01 outubro 2006

Sauromaquia

Negro e rosa na carne
Narciso
Pier Paolo Pasolini
Tinha no seu quarto
O rapaz com mar ao fundo sempre
Um sagrado coração no bolso interior
Do casaco e o temor
Da visão do alto lugar
Privilégio dos mortos familiares.
Acenderemos muitos fogos
Veneraremos todos os Lares
Hão-de gostar. Não te preocupes.

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A quem ao espelho a fio
Noites e noites passava
Narciso injustamente chamaram
Ao que só uma incoincidência esperava.

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Diz-me quem eu sou
Murmura-me ao Olvido
Parece que já nos desconhecemos
De qualquer outro lado


Inédito de Pedro Luís Baltazar Vieira (1967-2005)

4 comentários:

Anónimo disse...

Debater textos de alguém já falecido (recentemente) envolve pelo menos duas atitudes: a de sacralizar, pela morte, por parte de quem acha que gosta e a sensação de pisar a tumba por parte de quem acha que não gosta.

Por isso, creio bem que os teus "postes" reproduzindo os textos do Pedro estejam votados à suprema circunstância da intocabilidade: os únicos que se manifestarão apenas dirão "que sim".

Anónimo disse...

gostei muito deste blog

Xantipa disse...

Ao Carneiro:
Que te posso dizer?
O Pedro faz-me falta.
Amanhã faz um ano...
Apetece-me.
Este blogue é feito das coisas (e das pessoas) que me apetecem... e que gosto de divulgar. E tu sabes como eu gosto de coisas tão variadas!
Normalmente apetece-me a Antiguidade... e ver como está presente nos nossos dias.
Também me apetece a poesia. E o Pedro, além do meu maior (e mais antigo) amigo, é um dos meus poetas favoritos. E por isso gosto de falar dele. E que melhor maneira tenho de o fazer que através dos seus escritos?

Xantipa disse...

Obrigada ao anónimo que gostou muito do blogue.
:)