09 dezembro 2006

Poema dos beijos

Gozemos, Lésbia minha, a vida e o amor.
O murmúrio dos anciãos, severos por demais,
tenhamo-lo na conta de um vintém apenas.
Morram os raios do sol e podem nascer,
mas, para nós, quando se apaga a breve luz,
espera-nos o sono de uma noite eterna...
Dá-me mil beijos, em seguida um cento,
depois outros mil, depois outra vez cem,
mais outros mil ainda, ainda mais cem.
Depois... já completados muitos milhares,
misturemos tudo, para lhes perder a conta,
- ou nenhum malvado, possa sentir inveja,
ao saber que tantos foram os beijos entre nós.


Catulo, Odeio e Amo, MinervaCoimbra, 2005. Introdução, selecção e tradução de José Ribeiro Ferreira.

Imagem:www.tidningen-boken.com
Marcus Perennius, Gliptoteca de Copenhaga

3 comentários:

A Lei da Rolha disse...

Gostei do que vi e ouvi...prometo voltar!
bfs

Miguel G Reis disse...

Lindo sem fim...

Beijinhos!
:)***
:=

Anónimo disse...

Lindíssimo. E o cuidado que havia com a inveja! Hoje em dia não pensamos nela e nunca houve tanta como agora, digo eu.
Beijinhos e bom fim de semana.