Séneca, Cartas a Lucílio, 61 (sempre a mesma edição).
31 dezembro 2007
Último postal do ano - a qualidade da alma
Séneca, Cartas a Lucílio, 61 (sempre a mesma edição).
28 dezembro 2007
Quero... não quero...
Queria receber:
- a minha casa prontinha a habitar;
- muitos mimos;
- um computador que nunca desse problemas, que não necessitasse de actualizar nada e que se ligasse automaticamente à internet, da mais veloz que houvesse.
Não queria receber:
- CD's do Zé Cabra, da Ágata, do Emanuel, da Ffllorlibbella (nunca sei que consoantes é que o nome dela dobra) ...
- falsos amigos (já me bastam os linguísticos!)
- um mau livro!
Ó grandes deuses, que livreco horroroso e execrável,
que tu próprio, evidentemente,
enviaste ao teu amigo Catulo,
nas Saturnais, no melhor dia,
para que ele morresse logo nesse dia.
Catulo, Carmina XIV, vv. 12-14
26 dezembro 2007
Muitos prodígios há; porém nenhum maior do que o homem
O que aqui lhe deixo não se lhe compara, mas é com boa vontade. Uma proposta, em Português, para o seu último postal.
Muitos prodígios há; porém nenhum maior do que o homem (1).
Este, com o tempestuoso vento do Sul, avança para lá do mar cinzento
e ultrapassa as grossas vagas que rugem à sua volta.
E cansa a infatigável Terra imortal,
a mais poderosa das divindades,
revolvendo-a com a raça dos cavalos,
de um lado para o outro com as charruas, ano após ano.
O homem muito hábil, enlaça a tribo de aves de voo ligeiro,
e leva, em redes bem tecidas a raça de animais selvagens e marinhos;
domina, com invenções engenhosas,
os animais dos campos que andam no mato;
e o cavalo de longas crinas é levado pelo jugo que lhe envolve o pescoço,
tal como o indomável touro montanhês.
Aprendeu a linguagem e o pensamento ágil,
os costumes civilizados,
e, pleno de expedientes,
aprendeu a fugir do gelo
e dos ataques da chuva importuna nos lugares descobertos
e que tornam difícil a permanência ao ar livre.
Não avança no futuro sem recursos.
Apenas ao Hades não poderá fugir;
no entanto, meditou com outros o modo de escapar
a doenças para as quais não havia recurso.
O saber engenhoso da sua habilidade inesperada pende
umas vezes para o mal, outras para o bem;
ocupa um lugar cimeiro na cidade,
confundindo as leis da terra e a justiça dos deuses,
confirmada por um juramento;
é indigno de viver na cidade se o mal se associa a ele,
devido à sua audácia.
Que não se sente no meu lar quem assim for nem seja meu amigo o que pratica tais acções!
Sófocles, Antígona, vv. 332-375
(1) A tradução deste passo é minha, se bem que a versão para Português do primeiro verso pertença a Maria Helena da Rocha Pereira, na sua edição da FCG.
25 dezembro 2007
...paulo maiora canamus.
E, precisamente durante o teu consulado, Polião, chegará
a glória de uma época, e os grandes meses começarão a avançar;
Sob a tua direcção, se permanecem alguns vestígios dos nossos crimes,
anulados, libertarão as terras do terror perpétuo.
Essa criança terá a vida dos deuses e verá
os heróis misturados com as divindades e ele próprio será visto por elas
e irá governar um mundo pacificado com as virtudes do seu pai.
Vergílio, Bucólica IV, vv. 11-15
24 dezembro 2007
Sicelides Musae...
Os arvoredos e as pequenas tamargueiras não agradam a todos;
Se cantamos as florestas, que as florestas sejam dignas de um cônsul.Já está a chegar a última era da profecia de Cumas;
a grande ordem dos séculos nasce, de novo.
Já está a regressar a Virgem, regressam os reinos de Saturno,
já uma nova descendência é enviada do alto céu.
