24 outubro 2006

A Lume

Eu trabalho para uma Luz
Höderlin
Eu sei exactamente onde me tocaria
O deus em que não creio com os seus dedos
Ardentes: na língua
Abrindo-me com força a boca
Queima-me os lábios tocando
Os meus dentes doentes com a sua luz
Electrificando os pedaços de marfim enegrecido
Inundando-me de um silêncio luminoso.

Pedro Vieira, 1967-2005

3 comentários:

Anónimo disse...

Isto parece-se um bocado com os relatórios da Amnistia Internacional depois de visitarem Guantanamo... ;)

Anónimo disse...

Permite-me contradizer-te, amigo RAF. Não se vê logo que é uma feira agrónoma e que alguém está a verificar o cavalo, antes de o comprar? Abrindo com força a boca/tocando-me nos dentes...

Srª Socrates queira perdoar esta « pequena invasão ». Acredite que é em defesa do humor. E mesmo Hoderlin era um brincalhão, contrastando com o sisudo Rilke que eu, pessoalmente, prefiro

Xantipa disse...

«Quem não tem competência não se estabelece» diz o povo. E quem tem «casa» aberta tem de saber receber!
Caros Rafeiro e Voyeur, é como muito prazer que vos receberei, e ao vosso humor!
Nem eu quero que este blogue cheire a bafio!
Apesar dos meus 2500 anos, sou uma ateniense danada para a brincadeira!
Höderlin ou Rilke, todos têm lugar aqui!
Obrigada pela visita!
:)