30 maio 2009

A FIMFA

Imperdível!
Passem pelo D. Maria II, em Lisboa, entre as 20.00 e as 21.30 (este espectáculo é servido antes de outro) e depois das 23h, e vejam, durante 5 minutos (sim, apenas 5 minutos) um lindíssimo espectáculo de sombras (o das 20.30 é diferente do das 23).
O animador é o meu amigo Paulo Ferreira, de quem já vos falei neste blogue, que vos receberá com todas as honras no seu Cyclo Théâtre.
Para mais informação, vejam aqui.

28 maio 2009

Antes de morrer...

Tenho dificuldade em responder a desafios como este...
Vivo cada dia como se fosse imortal, sabendo que posso morrer a qualquer momento. Por isso gosto de fazer planos. Por isso sei que não adianta fazer planos.

Séneca dizia que «a verdade é que por vezes continuar vivo é dar mostras de coragem!» e exortava o amigo Lucílio: «despreza a morte. Nenhum motivo de tristeza pode haver quando nos libertamos do medo de morrer
Há uns tempos atrás estava mais em sintonia com esta filosofia. Agora, não a desdenho, mas... não me apetecia morrer em breve.

Como não consigo pensar na minha morte, não sou capaz de enumerar oito coisas para fazer antes de morrer. Apenas posso dizer que me apetecia viver em plenitude com a pessoa que amo e ter tempo para a fazer tão feliz como ela me faz a mim.
E acho que isto pressupõe muito mais do que oito coisas...

(Como vês, Gi, deu-me agora para o sentimento)

Mas como imagino que se esperava uma resposta mais prosaica, acho que devo ainda acrescentar (ao 1 - viver em plenitude com a pessoa que amo; e ao 2 - ter tempo para a fazer feliz como ela a mim) um 3 - poder ter a minha mãe a viver comigo e proporcionar-lhe uma vida descansada; 4 - ler todos os livros da minha biblioteca; 5 - ensinar a quem quer aprender (gosto muito de ser professora); 6 - aprender a nadar (até porque tenho esta ideia de que poderei morrer afogada e assim excluía esta hipótese); 7 - ser avó (eu sei que não tenho filhos, mas que querem?); 8 - aprender a cantar.

Só não vou cumprir com a parte de reenviar...

27 maio 2009

Uma virgem concebeu de um deus

Este mitologema*, comum a várias culturas (veja-se o exemplo de Reia Sílvia, virgem vestal, que engravida do deus Marte e dá à luz os gémeos Rómulo e Remo, que vêm a ser os fundadores da cidade de Roma), parece que também servia de desculpa para alguns deslizes.

Na tragédia Íon, de Eurípides, quando o jovem que dá o nome à peça sabe que é filho do deus Apolo, de quem fora sacerdote toda a vida, e da princesa (agora rainha) Creúsa, ousa duvidar do seu nascimento divino:

Olha, mãe, não terás caído devido às fraquezas que acontecem às jovens num amor secreto, atribuindo depois ao deus a culpa - e procurando fugir à vergonha do meu nascimento, afirmas que me deste à luz para Febo, quando não foi de um deus que concebeste?

Trad. de Frederico Lourenço para as Edições Colibri, Lisboa, 1994.

*Kerényi explica (e explana entre as pp.3 e 5 do livro indicado abaixo) que os mitologemas são o material mítico de que são feitos os mitos, isto é, a que os mitos dão forma; são «an immemorial and traditional body of material contained in tales about gods amd god-like beings, heroic battles and journeys to the Underworld (...) - tales already known but not unamenable to further reshaping.»


Jung & C. Kerényi, The Science of Mythology, Routledge.

22 maio 2009

A sétima filha

Desde que me lembro, fui confrontada com a realidade da vida e da morte.
Sempre soube que só nasci, porque a minha irmã mais velha tinha morrido, pois não seria intenção dos meus pais terem sete filhos.
Nunca fiquei contente por os meus pais terem passado pela morte de filhos (já vão em 4), mas neste caso específico... tenho de admitir que estou contente por ter nascido.
Sei que foi muito difícil para os meus pais fazerem festas em vez de ir ao cemitério e eu agradeço-lhes por isso, por não terem tornado este dia cinzento, mas sempre um dia de festa.
Obrigada e muitos beijinhos, Mãe. Quando aí for mostro-lhe este postal.