Tu, casta Lucina, favorece a criança que está quase a nascer,
Pela qual, primeiro, terminará a geração de ferro,
e surgirá em todo o mundo a era de ouro; o teu Apolo já reina.
Vergílio, Bucólica IV, vv. 1-10
Boas Festas!
Se «isto» se portar bem hoje, ainda publico um postalinho mais logo.
20 dezembro 2007
multa de respeito
19 dezembro 2007
Abaixo a censura!
16 dezembro 2007
Diana e Minerva
12 dezembro 2007
De libera voluntate
07 dezembro 2007
Kalevala - tradução do original
Depois de dizer muitas vezes "Obrigado, senhor Lönnrot, obrigado!", o Reboliço desabafa: era um grande mal agradecido, esse Lönnrot, é o que era! Quantas vezes os heróis trabalham, labutam, lutam, laboram, conseguem os feitos, só para o romântico médico lhes rematar as falas com um "Louve-se Deus." Nestes versos, o herói maior, Väinämöinen, ferido com um machado no joelho, contorce-se com dores e recebe, finalmente, a ajuda de um velho deitado ao lume:
"O velho expulsou a dor,
o sofrimento empurrou
para o meio de Kipumäki,
para o pico de Kipuvuori,
para dar a dor às pedras,
entregar à rocha a dor."
(Canto IX, vv. 523-528)
Pois não querem lá ver a resposta do herói, depois de o sangue estancar?
"Bendito sejas, ó Deus,
bendito, Criador único,
que a mim tanto ajudaste,
me trouxeste protecção
a mim nestas grandes dores,
do férreo aço a ferir!”
(Canto IX, vv. 571-576)
Assim, não dá!...
(Elias Lönnrot foi o médico que, entre 1833 e 1853, viajou pela Carélia e reuniu cantos, rezas e lengalengas populares, que haveria de publicar como cancioneiros e como a epopeia Kalevala. Nesta, compôs uma história a partir de várias camadas de histórias, passadas oralmente, de geração em geração. Um dos debates literários mais prolixos ainda hoje na Finlândia prende-se com saber em que medida o compilador foi ou não autor dos versos, isto é, terá interferido na construção das narrativas, nomeadamente no que a atitudes religiosas diz respeito. Um dado é certo: há muitos momentos de incongruências narrativas, e os versos acima dão conta de uma apenas.)
05 dezembro 2007
ΜΕΤΑΦΟΡAΣ... ΜΕΤΑΦΟΡΕΣ
04 dezembro 2007
Paciente, passos, paixão...
É seu cognato o nome paixão (passio, passionis - a paixão de Cristo, por exemplo, é a expressão do seu sofrimento) ou passos, na expressão Senhor dos Passos. Não se chama assim à imagem de Cristo que passeia ou que dá passos (pois assim seria do nome latino passus, passus), mas sim ao Cristo que sofre, dado que passus, passa, passum é o particípio passado do mesmo verbo patior.
Petição
Se estiverem de acordo, assinem.
http://www.petitiononline.com/acor1990/petition.html
30 novembro 2007
28 novembro 2007
25 novembro 2007
Aliki Kagialoglou
Mandinia, Mandinia...
Não estava nada a ver o que seria...
«Mandinia, Mandinia... Como se escreve?», perguntei, para dar tempo e disfarçar a minha ignorância.
E ele mostrou-me.
«Ah! Mantineia! Claro!!»
Vou lá agora!
24 novembro 2007
Mitos, medos, brios...
E cá a Xantipa já está triste por se aproximar o dia da partida. Também gostou muito de rever a sua velha pólis.
Amanhã vai ao Peloponeso, a Tripoli.
21 novembro 2007
Atenas, 9 anos depois
20 novembro 2007
Viagem à Grécia
19 novembro 2007
Roliça e Vimeiro
12 novembro 2007
Do amor
O amor não tem uma natureza simples, bela ou feia em si mesma: é belo, se realizado com beleza, e feio, se realizado com vileza.
