Ultimamente tenho lido muitas coisas aqui me que me incomodam... ou melhor, que me desacomodam...
Esta leitura, para onde este blogue me reenviou, incomodou-me.
Incomodou-me que a autora achasse que a pele escura fosse sinal de sangue muçulmano a correr-lhe nas veias…
Incomodou-me a sua surpresa: «This made no sense whatsoever to me – could you be a prostitute and still go to heaven just because you were Catholic, like those flashy French actresses?»
??????
E incomodou-me por muitas outras razões.
Esta leitura, para onde este blogue me reenviou, incomodou-me.
Incomodou-me que a autora achasse que a pele escura fosse sinal de sangue muçulmano a correr-lhe nas veias…
Incomodou-me a sua surpresa: «This made no sense whatsoever to me – could you be a prostitute and still go to heaven just because you were Catholic, like those flashy French actresses?»
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E incomodou-me por muitas outras razões.
Porém, por deficiência profissional, fui ainda sensível ao revisionismo subjacente à associação de nomes como Faro ou Lisboa aos árabes. Todos sabemos que existem arabismos em português, quase todos substantivos… isso não faz de nós falantes da língua árabe pelos pouco mais de mil vocábulos que herdámos (falar por falar…falamos Latim!).
Como se o nome de uma coisa determinasse a sua pertença. As razões porque um nome permanece imiscuem-se na sua história, à qual não se pode retirar um pedaço e dizer «este é que conta!»
Faro, antes dos muçulmanos, teve cá os romanos, por exemplo... e antes, os cartagineses... os gregos… os fenícios… Pela leitura do depoimento até parece que foram os árabes que fundaram a cidade!
E Lisboa! Reclama que o nome vem de al-Ushbuna. Ora, antes disso, Lisboa foi chamada Olissipo pelos romanos e Alis Ubbo, pelos Fenícios (cerca de 2000 anos antes da conquista pelos árabes). Provavelmente al-Ushbuna é a forma arabizada de Alis Ubbo, nome fenício, depois de os romanos a terem «entendido» como Olissipo (não é preciso saber fonética para perceber as parecenças…)
Devido à influência que os árabes tiveram na toponomástica durante o domínio da Península, acho normalíssimo que o nome que tenha sobrevivido seja aquele que a sua administração organizada lhes deu.
Só não percebo o que é que isso prova.
Prova tanto como achar que é morena por ter sangue árabe nas veias: «I was darker than most northern Portuguese, and this was a sign of Muslim blood running through my veins».
Os sinais, vemo-los onde queremos. Mas não podemos reescrever a História. Ou deveremos todos falar fenício… e adorar El, Baal, Moloc, Tanit…
9 comentários:
A miudita esqueceu-se que os judeus também estiveram cá, por isso se calhar é escurita por ter sangue judeu... a sionista!!!
Boa observação...
Cumprimentos
Eu acho que é a filha do carvoeiro, assim... mal lavada.
Ah!... Aqui há exame prévio. Isto lembra-me qualquer coisa dos tempos da outra senhora.
E eu que gosto tanto de transgressões!...
Meu caríssimo Contador de Gaivotas,
Como podes ver, um anónimo deixou um «?» e eu publiquei.
A moderação serve para impedir coisas que tenho visto noutros lados, a publicitarem «blogues» que não me interessam.
Podes transgredir à vontade que serás publicado!
A Thoth,
Obrigada pelos cumprimentos.
Fui visitar o seu blogue e tem lá um artigo sobre Platão que me interessou... No «Górgias» também há por lá coisas do mesmo teor...
Cara Adriana,
Passando por cima da toponimia e mesmo da linguagem (seria interessante verificar num dicionário a quantidade de palavras derivadas do árabe que existem no português), a mais forte herança cultural de toda a Península Ibérica é mesmo a árabe. A sua presença aqui foi a mais influente (basta o levantamento arquitectónico para o provar, mas não só) e se é certo que descendemos de gente que por aqui andou muito tempo antes dos árabes, também é certo que foi a cultura que mais recentemente e por mais tempo nos marcou de forma indelével (embora alguns esfreguem a pele até fazer sangue para ver se desaparece - mas não; como tantos outras marcas culturais de povos que habitaram esta península, está no nosso sangue).
No que toca a sermos "Europa", não apenas laica de ascendente cristão, mas desde que os árabes deixaram o al-Andalus, que foi em 1492, com a queda de Granada, passaram pouco mais de cinco séculos. Ainda nos faltam três séculos para igualarmos o espaço cultural de oitocentos anos de presença árabe na Ibéria.
Não acha que é mais do que suficiente para que todos nós tenhamos sangue árabe nas veias?
Um abraço,
RS
Quanto ao texto da Maria João e ao seu patético apelo à conversão ao islamismo na Peninsula Ibérica, penso que disseste tudo.
Acrescento apenas, da minha parte (e por imaginar que não conheces bem A Sombra), que abomino os detentores da verdade - TODOS.
Converter alguém a uma determinada fé é o mesmo que o obrigar a ser democrata. Há valores que são impossíveis de incutir desta forma. Têm de ser procurados livremente por cada um.
Abraço renovado,
RS
Estou de acordo com RS. O Alentejo que o diga, das casas até às gentes.
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