, aquilo que achamos, a nossa opinião, não equivale à realidade: se eu achar que estou macérrima e o meu peso, segundo as tabelas da organização mundial de saúde, indicar que estou obesa, aquilo que eu acho não é a realidade. Mas, em muitos casos, principalmente no que respeita a sentimentos, a opinião equivale ao ser.
Deste modo, se acho que amo, então amo.
Faz-me lembrar Protágoras, quando diz que «cada coisa é para mim do modo que a mim me parece; por outro lado, é para ti do modo que a ti te parece»*.

É assim a filosofia do iogurte.

*(Platão, Teeteto, 152a, Fundação Calouste Gulbenkian, 2005. Tradução minha)

2 comentários:

Anónimo disse...

Exactamente.

Por isso fico sempre espantada, quando vejo pessoas à espera que, os outros se considerem estupidos ou incompetentes.

Ninguém se considera estúpido ou incompetente!

Xantipa disse...

:)
lol
Exacto! A assunção da estupidez ou ignorância seria a negação dessa estupidez ou ignorância!