Vileza é quando se concede uma afeição indigna a um homem indigno; e nobreza, quando se concede uma feição digna a um homem de bem. E por indigno entendemos justamente esse amante popular, que prefere o amor do corpo ao amor da alma, e não guarda constância porque o objecto a que se prende não é também constante [...].
Pelo contrário, aquele que ama alguém pela beleza do seu carácter, esse permanece fiel pela vida fora, porque se funde com o que é constante.
Discurso de Pausânias no Banquete de Platão. Tradução de Maria Teresa Schiappa de Azevedo para as Edições 70.
08 novembro 2007
Nem tudo o que reluz é ouro...
03 novembro 2007
máscaras...
31 outubro 2007
Amigo (2)
mas quando está longe diz mal de ti,
tal homem não é bom companheiro nem amigo,
ele que diz coisas macias com a língua, mas pensa outras coisas.
Que eu tenha como amigo quem conheça o seu
companheiro e aguente o seu feitio, ainda que difícil,
como um irmão. E tu, ó amigo, põe estas coisas
no coração e um dia no futuro te lembrarás de mim.
28 outubro 2007
Página 161, parágrafo 5º (de novo)
27 outubro 2007
Livrarias em Roma
«procura Secundo, liberto do douto Lucense,
por trás do limiar do templo da Paz e do foro de Palas.»
(Fonte: Lionel Casson. Ver aqui)
24 outubro 2007
23 outubro 2007
22 outubro 2007
Fado da dúvida (sem dúvida)
Se já não te lembras como foi
Se já esqueceste o meu amor,
O amor que dei e que tirei,
Não queria lamentar depois.
Mas uma coisa é certa, eu sei.
Não tive nunca amor maior.
E ainda vivo o que te dei,
Ainda sei quanto te amei,
Ainda desejo o teu amor.
Não tenho esperança de te ver,
Não sei amor onde andarás.
Pergunto a todo o que te vê
E nunca sei como estás.
Agora diz-me o que farei
Com a lembrança deste amor.
Diz-me tu, que não sei,
Se voltarei ou não para ti,
Se ainda quero o que sonhei.
(Texto de Pedro Ayres de Magalhães, Madredeus, 2005)
21 outubro 2007
filósofo... ministro?
18 outubro 2007
bebida e comida não chegam...
16 outubro 2007
13 outubro 2007
Parabéns, Mãe!
11 outubro 2007
10 outubro 2007
Mais vale descoser que rasgar...
09 outubro 2007
08 outubro 2007
Não ames com palavras...
se me amas e se fiel é a tua intenção.
Ama-me com mente pura, ou então rejeita-me
e odeia-me e opta pelo conflito aberto.
06 outubro 2007
Sobre um sonho que hoje tive...
«Estrangeiro, sabes bem que os sonhos são impossíveis
e confusos; nem sempre tudo se cumpre entre os homens.
São dois os portões dos sonhos destituídos de vigor:
um é feito de chifre; o outro de marfim.
Os sonhos que passam pelos portões de marfim talhado
são nocivos e trazem palavras que nunca se cumprem.
Mas os que saem cá para fora dos portões de chifre polido,
esses trazem coisas verdadeiras, quando um mortal os vê.
Homero, Odisseia XIX, 560-567. Tradução de Frederico Lourenço para a Cotovia.
05 outubro 2007
04 outubro 2007
Dois anos é muito tempo...
Hinos tardios
A BODY
This is a body disse
Em tom de aviso
E eu pensei que sabia
Da fragilidade da carne
Da força de certos medos
Fiz-me entendedor
De mil injustificados cuidados
Fazendo uso pois
Dos meus mais cuidadosos dedos
E afinal achei-me
perdido
num nunca mais acabar
de casas estreitas
Ah, no bairro do amor...
Tão labiríntico.
Ah, no baile do amor...
Animais mínimos somos sempre
E foi como insectos em nocturno ardor
que em cada botão se viram presos
de perfumes primaveris embriagados
os já ditos dedos. This is a body disse
E eu pensei que sabia
E afinal o aviso era
Só por aquilo que vestia.
