16 outubro 2008

sem rodeios

(imagem daqui)

Quem és e donde vens? Que cidade é a tua? Quem são os teus pais?

Estou espantada por teres bebido a poção sem estar enfeitiçado.
Nenhum homem jamais resistiu a esta droga depois que a bebesse
e que ela lhe passasse a barreira dos dentes.
Mas a tua mente não pode ser enfeitiçada.
És na verdade o astuto Ulisses, que sempre me disse
aportar aqui um dia o Matador de Argos, da vara dourada,
regressando de Tróia na sua escura nau veloz.
Mas repõe a tua espada, pois iremos agora
para a nossa cama, para que nos unamos em amor
e possamos confiar um no outro.

Fala de Circe, na Odisseia, X 325-335. Tradução de Frederico Lourenço.

6 comentários:

Joaquim Moedas Duarte disse...

O mundo seria um lugar mais "hóspito" se todos usassem a assertividade de Circe...

Onde fica essa tal ilha?....

Gi disse...

Ah, óptimo! Primeiro tenta enganá-lo com a poção, e depois oferece cama a troco de confiança.
Eu gosto muito de Ulisses.

Lúcio Ferro disse...

É caso para dizer que Hermes não era nada parvo...

Boa tarde.

Xantipa disse...

Caro Méon,
Há quem diga que fica na Itália, mas não sei se fará bem em confiar assim em Circe...
:)

Querida Gi,
Foi exactamente essa simplicidade de raciocínio que achei deliciosa!
:)
Mas o astucioso Ulisses só foi depois de ter negociado muito bem a coisa!
:)

Caro Lúcio,
Hermes não era nada parvo, mas aqui fazia o que lhe mandavam.
:)

Anónimo disse...

"não sei se fará bem em confiar assim em Circe..."

Exactamente, Adriana, a minha dificuldade residiu em perceber Circe. Li o texto que aqui trouxe, segui o seu link e li a história dela. Ainda fui à wikipedia para me esclarecer. Debalde: Circe é uma pessoa que não parece boa, mas também não parece má; parece que se apaixona por Ulisses, mas depois não o tenta prender quando ele quer ir embora... e não se percebe o porquê de ela ser assim. Que personagem estranha!

Xantipa disse...

Estou a ver, Rui que terei de pôr aqui qualquer coisa,amanhã, em abono de Circe de belas tranças.
:)