05 novembro 2006

Agora é que é: os nomes... Calírroe

Isto dos nomes próprios em Grego… que ideia tivemos!
É muito mais interessante ver os nomes – comuns – em Português e ir «beber» ao Latim e ao Grego.
Como deves imaginar, os nomes próprios, como acontece entre nós, já não tinham, naquela época, a força de significado que lhes é atribuído ainda na mitologia. Não digo que um filho muito desejado não se pudesse chamar Teodoro (theos: deus + doron, dorou: presente, prenda), mas eu hoje conheço ateus que deram ao filho o nome de Teófilo (theos: deus + philos: amigo) …
Por falar em dorondorou:, lembrei-me da conhecida Pandora (a da caixa, sim), a quem todos (pan, pantos) os deuses dotaram com uma qualidade ( dorondorou)...

Bem, falo-te então do nome Calírroe, a heroína do romance helenístico de um autor chamado Cáriton de Afrodísias (uma cidade da Cária. Tal como o famoso Leonardo, que ficou conhecido por ser da cidade de Vinci).
Kallirroe provém do adjectivo kallirroos, que significa «de belo curso», «de belas águas»: kallos (belo) + rhoos (corrente, fluxo).
Encontras kalos na palavra portuguesa caligrafia, e encontras rhoos em catarro (kata – preposição que significa «para baixo»). Quando estás com catarro, tens um fluxo, um muco, que escorre…
Este rhoos é da família do verbo rheo (escorrer) e de um outro substantivo que também significa «fluxo, corrente», que é rheuma, rheumatos. Os franceses ficaram com «rhume» e nós com o reumatismo
E reumatismo é hoje considerado não uma doença, mas o nome genérico de um grupo de doenças articulares, como a artrite, por exemplo.
Pensavam os gregos que a artrite era devido a humores, ou fluxos (rheumata), que escorriam…
Ai! As palavras são como as cerejas!

Não foi um grande tema para um postal de Domingo, eu sei, mas ficamos com o assunto resolvido, não é verdade?
(nota: tinha umas imagens para pôr, mas não consigo...)

12 comentários:

Anónimo disse...

acho os nomes horríveis, embora possam ter um significado interessante...
mas é curioso saber o que significa o nome que nos puseram.

Anónimo disse...

Sim... anseio por ter uma pequena voyeur a eclodir num útero qualquer... só para ter a suprema felicidade de lhe chamar Catarra.

Beijinhos. :-)

Xantipa disse...

Ela nunca lhe perdoaria!
Nem se lhe chamar Britomártis (em cretense «Virgem doce»), ou Rádine, ou Eurianassa, ou Pafo.
Se for um menino, Pafo dá para os dois...
Mas não se atreva a chamar-lhe isso ou Meléagro, ou Ócrimo, ou Botres ou Búfago...
;)*
Beijinhos!

Xantipa disse...

Eu sei, CN, que os nomes não nos «soam» bem, mas é uma questão de hábito...
(Se bem que os nomes com muitos «rr» - até a mim! - me magoem um pouco os ouvidos. E, às vezes, alguns esdrúxulos...)
:)

Filipe disse...

Digam o q disserem... falem dos nomes que quiserem... mas eu cá continuo a gostar do meu nome predilecto... nem mais nem menos que... Horácio Diospiro!

Anónimo disse...

Xantipa vai pelo Filipe... tive o prazer de conhecer o Horacio Diospiro e onde o gajo aparecia... parava o trânsito, a cidade e o próprio Tempo!

Xantipa disse...

E eu percebo a razão! Um herdeiro de Horácio (quer do guerreiro, quer do poeta) com o apelido de Dióspyros (Diós=de Zeus + pyrós =trigo, alimento)... só podia mesmo fazer parar o Tempo!
;)
***

Filipe disse...

E mai nada...

Anónimo disse...

Bem engraçado.
E o diospiro uma das frutas que mais gosto.

damularussa disse...

É nestas alturas que acho que ser Damula até nem é mau de todo..

Isso das palavras serem como as cerejas..bem..desde que não cuspam o caroço!

Beijocas e bom dia...quase tarde:-)

Anónimo disse...

Ó Xantipa pelo amor de Deus tu não lhe dês ideias tristes se não quem ainda chora sou eu amiga.
Vai por mim que eu é que sei e bem capaz disso era ele ;-)

Já agora aparece lá em casa que hoje senti muito a tua falta.

Um grande, grande beijinho desta tua amiga*

Anónimo disse...

Espero encontrar esta bela Calírroe navegando nas águas por onde tantas vezes me infiltro: ora santas, ora formosas, ora belas, as águas e a sua eficácia terapêutica são um fluxo (rhoos)por onde escorrem os meus dias. Frei Agostinho de Santa Maria deu-nos a conhecer, no século XVIII, centenas de lugares onde supostamente terá aparecido Nossa Senhora ..."e logo aí brotou água santa", como ele escrevia! Se soubesse grego teria acrescentado Kallos?
Certo é que pronuncio/oiço Calírroe com menos aspereza. Obrigada, Xantipa... de facto a ignorância fasta-nos das coisas boas!