Mais poemas aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e mais ligações para outros poemas.
03 outubro 2007
02 outubro 2007
Na adversidade...
01 outubro 2007
27 setembro 2007
«Disfarçar os defeitos»
«Rara é a beleza que está livre de defeito; disfarça os defeitos
e, tanto quanto puderes, esconde as mazelas do teu corpo.
Se és pequena, senta-te, para, de pé, não pareceres sentada,
e estende-te, por pequena que sejas, no teu leito;
mesmo aí, para não poderem tirar-te a medida, quando estendida,
esconde os pés, lançando-lhes por cima o manto;
a que é delgada demais, vista roupa de pano grosso
e faça cair dos ombros um manto largueirão;
a que tem uma cor desmaiada traga no corpo riscados de púrpura;
se és morena em demasia, parte em busca da ajuda de tecidos de Faros;
o pé chato deve ficar sempre resguardado dentro de sapato branco e fino,
e pernas descarnadas não devem andar sem correias;
ficam bem pequenos chumaços em ombros altos;
à volta do peito raso deve sempre passar um corpete.
Deve acompanhar de gestos curtos tudo quanto disser aquela
que possui dedos gordos e unhas sujas;
a que tem mau hálito nunca fale em jejum
e guarde senpre distância do rosto do seu homem;
se tens dentes negros ou grandes ou tortos,
enorme é o teu prejuízo quando te rires.»
26 setembro 2007
25 setembro 2007
24 setembro 2007
Contra-senso (2)
Isto, pergunto eu, não é uma loucura: para não morrer, morrer?
22 setembro 2007
Conselhos de Ovídio aos homens
muitas vezes, aquilo que, no começo, simulara ser, veio a sê-lo mesmo.
Mais ainda por isso, ó mulheres, tornai-vos fáceis àqueles que fingem!
Há-de transformar-se em amor autêntico o que era, ainda agora, simulação.
É, então, hora de cativar o coração, sorrateiramente, com palavras meigas,
tal como a água corrente galga a ladeira da margem;
Não hesites em louvar-lhe o rosto, os cabelos
e os dedos esguios do pé delicado;
dá deleite, mesmo às mais castas, o pregão da sua beleza;
as donzelas cuidam da figura e ela dá-lhe prazer.
20 setembro 2007
Viciada? Eu?
Vejam! Vejam como, afinal, não sou assim tãaaaao viciada!
51%How Addicted to Blogging Are You?
(Obrigada, André.)
Mais flores!
19 setembro 2007
Adoro flores!
18 setembro 2007
Assim, é fácil aprender Latim!
Pode estar nesse dia e a essas horas na Universidade do Algarve?
Inscreva-se no Curso Livre de Latim Elementar!
E se não quiser certificado nem que a disciplina entre no seu curriculum, nem tem de pagar nada!
Esta disciplina está pensada para ser frequentada por qualquer pessoa interessada em conhecer como funciona a língua latina. Pretende ser uma unidade que não pressupõe necessariamente uma continuação, mas que fornecerá ferramentas para quem o quiser fazer.
Assim, iremos partir precisamente da etimologia de palavras que todos conhecemos para explicar a morfologia e a sintaxe da língua.
Serão focados aspectos culturais associados à vida quotidiana, principalmente a casa e a família, dado que se pretende fazer visitas a sítios arqueológicos que contenham «villae» (ruínas romanas de Milreu e de Cerro da Vila, p. ex.) e a espaços que possam ajudar a compreender o dia-a-dia dos romanos (Lapidário do Museu Municipal de Faro, p. ex.).
O recurso à música será um complemento, facultando o conhecimento de um latim ainda mais próximo de nós (ex.: Composições de Rodrigo Leão, de Carl Orff (Carmina Burana), de Mozart (Requiem), de Vivaldi (Stabat Mater).
Os textos analisados serão originais, recorrendo quer a autores clássicos, como Plínio ou Ovídio, quer a textos decorrentes da vida de todos os dias, como grafitti, quer a textos bíblicos de conhecimento geral, por fazerem parte da cultura judaico-cristã.