19 maio 2009

Educação sexual: orgias e bacanais


Acho que os meus pobres Hércules estão condenados! Na página 141 e 142, do primeiro volume, não só falo de orgia, mas também de bacanais.
E até explico (traduzindo um decreto do Senado de Roma, de 186 a.C.) quais a regras de um bacanal, como esta, que indica a quantidade e a proporção de participantes:
«cinco pessoas no total, e nesse grupo de cinco não pode haver mais de dois homens nem mais de três mulheres. O número pode ser excedido por uma autorização do senado»
Se um dia os nossos parlamentares decidirem legislar...

18 maio 2009

quando a arte é a desmedida

(foto daqui, da exposição na galeria dos meus amigos Christoph Maisenbacher e Paula de Lemos-Maisenbacher)

Tenho um anãozinho destes, de Ottmar Hörl.

Tenho uma flor de plástico e pano numa jarra lindíssima de design contemporâneo.
Tenho um casaco espampanante, com bordados coloridos (azul turquesa, laranja, rosa, amarelo, vermelho)...
Sempre gostei de kitsch, dizia eu.

Na sexta e no sábado, a questão do kitsch levantou-se em dois momentos diferentes e eu expliquei, a quem me perguntou, que achava que o kitsch era uma opção estética, uma intencionalidade de um uso de um elemento que, entre iguais, seria piroso ou foleiro, mas que descontextualizado e com essa intencionalidade era kitsch.

No domingo, a arrumar papéis, encontrei, por mero acaso, um artigo da minha colega (de quem não sei há tanto tempo e com quem gostava tanto de conversar) Idalina Sardinha, da Universidade da Madeira, intitulado «"kitsch" e "artesanato" na Madeira» (in Espaço-Arte, Funchal, ISAPM, nº 7, s.d., pp. 30-37)
. Muito interessante. Citando Moles, explica que o kitsch é a medida do homem quando a arte é a desmedida. Gostei. E continua Moles a dizer que o kitsch dilui a originalidade a um nível de mediania para que esta seja aceite por todos (tradução de tradução: minha do francês que está no artigo, sendo que o original é alemão).

Decidi então procurar mais informações sobre o kitsch e aqui aprendi que afinal não gosto verdadeiramente de kitsch, pois aquilo a que chamo kitsch é resultado de um uso metacomunicativo e elitista da palavra. Ufa!

16 maio 2009

obra de arte


-Eu acredito que há um sopro divino em cada criação.

- Tenho uma ideia diferente. Para mim uma obra de arte é o trabalho árduo que o artista constrói à volta de um momento de maior sensibilidade. Não acredito nessas coisas de inspirações divinas, de sopros ao ouvido.

Luís Costa Pires, Ao Teu Lado, Lisboa, Vega, 2008, p.49

Sentada na minha sala, a ver este céu de Olhão, azul, mais azul ainda por estar em contraste com o branco dos muros, penso que me vai saber bem ir a Faro na hora do chá, pelas 17.30, tomar uma chávena no Pátio@bar, enquanto converso com o escritor na apresentação do livro, no espaço da linda livraria Pátio de Letras.

12 maio 2009

Fim da semana em cheio, no Algarve

Alguns dizem-me que me disperso em actividades que não contam para o currículo académico e que me devia concentrar apenas nos cássicos greco-latinos.
Pois. Se calhar devia.
Mas eu sou assim e sou entusiasta de muitos outros saberes (foi assim que me defini neste blogue).
Sendo a minha área de formação inicial os estudos clássicos e portugueses e gostando eu de escrever, estas actividades não me dispersam e contam, efectivamente, para me darem alegrias, bons momentos, e isso é fundamental para o meu pequeno percurso de vida, que é isso mesmo que signifia curriculum vitae.

Esta semana, vou ter várias actividades: na quinta, na sexta e no sábado.
Quem estiver pela zona, apareça!

Na quinta-feira, no âmbito do clube de leitura de Loulé (que tenho a honra e o prazer de moderar), vou apresentar o livro de Luís Costa Pires, Ao teu Lado (que já aqui referi e ainda aqui voltarei a ele). Será às 21.30, na Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner.

