Li no Retórica um post que comentava as afirmações de um capitão americano que escrevera: «A minha intenção foi dizer que esta é a realidade da guerra. Isto é o que a guerra faz a jovens normais. Isto é a tragédia da guerra. As pessoas apressam-se a criticar os fuzileiros e a demonizar estes jovens. Eu tenho pena deles. As suas vidas foram arruinadas pelas suas acções, que são julgadas por homens que nunca estiveram nessas situações».
Como não posso deixar lá o meu comentário, faço-o aqui.
Apenas um breve comentário ao seu post onde o amigo realça :«As suas vidas foram arruinadas pelas suas acções, que são julgadas por homens que nunca estiveram nessas situações».
Como concordo com as considerações que tece, atenho-me à frase do americano, que me parece falaciosa.
Se as acções só pudessem ser julgadas por quem já esteve nas mesmas situações, então teríamos de ter juízes «quase» assassinos, «quase» ladrões, «quase» violadores (digo «quase», porque teriam de ter estado quase a fazer, mas teriam «resistido»), para poderem compreender como é o impulso de matar (por raiva, ódio, desespero, etc.), de roubar (por fome, inveja, etc.), de violar (por , desrespeito, traumas, desejo, etc.) ...
Como seres humanos, estamos todos sujeitos a praticar estas acções, numa altura ou outra da nossa vida.
A guerra é um momento muito violento, é verdade. Tucídides conta-nos como, durante a praga que vitimou tantos atenienses na Guerra do Peloponeso, muitos se aproveitaram do facto de saberem que iam morrer para desrespeitarem as leis e cometerem atrocidades.
Durante as guerras que o séc. XX viveu, sabemos como se portaram alguns, que reagiram a deixar-se levar pela «loucura» que a situação lhes proporcionava.
O que quero dizer (para que este comentário não seja pouco breve) é que, apesar da guerra (e aceitando-a como legítima) tem de haver limites e saber-se distinguir uma acção fundamentada de uma acção criminosa.
Se agora me responde que estes jovens não têm formação para saber fazer essa distinção, que são lançados «às feras» sem orientação, que os chefes são os responsáveis pelas ordens que dão e os soldados apenas cumprem, etc, etc, então teremos outra conversa e eu, mais uma vez, concordarei consigo, de certeza.