08 dezembro 2006

Excessos da paixão

Perguntas-me, Lésbia, quantos beijos teus
me bastam e me parecem excessivos.
Quão grande número de grãos de areia,
na
Líbia, cobre Cirena rica em laser
entre o Oráculo de Júpiter abrasador
e o sagrado sepulcro do velho
Bato;
quantos astros, quando silencia a noite,
observam os amores furtivos dos homens;
tantos são os beijos que deves dar ao delirante
Catulo para ter que lhe baste e o satisfaça.
Tantos que nem os curiosos os possam contar
nem a língua invejosa desejar má sorte.


Catulo, Odeio e Amo, MinervaCoimbra, 2005.
Introdução, selecção e tradução de José Ribeiro Ferreira.

2 comentários:

Miguel G Reis disse...

Lindíssimo poema.

Todos os beijos são sempre poucos, quando de alguém se gosta. Há sempre um novo beijo a dar e a receber, como o renovar dos dias.

beijinhos
Miguel

:)***

Xantipa disse...

Não diria melhor!
Beijos****