Na sexta-feira, dia 15, vou apresentar em Faro, na Biblioteca Municipal António Ramos Rosa, o projecto «A minha primeira leitura», que um grupo de alunas da escola secundária João de Deus desenvolveu, no âmbito da disciplina Área de Projecto. Será às 18.30 e far-se-á a apresentação do livro que elas escreveram e produziram.

Na mesma sexta-feira, mas às 21.30 e em Albufeira, na Biblioteca Municipal, irei falar do livro de Inês Pedrosa Fazes-me Falta, no âmbito de um ciclo de leituras sobre a escritora.

E no sábado, dia 16, às 17.30, na Livraria Pátio de Letras, aproveitando a presença do autor, irei apresentar, de novo, o livro de Luís Costa Pires, Ao teu Lado.

09 maio 2009

livros de hetero-ajuda: os antigos dos antigos


Que tendência é esta, Lucílio, que nos desvia do rumo pretendido, que nos empurra para o ponto donde pretendemos sair? Que debate se desenrola na nossa alma e nos impede de manter uma vontade firme? Andamos à deriva entre resoluções contrárias; não conseguimos ser fiéis a uma vontade livre, absoluta, constante. Dirás tu que é prova de insensatez não ter um propósito, um interesse permanente. Mas dessa insensatez como e quando nos conseguimos libertar? Por si só, ninguém conseguirá sair do remoinho; é necessário alguém que estenda a mão e ajude a pisar terra firme.
(...)
Não se deve menosprezar alguém que se salva graça à ajuda dos outros, pois querer ser salvo não é questão de somenos importância.
(...)
Eu considero mais afortunado o homem que não teve problemas com o seu carácter, mas acho mais digno de apreço o que teve de vencer os seus defeitos naturais para alcançar a sabedoria, ou melhor, para se elevar até ela à força de pulso.
(...)

Caminhamos através de obstáculos. Lutemos, portanto, sem temer pedir o auxílio alheio. Perguntarás: «Mas a quem, a quem hei-de pedir auxílio?»
Se queres um conselho, dirige-te aos antigos, que estão disponíveis: para nos auxiliar tanto podemos recorrer aos vivos como aos mortos.

Séneca, Cartas a Lucílio, 52. Tradução de J. A. Segurado Campos e profusamente citada neste blogue.

08 maio 2009

Escola trilingue

Se divulgo aqui actividades das pessoas que não conheço, com mais prazer o faço relativamente às que conheço.
A minha amiga Eglantina Monteiro (que também foi minha colega na Universidade do Algarve) está à frente de um projecto a que chamou Escola Internacional de Castro Marim e procura educador(a) de infância e professor(a) do 1º ciclo do ensino básico para leccionar.
O Público e outros jornais noticiaram e o Jornal Regional foi mais longe, fazendo-lhe uma grande entrevista.
Quem estiver interessado (num pdf com a divulgação ou no emprego) pode mandar-lhe um mail para eicastromarim@gmail.com
É bom saber que há pessoas dinâmicas e com qualidade, como ela.