Assim, é fácil aprender Latim!
Nota: pode-se organizar um «fim-de-semana clássico», com uma visita a Mérida ou a Conímbriga.
17 setembro 2007
Harrius Potter
16 setembro 2007
Diálogo sobre o livre arbítrio
15 setembro 2007
Ainda (e finalmente) sobre a Lisístrata
Pelo exposto se torna óbvio que a função do poeta não é contar o que aconteceu mas aquilo que poderia acontecer, o que é possível, de acordo com o princípio da verosimilhança e da necessidade.
(1451a37)
não é de todo necessário cingirem-se a histórias (mitos, traduz o Eudoro de Sousa) tradicionais sobre que versam, geralmente as tragédias. Preocuparem-se com isso seria ridículo, pois mesmo as histórias conhecidas são conhecidas por poucas pessoas (já na altura...) e, no entanto, agradam igualmente a todos. De tudo isto resulta evidente que o poeta deve ser um construtor de enredos mais do que de versos, uma vez que é poeta devido à imitação e imita acções. (1451b27)
A cena passa-se em Esparta e não em Atenas. A heroína é rainha desta cidade e é ela quem encabeça a luta pelos direitos das mulheres, que pretendem a igualdade entre sexos e não uma superioridade em relação aos homens. No final é estrangulada pelo marido. Bem diferente da versão de Aristófanes.
1º escravo: Ah, não! Cerefólios para cima de mim, não!
14 setembro 2007
11 setembro 2007
1 ano de Blogue
....................
Que hei-de dizer mais?
Ahã? Se a blogosfera mudou a minha vida?
Claro! Se não mudasse é que era triste. Tudo o que fazemos muda sempre alguma coisa na nossa vida... «se a alma não é pequena», claro.
E estes novos amigos, estes espaços que visito e onde leio tanta coisa interessante, têm-me feito um bem imenso.
A todos os que aqui vieram durante este ano, muito obrigada pela vossa amizade e pelo vosso estímulo!
Beijinhos!
P.S. Só publico hoje este postal, porque estive sem net uns dias...
05 setembro 2007
A minha avó Stella...
Foi, talvez, a pessoa mais marcante na minha formação como mulher.
Quando a minha irmã se casou, pensei que ia ficar com o quarto só para mim, mas a avó mudou-se e, dos meus 10 aos 19 (quando morreu), partilhámos o espaço, os sentimentos, as conversas, as leituras... A ela devo ter começado a ler Eça de Queiroz, Júlio Diniz, Erico Veríssimo, entre outros, nas longas férias de Verão dos meus 10, 11 e 12 anos. Ajudou-me a esconder «O Crime do Padre Amaro» do meu pai. E sabia que nessa altura eu lia Zola e Balzac (sem preceber metade daquelas relações), ajudando-me e explicando-me muitas coisas.
Inteligente, culta, bonita, elegante (qualquer trapinho lhe ficava bem) e muito prendada. E não era só o piano e o francês. A minha avó sabia cozinhar na perfeição e era ela que fazia os meus pijamas (gostava de calção e top de alças, modelo que não havia para crianças).
E estava sempre a cantar pela casa toda, com uma voz linda.
Cantava músicas da sua terra e ensinava-mas.
Eu, pequenina e gorducha, lá ia desafinando, baboleando-me e acompanhando a letra com os gestos que ela me ensinava, fazendo rir as visitas da casa:
«Chiquita bacana lá da Martininica
Se veste com uma casca de banana nanica»
Sempre que não sei o que fazer, sempre que me falta um conselho adulto (sim, porque muitas vezes sinto-me pequenina, deitada na cama, à espera que me venha ajeitar os lençóis e me dê seus beijinhos coloridos, tal como os sonhos: beijinhos cor-de-rosa na cara, azuis na testa, verdes no nariz...), é nela que penso.
Tenho saudades da minha avó!
03 setembro 2007
Afinal, eles também usam este «recurso»...
Ovídio, Arte de Amar, I, 657-660