07 maio 2009

A minha amiga Ana desafiou-me a dizer quais foram as séries que deram consistência à minha vida. A consistência que deram, não sei dizer, mas com alguma coisa devem ter contribuído, já que eu ficava sentadinha a vê-las.
A que tenho na memória como mais antiga, ninguém com quem falei se lembra dela. Nem na net encontrei, pois não sei qual o título original. Chamava-se Os meus sobrinhos e só sei que gostava muito de a ver.
Outra de que ninguém se lembra mas que está na net, é o Randall e Hopkirk . O problema era que eu só me lembrava de ser Randal e algo como «Opecaique» e foi um caso sério para a descobrir. Gostava daquele detective fantasma que entrava em todo o lado e que ninguém via e era atropelado no início de casa episódio (eu era pequenina e não sabia que se chamava genérico).
Do Casei com uma Feiticeira só me lembro daquele nariz que me fascinava! Mais tarde vi alguns episódios, mas não foi a mesma coisa.
Depois, mais crescidita, gostava de ver o Espaço 1999 - admirava a Barbara Bain e o Martin Landau, nomes que decorei desde essa altura.
O gosto pela ficção científica foi alimentado por O Caminho das Estrelas. O nome do actor que fixei foi o de Leonard Nimoy, o Mr. Spock. Vi nos EUA, em 2000, um documentário intitulado Trekies e percebi que o fenómeno dos fãs da série era impressionante e que eu não passava de uma mera apreciadora ocasional.
Recordo-me de gostar de O Sinal do Dragão, com David Carradine, da qual me ficou na memória o genérico em que se via o rapaz em criança e, mais tarde, como ficara tatuado no braço o sinal do dragão. Lembro-me ainda do professor cego que lhe dava lições de moral, em forma de adágios.
Uma casa na pradaria - A família boazinha e os detestáveis meninos mimados da loja lá do sítio. Vinha muito a propósito do espírito com que eu voltava da catequese.
Os pequenos vagabundos - ainda hoje me lembro da música, apesar de não me lembrar de mais nada. Bem, agora já não é bem assim, pois quando fui procurar no google e encontrei um episódio, vi que me lembrava de muito mais do que pensara.
Gente do amanhã (desta série sabia o nome em inglês: The Tomorrow People) - lembro-me de que eram jovens e que faziam viagens no tempo (assunto que ainda hoje me fascina).
Sandokan - Gostava muito de ver as aventuras do Tigre da Malásia. No ciclo preparatório, todas adorávamos os olhos do Kabir Bedi...
MacGyver - sempre me fascinou o modo como conseguia usar coisas simples para sair de situações complicadas e fazia-me sempre pensar que devia ter aprendido coisas daquelas nas aulas de físico-química. A personagem era um pouco irritante, porque era sempre muito bonzinho e nunca tinha namoradas.
Balada de Hill Street - Não perdia um episódio. Eram todos fantásticos!
Black Adder - Delirante! Custava-me sempre o episódio em que ele morria e irritava-me ao ver como era uma pessoa horrível... mas era irrestível. Ainda hoje digo uma frase que tantas vezes ouvi do Baldrick: I have a cunning plan... (o actor, Tony Robinson, era amigo de um amigo meu inglês, infelizmente já falecido). E foi lá que conheci o Hugh Laurie. Sim, sou das que gosta do Dr. House.
Colombo - confessar que já comprei todas as séries que saíram em DVD diz qualquer coisa... A personagem era tão forte, que foi estranho ver o Peter Falk no filme de Wim Wenders, As Asas do Desejo.

Passo a quem quiser!

04 maio 2009

oximorices

Os leitores deste blogue sabem que o meu Pai me contava muitas histórias e historietas e que me recitava poemas. Também sabia muitas adivinhas, ditos engraçados e lengalengas, bem como trava-línguas e outros divertimentos linguísticos.
Aqui vai mais um, cheio de oxímoros:

Era noite e o sol brilhava por entre as trevas de um claro dia.
Um jovem ancião, sentado de pé, num banco de pau de cantaria, calado, assim dizia:
Era não era no tempo da hera, tinha o meu pai morto e minha mãe por nascer. Disseram-me que não podia ser. Pus as pernas às costas e abalei a correr.
Subi por uma escada abaixo e desci por ela acima. Lá em cima estava um pessegueiro carregado de maçãs. Colhi avelãs. Veio o dono dos marmelos e disse: «Ai, ladrão, deixa os meus figos que o meu pai tinha guardado para dar aos meus amigos!»

03 maio 2009

Chorei, pronto!

Palavra puxa palavra, canção puxa canção, começámos a ver vídeos do festival da canção de 70, depois de 69, depois da eurovisão de 72 e, de repente, nas sugestões laterais do youtube aparece o avec le temps, pela Dalida.
A Dalida... há uns tempos largos ouvi um programa do Júlio Isidro na Antena 1 em que ele lhe fazia uma homenagem. Tinha tido uma série de amores infelizes e suicidara-se.
Vamos à wikipédia. Sofreu por um amor não correspondido pelo Luigi Tenco.
Outras memórias. Sicília. Mi sono innamorato di te perché non avevo niente da fare...
Je suis malade cantado por Dalida e Serge Lama.
Não sabia que tinham cantado juntos.
E não tinham.
Já reparaste que faz anos hoje que morreu?

22 anos depois, aqui vos deixo Je suis malade:


02 maio 2009

Não foi desta...

Parece que à quarta não foi de vez e a PT voltou a faltar na segunda-feira passada e a não comparecer aqui em casa, como previamente marcado (sempre unilateralmente. Nunca me perguntam se estou ou não).
Continuo sem uma rede de jeito para ir à internet...
É por estas e por outras que não gosto de monopólios, maiorias absolutas e coisas assim.